domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Perfeita é a Mãe

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Recentemente, o mundo do cinema se viu diante de uma nova polêmica. A controvérsia em questão envolvia o blockbuster da Sony, Caça-Fantasmas, que navegou em meio a águas turbulentas de rejeição, creditada, em grande parte, a uma fatia do público exaltando sua misoginia. Os haters de plantão logo receberam uma resposta à altura, vinda na forma de feministas, também de plantão, que terminaram por pegar Caça-Fantasmas como uma bandeira da causa. Justo, embora nada tenha a ver com a qualidade do filme em si.

O motivo pelo qual levantei este tópico aqui nesta resenha foi simplesmente para enfatizar que se existe um filme mirado ao grande público este ano merecedor de ser uma bandeira para o feminismo, este filme é Perfeita é a Mãe. Ao contrário de Caça-Fantasmas, que pouco faz para inserir mulheres no contexto atual de um mundo moderno, Perfeita é a Mãe trabalha minuciosamente cada detalhe do dia a dia de mulheres que precisam ser mães, esposas e cidadãs modelo a fim de satisfazer os  – muito equivocados – padrões sociais.



Perfeita é a Mãe - CinePOP 2

É de dar muita alegria perceber que mesmo uma comédia escrachada como esta, que faz uso de uma censura alta, podendo assim caprichar na linguagem e conteúdo chulo, consegue arrumar tempo para desenvolver bem seus personagens, dar-lhes personalidades bem delineadas e identificáveis, além de confeccionar diálogos realísticos e criar momentos que chegam até a emocionar. São esses espaços, tão ausentes no cinemão mainstream atual, que fincam a mais insana loucura em nosso mundo, nos fazendo acreditar em qualquer extravagância. Sem eles não nos importamos com nada que seja mostrado na tela.

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Perfeita é a Mãe - CinePOP 3

Em Perfeita é a Mãe acompanhamos Amy (Mila Kunis), a típica mamãe jovem norte-americana. Ela trabalha numa empresa lidando diretamente com colegas de uma geração mais nova, inclusive seu chefe, um pseudo-hipster. Além disso, seu trabalho continua em casa, onde precisa ser mãe em tempo integral, além das tarefas do lar. O marido, papel de David Walton, reflete a geração do homem-criança, mimado e pouco prestativo, cujo trabalho em casa o permite “escapulir” da realidade em aventuras. No colégio dos filhos, a ditatorial Gwendolyn (Christina Applegate) rege a associação de pais e professores com mão de ferro, deixando pouco espaço para manobras. Tudo isso, somado a um dia verdadeiramente ruim (regido a muito splapstick – ei, isto ainda é uma comédia), serve como o empurrão que Amy precisava para dizer NÃO. Não a ser a mulher perfeita, exigido dela.

No corner de Amy alistam-se Kiki (Kristen Bell, a voz de Anna em Frozen), a introvertida conformista que irá descobrir sua voz – rendendo um dos melhores e mais satisfatórios arcos do ano no cinema, e Carla (Kathryn Hahn), a marginalizada mãe solteira que passa a maior parte do tempo satisfazendo suas próprias necessidades. Juntas, este disfuncional trio irá redefinir o termo Girl Power para os padrões 2016, não deixando pedra sobre pedra.

Perfeita é a Mãe - CinePOP 4

Um dos pontos altos de Perfeita é a Mãe é a forma como se situa no hoje, sendo completamente urgente e imediatista ao lidar com situações extremamente aplicáveis. Existem filmes que apresentam problemas ou tópicos universais, que sempre estarão lá, mas não observam as mudanças comportamentais de uma sociedade, ou seus avanços em variadas áreas. Perfeita é a Mãe obtém êxito justamente por não deixar de fora o que define o mundo atual, e quando estamos falando dos EUA, podemos dizer também se tratar do que irá ditar tendências.

Sim, existem momentos de desfiles em câmera lenta. Sim, existem momentos de slapstick e de muito humor abaixo da linha da cintura. Mas aqui a coisa funciona, criando uma ligação imediata com o público, já que anteriormente o roteiro havia estabelecido cada uma destas personagens de forma satisfatória. Ao mesmo tempo, Perfeita é a Mãe não se torna um atestado em crueldade ou displicência em relação à maternidade. Seu discurso é referente à mulher e seu papel dentro de uma família moderna. Palmas para o roteiro e direção de Scott Moore e Jon Lucas (da trilogia Se Beber, Não Case), que conseguiram em seu retrato de mulheres, serem mais inteligentes do que o dos homens. Em matéria de “garotas selvagens só querem se divertir”, Perfeita é a Mãe se torna a amostra definitiva.

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Recentemente, o mundo do cinema se viu diante de uma nova polêmica. A controvérsia em questão envolvia o blockbuster da Sony, Caça-Fantasmas, que navegou em meio a águas turbulentas de rejeição, creditada, em grande parte, a uma fatia do público exaltando sua misoginia. Os haters de plantão logo receberam uma resposta à altura, vinda na forma de feministas, também de plantão, que terminaram por pegar Caça-Fantasmas como uma bandeira da causa. Justo, embora nada tenha a ver com a qualidade do filme em si.

O motivo pelo qual levantei este tópico aqui nesta resenha foi simplesmente para enfatizar que se existe um filme mirado ao grande público este ano merecedor de ser uma bandeira para o feminismo, este filme é Perfeita é a Mãe. Ao contrário de Caça-Fantasmas, que pouco faz para inserir mulheres no contexto atual de um mundo moderno, Perfeita é a Mãe trabalha minuciosamente cada detalhe do dia a dia de mulheres que precisam ser mães, esposas e cidadãs modelo a fim de satisfazer os  – muito equivocados – padrões sociais.

Perfeita é a Mãe - CinePOP 2

É de dar muita alegria perceber que mesmo uma comédia escrachada como esta, que faz uso de uma censura alta, podendo assim caprichar na linguagem e conteúdo chulo, consegue arrumar tempo para desenvolver bem seus personagens, dar-lhes personalidades bem delineadas e identificáveis, além de confeccionar diálogos realísticos e criar momentos que chegam até a emocionar. São esses espaços, tão ausentes no cinemão mainstream atual, que fincam a mais insana loucura em nosso mundo, nos fazendo acreditar em qualquer extravagância. Sem eles não nos importamos com nada que seja mostrado na tela.

Perfeita é a Mãe - CinePOP 3

Em Perfeita é a Mãe acompanhamos Amy (Mila Kunis), a típica mamãe jovem norte-americana. Ela trabalha numa empresa lidando diretamente com colegas de uma geração mais nova, inclusive seu chefe, um pseudo-hipster. Além disso, seu trabalho continua em casa, onde precisa ser mãe em tempo integral, além das tarefas do lar. O marido, papel de David Walton, reflete a geração do homem-criança, mimado e pouco prestativo, cujo trabalho em casa o permite “escapulir” da realidade em aventuras. No colégio dos filhos, a ditatorial Gwendolyn (Christina Applegate) rege a associação de pais e professores com mão de ferro, deixando pouco espaço para manobras. Tudo isso, somado a um dia verdadeiramente ruim (regido a muito splapstick – ei, isto ainda é uma comédia), serve como o empurrão que Amy precisava para dizer NÃO. Não a ser a mulher perfeita, exigido dela.

No corner de Amy alistam-se Kiki (Kristen Bell, a voz de Anna em Frozen), a introvertida conformista que irá descobrir sua voz – rendendo um dos melhores e mais satisfatórios arcos do ano no cinema, e Carla (Kathryn Hahn), a marginalizada mãe solteira que passa a maior parte do tempo satisfazendo suas próprias necessidades. Juntas, este disfuncional trio irá redefinir o termo Girl Power para os padrões 2016, não deixando pedra sobre pedra.

Perfeita é a Mãe - CinePOP 4

Um dos pontos altos de Perfeita é a Mãe é a forma como se situa no hoje, sendo completamente urgente e imediatista ao lidar com situações extremamente aplicáveis. Existem filmes que apresentam problemas ou tópicos universais, que sempre estarão lá, mas não observam as mudanças comportamentais de uma sociedade, ou seus avanços em variadas áreas. Perfeita é a Mãe obtém êxito justamente por não deixar de fora o que define o mundo atual, e quando estamos falando dos EUA, podemos dizer também se tratar do que irá ditar tendências.

Sim, existem momentos de desfiles em câmera lenta. Sim, existem momentos de slapstick e de muito humor abaixo da linha da cintura. Mas aqui a coisa funciona, criando uma ligação imediata com o público, já que anteriormente o roteiro havia estabelecido cada uma destas personagens de forma satisfatória. Ao mesmo tempo, Perfeita é a Mãe não se torna um atestado em crueldade ou displicência em relação à maternidade. Seu discurso é referente à mulher e seu papel dentro de uma família moderna. Palmas para o roteiro e direção de Scott Moore e Jon Lucas (da trilogia Se Beber, Não Case), que conseguiram em seu retrato de mulheres, serem mais inteligentes do que o dos homens. Em matéria de “garotas selvagens só querem se divertir”, Perfeita é a Mãe se torna a amostra definitiva.

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