sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Ponto Vermelho – Tensão e perseguição em novo suspense sueco da Netflix

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A Suécia é um território espremido entre a Noruega e a Finlândia, com cerca de dez milhões de habitantes e muito, muito gelo. Localizada no extremo norte da Europa, é um dos destinos mais procurados por turistas em busca da experiência inesquecível da Aurora Boreal – este fenômeno ótico fascinante que ocorre na região polar. E é também um dos países que mais tem originado escritores de thrillers nas últimas décadas, como Stieg Larsson, da série ‘Millenium’ (cujo primeiro livro virou o filme ‘Os Homens que não Amava as Mulheres’) e Camila Läckberg, com o livro ‘A Princesa de Gelo’. É nessa pegada sombria que o espectador pode selecionar para ver o longa ‘Ponto Vermelho’, novo suspense sueco na Netflix.



David (Anastasios Soulis) acaba de se formar em engenharia e pede a namorada, Nadja (Nanna Blondell) em casamento. Um ano e meio se passa e o casal perfeito agora está em crise, que piora depois de Nadja descobrir que está grávida. Para tentar salvar a relação do casal, David convida a namorada para passar um final de semana acampado num lugar remoto ao norte da Suécia, onde deveriam passar uma romântica noite ao luar observando a aurora boreal. Porém, um desentendimento com uma dupla de irmãos racistas no caminho para lá ameaça a paz do casal, e, o que era para ser um final de semana de reconciliação acaba se tornando uma verdadeira caçada.

Ponto Vermelho’ tem duas coisas muito, muito legais: a primeira delas é que traz esse cenário inóspito do gelo como um grande cenário ameaçador (e, quanto mais vemos filmes assim, mais vamos construindo essa ideia de que a imensidão branca não é tão bonitinha assim); a segunda é mostrar como é possível construir boas histórias com um orçamento baixo, com poucos atores, cenários reduzidos e se aproveitando dessa imensidão branca como principal elemento aterrorizante.

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Apesar de um início meio deslocado que passa a sensação de pressa para chegar aos “finalmentes”, o roteiro de Per Dickson e Alain Darborg se apropria bem do estilo “caça do gato ao rato”, que se potencializa com o isolamento no gelo e constrói um thriller interessante, que prende a atenção. Porém, por outro lado, é um roteiro que joga sujo com o espectador, seja porque inclui cenas de tortura ou de menção à tortura (o que é bem pesado para o espectador comum, daí a classificação de 18 anos para o longa) como também usa de artifícios que não são apresentados na trama, por isso, ficar tentando adivinhar o que vai acontecer é uma grande perda de tempo.

Ponto Vermelho’ é um thriller tenso de perseguição, que faz jus aos antecessores suecos do gênero. Porém, é como um truque de mágica: se o mágico pede para você escolher uma carta e, no final, você descobre que ele escondeu a sua carta na manga, isso é legal, faz parte da brincadeira e é mérito do bom profissional que soube embaralhar bem; porém, se no final do truque você descobre que sua carta nem sequer estava no bolo, você se sente enganado, e fica com a sensação de que o mágico foi desonesto com você.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Crítica | Ponto Vermelho – Tensão e perseguição em novo suspense sueco da Netflix

A Suécia é um território espremido entre a Noruega e a Finlândia, com cerca de dez milhões de habitantes e muito, muito gelo. Localizada no extremo norte da Europa, é um dos destinos mais procurados por turistas em busca da experiência inesquecível da Aurora Boreal – este fenômeno ótico fascinante que ocorre na região polar. E é também um dos países que mais tem originado escritores de thrillers nas últimas décadas, como Stieg Larsson, da série ‘Millenium’ (cujo primeiro livro virou o filme ‘Os Homens que não Amava as Mulheres’) e Camila Läckberg, com o livro ‘A Princesa de Gelo’. É nessa pegada sombria que o espectador pode selecionar para ver o longa ‘Ponto Vermelho’, novo suspense sueco na Netflix.

David (Anastasios Soulis) acaba de se formar em engenharia e pede a namorada, Nadja (Nanna Blondell) em casamento. Um ano e meio se passa e o casal perfeito agora está em crise, que piora depois de Nadja descobrir que está grávida. Para tentar salvar a relação do casal, David convida a namorada para passar um final de semana acampado num lugar remoto ao norte da Suécia, onde deveriam passar uma romântica noite ao luar observando a aurora boreal. Porém, um desentendimento com uma dupla de irmãos racistas no caminho para lá ameaça a paz do casal, e, o que era para ser um final de semana de reconciliação acaba se tornando uma verdadeira caçada.

Ponto Vermelho’ tem duas coisas muito, muito legais: a primeira delas é que traz esse cenário inóspito do gelo como um grande cenário ameaçador (e, quanto mais vemos filmes assim, mais vamos construindo essa ideia de que a imensidão branca não é tão bonitinha assim); a segunda é mostrar como é possível construir boas histórias com um orçamento baixo, com poucos atores, cenários reduzidos e se aproveitando dessa imensidão branca como principal elemento aterrorizante.

Apesar de um início meio deslocado que passa a sensação de pressa para chegar aos “finalmentes”, o roteiro de Per Dickson e Alain Darborg se apropria bem do estilo “caça do gato ao rato”, que se potencializa com o isolamento no gelo e constrói um thriller interessante, que prende a atenção. Porém, por outro lado, é um roteiro que joga sujo com o espectador, seja porque inclui cenas de tortura ou de menção à tortura (o que é bem pesado para o espectador comum, daí a classificação de 18 anos para o longa) como também usa de artifícios que não são apresentados na trama, por isso, ficar tentando adivinhar o que vai acontecer é uma grande perda de tempo.

Ponto Vermelho’ é um thriller tenso de perseguição, que faz jus aos antecessores suecos do gênero. Porém, é como um truque de mágica: se o mágico pede para você escolher uma carta e, no final, você descobre que ele escondeu a sua carta na manga, isso é legal, faz parte da brincadeira e é mérito do bom profissional que soube embaralhar bem; porém, se no final do truque você descobre que sua carta nem sequer estava no bolo, você se sente enganado, e fica com a sensação de que o mágico foi desonesto com você.

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