Os fãs da escritora Carina Rissi esperavam muito por esse momento. Foram quase dez anos de amor e dedicação aos livros da autora e que somente nos últimos meses finalmente ganharam suas primeiras adaptações para o audiovisual, sendo as duas primeiras produções realizadas pela HBO – o filme ‘Procura-se’, estrelado por Camila Queiroz, e a série ‘No Mundo da Luna’, estrelado por Marina Moschen, sendo que ambas estrearam direto na plataforma de streaming da produtora ainda em 2022. Agora, sob a batuta da Star Original, a história mais amada da escritora paulistana por fim ganha as telonas em circuito nacional: a partir do próximo dia 13, ‘Perdida’ estreia nos cinemas brasileiros.
Sofia (Giovanna Grigio) trabalha em uma editora onde tenta emplacar uma edição crítica e atualizada de ‘Orgulho e Preconceito’, de Jane Austen, mas seus colegas pensam que as mulheres de hoje não querem romance. Frustrada por não ser ouvida, ela tenta desabafar com sua melhor amiga, Nina, que, para sua surpresa, anuncia que irá se casar e se mudar para Austrália. Sentindo-se sozinha e desacreditada do amor, Sofia acaba esbarrando em sua SaFada Madrinha (a ótima Luciana Paes), que a manda para o ano de 1830, época em que a própria Sofia acredita existir o verdadeiro amor. Presa num tempo 200 anos anterior ao seu, a jovem terá que encontrar uma forma de voltar para casa, mas não sem antes dizer às mocinhas da época que elas devem ser independentes, e, de queda, acabar balançando o coração do cobiçado Ian Clarke (Bruno Montaleone), que a resgatara quando ela ficara presa no campanário da igreja.
Inspirado na obra homônima de Carina Rissi, ‘Perdida’ entrega absolutamente tudo que os fãs tanto esperavam, com a dose certa de romance, aventura, drama e um bocadinho de fofoca – uma prática bastante comum naquela época e que perdura até hoje. O roteiro escrito por Luiza Shelling Tubaldini, Karoline Bueno, Katherine Chediak Putnam e Dean W. Law com a colaboração da própria autora consegue fazer uma excelente adaptação da obra literária sem prejudicar o desenvolvimento da trama e nem deixar de fora os principais pontos que os fãs esperavam ver na telona.
Para dar vida a uma personagem tão querida do mundo literário foi um grande acerto da produção elencar Giovanna Grigio para o papel principal. Multifacetada e com carisma de sobra, a jovem atriz que se sobressaiu na sua época de ‘Malhação – Viva a Diferença’ prova que tem total maturidade para assumir a responsabilidade não só do protagonismo de um filme, como também de dar vida a uma personagem amada por tanta gente. Soma-se a isso a ótima química que Giovanna constrói com Bruno Montaleone (que no filme demonstra aptidão com cavalos, uma vez que Ian Clarke é domador equestre), seu par romântico, que entrega romantismo, enamoraramento e corte na medida certa para fazer o público suspirar.
A megaprodução ‘Perdida’ é espantosa, seja pela qualidade do filme, seja no acerto das locações, na produção de arte, no figurino, na fotografia, na iluminação, na continuidade. Absolutamente tudo funciona no filme de Luiza Shelling Tubaldini, mesmo que, nas primeiras cenas, as falas saiam meio emboladas, causando certa dificuldade na compreensão. Apesar deste soluço na produção, nada tira o brilho de ver ‘Perdida’ na tela grande.
‘Perdida’ mostra a qualidade do cinema brasileiro e a força que o cinema de gênero tem e pode ter ainda mais, se houver investimento. Ainda que inspirado na história de Jane Austen, ‘Perdida’ é orgulhosamente um filme nacional e que encanta em todo o seu primor e requinte de produção.