A Polônia está com tudo na Netflix e está bem longe de parar de propagandear suas produções. Com lançamentos mensais na gigante do streaming, tudo leva a crer que o país europeu veio para ficar de vez na plataforma, e ainda entregará muito conteúdo bacana aos assinantes, em todos os gêneros. Aliás, falando nisso, é justamente na segmentação de gênero que o território do leste europeu vem se destacando, especialmente nos filmes e séries dos tipos ação e suspense, demonstrando não só maior dedicação a esse tipo de produção, como também mostrando-se atenta ao interesse do público mundial. O último grande sucesso que veio de lá estreou recentemente na Netflix intitulado ‘Plano de Aula’, que, desde sua chegada, cravou lugar cativo no Top 10 do streaming.
Damian Nowicki (Piotr Witkowski) era um policial competente que combatia o tráfico de drogas na região quando, ao desmantelar uma quadrilha, o chefão do crime assassinou sua esposa. Desolado, Damian tenta se afastar de tudo, entregando-se à bebida, e nem mesmo quando seu melhor amigo pede sua ajuda para descobrir um importante foco de venda e distribuição de entorpecentes dentro da escola onde seu filho, Kamil (Nicolas Przygoda), estuda, Damian nega ajuda. Porém, quando seu amigo acaba assassinado pelo narcotráfico e suja a reputação dele, Damian decide dar a volta por cima e se infiltrar na escola como professor de história, na intenção de descobrir exatamente o que acontece no local e dar fim, de uma vez por todas, ao tráfico de substâncias ilícitas em sala de aula. Mas o desafio será maior do que ele imagina…
Em uma hora e quarenta de duração, ‘Plano de Aula’ consegue ser acima da média dos filmes de ação, ainda que sua história seja pouco crível. A adaptação de Jan Kuznik parte claramente de uma mente fã dos filmes de lutas marciais orientais, que tanto fizeram sucesso nos anos 1970 e 80. Escrito por Daniel Bernardi, o roteiro se vale do clássico mote do policial infiltrado (como vimos em ‘Um Tira no Jardim de Infância’), mas a construção desse núcleo escolar é completamente cafona: os alunos, adultos demais, agem como se todos estivessem com o rabo preso em uma história que ninguém conhece o dono do tráfico (revelado ao fim), como se isso fosse possível em um universo de tráfico; todos os personagens masculinos, desde o protagonista ao aluno que sofre bullying, recebe sua recompensa ao final do filme ganhando a atenção de uma mulher (percepção de vida que não vamos nem comentar aqui); o tal protagonista, lobo solitário que é, consegue emprego de dar aula de história sem a menor aptidão para tal, e, na ausência de conhecimento, o roteiro decide não desenvolver essa dificuldade do personagem e, ao invés, faz Damian criar um domo de luta para ensinar aos jovens como lutar artes marciais. E por aí vai.
Tudo isso é contado em um ritmo bem lento, de modo que a história não prende. Entretanto, são as cenas de luta na mão que chamam a atenção: bem coreografadas, com movimentos sincronizados, como costumávamos ver em clássicos como ‘Duro de Matar’ e os filmes de Bruce Lee. Nesse quesito – de suma importância em filmes de ação – o diretor Daniel Marcowicz entrega um bom produto aos espectadores fãs desse tipo de produção, com cenas de luta mesmo, e, entre uma porrada e outra, sai uma fala com piadinha ruim, proferida com semblante sério. Um clássico.
Ruim no todo mas bom no que importa, ‘Plano de Aula’ é melhor do que se espera, ainda que a história não convença. E, olhando o retrospecto da Polônia na Netflix, realmente o país está prometendo entregar cada vez mais conteúdo (bom) desse gênero aos assinantes da plataforma. Pra ficar de olho.