Quando o tema do vampirismo ressurgiu no mundo pop, uns dez anos atrás, ele voltou repaginado sob uma roupagem esteticamente mais libidinosa, romântica e juvenil, em produções como ‘Crepúsculo’, ‘The Vampire Diaries’ e ‘True Blood’. Ainda bebendo nessa hype, chegou nos últimos dias à Netflix uma série que se passa neste universo, porém com uma proposta ligeiramente diferente e que faz toda a diferença. Conheçam ‘Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes’.
Na pequena cidade de Skarnes, na Noruega, ninguém morre. A população é pequena e todo mundo é saudável, o que torna o negócio da família Hallangen um grande prejuízo, afinal, eles possuem uma funerária, que está afundada em dívidas. Um dia a polícia local encontra o corpo de uma jovem morta em um terreno baldio: é Live Hallangen (Katherine Thorborg Johansen), filha do dono da funerária. Assim, a polícia chama Odd (Elias Holmen Sørensen) e Arvid (Terje Strømdahl), irmão e pai de Live, para recolher o corpo. Porém, quando o corpo de Live chega ao IML para a autópsia, Live acorda. A experiência traumática de morrer e ressuscitar acaba despertando certos efeitos colaterais na jovem, e, ao mesmo tempo, o número de mortes na cidade começa a aumentar, por isso os policiais Judith (Kim Fairchild) e Reinert (André Sørum) começam a se debruçar na investigação desses eventos inesperados na pequena Skarnes.
Dividido em seis episódios de aproximadamente quarenta minutos de duração cada, a série se desenvolve com uma evolução curiosa. Ao mesmo tempo em que apresenta o núcleo da família principal, tanto a protagonista quanto o espectador não fazem a menor ideia do que está acontecendo na história. O roteiro de Øyvind Rune Stålen, Sofia Lersol Lund e Petter Holmsen mescla situações irônicas pontuadas com humor bastante ácido, dado o contexto, com cenas bastante fortes e até desconfortáveis. Portanto, ao mesmo tempo que a gente ri do absurdo das atitudes ou das falas dos personagens, temos também o impulso de virar o rosto para o lado dado a desnecessarieidade de se retratar graficamente alguns pontos.
A direção de Harald Zwart e Petter Holmsen propõe uma jogada de cenas interessante, começando esta primeira temporada com uma sequência cômica que rapidamente evolui para algo trágico, e finaliza cada episódio com um gancho muito irresistível (e, por vezes, meio macabro) para o próximo. Ao mesmo tempo, por mais que a história avance seis episódios o espectador termina a primeira temporada sem saber muito o porquê das coisas estarem acontecendo, de tão interessante que se torna a história particular dos personagens.
Há qualquer coisa de bizarro na história na inocência dos personagens que nos faz continuar a assistir esperando o momento em que eles vão quebrar a cara. Ao misturar um quê de Irmãos Cohen com uma dose de terror em um ambiente inóspito como o interior da Noruega, ‘Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes’, oferece um frescor às produções seriais de terror da Netflix, ainda que seja previsível.