domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Pitanga – Pré-estreia do documentário de filha para pai no Rio de Janeiro

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por Julie Nunes

O Capoeirista Mental

Na noite da última segunda-feira, dia 3 de abril, ocorreu no Espaço Itaú em Botafogo, Rio de Janeiro, a pré- estreia do documentário Pitanga, que conta a vida do ator Antonio Pitanga – veterano com mais de 100 créditos no currículo –  dando destaque a sua importância no cinema nacional, sobretudo nos trabalhos com Glauber Rocha. A obra ressalta suas características mais marcantes, como a malemolência, através de depoimentos de amigos e da família. Com a presença de seus diretores – Camila Pitanga (filha do ator) e Beto Brant (Cão Sem Dono) – do próprio Pitanga e de uma série de convidados que se mesclavam entre a familiares e colegas como Rocco Pitanga, Jards Macalé, Regina Casé, Mariana Ximenes, entre muitos outros, o que predominou na noite foi a admiração por tal figura tão representativa.



Há quem diga que não é possível contar a mesma história de maneira igual e, quando isto é dito, muito tem relação com o fato de o modo ser outro. No caso do cinema, o modo de um filme realizado é sempre o mesmo, o que muda é o sujeito que assiste, permitindo surgir uma obra completamente diferente. Pensando sobre o modo, a forma, no caso do documentário, sofre por diversos estigmas ou pseudo normas que fazem, por vezes, que pareça se tratar de uma verdadeira doutrina, contudo, Pitanga tal como o seu objeto principal flui em campos muito mais complexos e livres.

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Dirigido por Camila Pitanga e Beto Brant, o longa se inicia com um plano de caráter ficcional que é a síntese do que está por vir, mais do que um filme sobre Pitanga, um filme com seu objeto encontrando com a própria história. A importância de Pitanga como ator na cinematografia nacional é indiscutível e o documentário faz uso de grande material oriundo dessa participação de seu personagem para exemplificar não só o seu talento ou os inúmeros papéis, mas também um estado de espírito chamado Pitanga, uma forma de viver que afirma sua própria sedução e força capazes de conquistar o espectador nos primeiros minutos de tela.

O fato da direção estar dividida por Camila, filha de Pitanga, e por Beto Brant traz contornos que garantem ao longa uma aproximação bastante heterogênea porque aqui é possível perceber as nuances da maturidade cinematográfica de Beto e a tendência de Camila para a poética representatividade. A história afetiva, a do cinema e do ator baiano o tempo todo se confundem e gozam de uma liberdade que é muito bem descrita por uma fala de Camila sobre o pai aonde ela aponta a fluidez natural como algo inerente a ele. Contudo, a obra não é completamente eficaz em suas transições e em alguns instantes o peso dessa displicência recai sobre o espectador, que apesar de se deleitar com a divertida personalidade de Pitanga, está perdido na contemplação de um momento inócuo narrativamente.

Contando com depoimentos de personalidades de destaque como Maria Bethânia, em um dos momentos mais honestos da produção Neville D’ Almeida, Tonico Pereira, Caetano Veloso, Gilberto Gil e mais tantos outros, o filme – principalmente na forma de uso das imagens de arquivo – conversa sutilmente com Cinema Novo, de Erik Rocha, mas de maneira bem menos inventiva insere os outros momentos.

Nesse aspecto, fica a impressão de que somos levados a um passeio por Pitanga, alguém de imensa complexidade, sem de fato termos acesso a algo que constantemente escapa. Existem tantos Pitangas – o ator, o pai amoroso, o sedutor, o capoeirista- e apesar de vermos o ator presente em muitos instantes, o sedutor e pai amoroso ganham um espaço significativo e por isso o longa não conclui nenhum de seus segmentos.

Mesmo que historicamente raso, Pitanga se fortalece no potencial carismático de seu personagem capaz de tornar as questões levantadas um incômodo menor perto do que é assistir a essa mistura tão apaixonante e impressionante que é Antonio Pitanga.

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Há quem diga que não é possível contar a mesma história de maneira igual e, quando isto é dito, muito tem relação com o fato de o modo ser outro. No caso do cinema, o modo de um filme realizado é sempre o mesmo, o que muda é o sujeito que assiste, permitindo surgir uma obra completamente diferente. Pensando sobre o modo, a forma, no caso do documentário, sofre por diversos estigmas ou pseudo normas que fazem, por vezes, que pareça se tratar de uma verdadeira doutrina, contudo, Pitanga tal como o seu objeto principal flui em campos muito mais complexos e livres.

Dirigido por Camila Pitanga e Beto Brant, o longa se inicia com um plano de caráter ficcional que é a síntese do que está por vir, mais do que um filme sobre Pitanga, um filme com seu objeto encontrando com a própria história. A importância de Pitanga como ator na cinematografia nacional é indiscutível e o documentário faz uso de grande material oriundo dessa participação de seu personagem para exemplificar não só o seu talento ou os inúmeros papéis, mas também um estado de espírito chamado Pitanga, uma forma de viver que afirma sua própria sedução e força capazes de conquistar o espectador nos primeiros minutos de tela.

O fato da direção estar dividida por Camila, filha de Pitanga, e por Beto Brant traz contornos que garantem ao longa uma aproximação bastante heterogênea porque aqui é possível perceber as nuances da maturidade cinematográfica de Beto e a tendência de Camila para a poética representatividade. A história afetiva, a do cinema e do ator baiano o tempo todo se confundem e gozam de uma liberdade que é muito bem descrita por uma fala de Camila sobre o pai aonde ela aponta a fluidez natural como algo inerente a ele. Contudo, a obra não é completamente eficaz em suas transições e em alguns instantes o peso dessa displicência recai sobre o espectador, que apesar de se deleitar com a divertida personalidade de Pitanga, está perdido na contemplação de um momento inócuo narrativamente.

Contando com depoimentos de personalidades de destaque como Maria Bethânia, em um dos momentos mais honestos da produção Neville D’ Almeida, Tonico Pereira, Caetano Veloso, Gilberto Gil e mais tantos outros, o filme – principalmente na forma de uso das imagens de arquivo – conversa sutilmente com Cinema Novo, de Erik Rocha, mas de maneira bem menos inventiva insere os outros momentos.

Nesse aspecto, fica a impressão de que somos levados a um passeio por Pitanga, alguém de imensa complexidade, sem de fato termos acesso a algo que constantemente escapa. Existem tantos Pitangas – o ator, o pai amoroso, o sedutor, o capoeirista- e apesar de vermos o ator presente em muitos instantes, o sedutor e pai amoroso ganham um espaço significativo e por isso o longa não conclui nenhum de seus segmentos.

Mesmo que historicamente raso, Pitanga se fortalece no potencial carismático de seu personagem capaz de tornar as questões levantadas um incômodo menor perto do que é assistir a essa mistura tão apaixonante e impressionante que é Antonio Pitanga.

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