domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Presence: Steven Soderbergh brilha na direção em intimidador drama sobrenatural

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2024

Cômodos espaçosos e amplos, vazios de significado e de móveis, logo se transformarão em um claustrofóbico e sombrio cenário. Sob uma ótica intimidadora, Steven Soderbergh adentra essa casa, marcada por janelas extensas e que destacam o quão arejado cada ambiente de fato é. Mas nem toda corrente de ar é capaz de aliviar a pesada atmosfera que rodeia essa família. Diante de duas perdas dolorosas, ela tenta se reconstruir em um outro lar, na tentativa de deixar o velho para trás, a fim de abraçar o novo. Mas os problemas nunca se vão e agora ganham uma outra dimensão aqui em Presence.



Steven Soderbergh não é do tipo que mergulha na ficção sobrenatural em seus trabalhos. Com uma cartela de filmes marcada por longas tão díspares entre si como Magic Mike, Contágio, Traffic e Onze Homens e um Segredo, o aclamado cineasta passeia pelos gêneros mais diversos, mas nunca ousara flertar com aquilo que o trouxe para Presence. Mas, impressionantemente, seu grande retorno ao Festival de Sundance 35 anos depois do lançamento de Sexo, Mentiras e Videotape é de fato uma admirável e atípica surpresa. Aqui, Chloe é assombrada pelas memórias da misteriosa morte de sua melhor amiga. Traumatizada, ela crê que seu espírito habita nesse novo lar.

Seu trauma nem de longe é o único. Conforme conhecemos essa diferente família, mais percebemos a dimensão de suas próprias rachaduras, profundas demais para serem curadas com uma mera mudança de casa ou de ares. E dentro desse único ambiente – que deveria simbolizar o novo – mágoas antigas e frustrações do passado mal resolvidas começam a florescer e criar raízes profundas, tomando as paredes de cada cômodo e sufocando cada membro dessa complicada família. E sob o formato POV (Point of View), Soderbergh faz de seu mais recente longa uma experiência sufocante, claustrofóbica e intimidadora.

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Conduzindo a direção de maneira certeira e autoral, o aclamado cineasta opta por filmar Presence unicamente em planos sequência. Cada momento em especial é fruto de uma hábil arquitetura visual e de performances muito bem coreografadas e posicionadas, garantindo que os ousados ângulos do diretor sempre captem a soturna e tensa atmosfera da cena. Dispondo seus protagonistas de maneira que tenhamos a visão clara do primeiro, do segundo e do terceiro plano, ele entrega um filme muito bem ajustado, que nos coloca nas lentes de sua câmera, como aquele espectador invasivo e observador que analisa cada movimento, cada expressão facial e cada sinistro silêncio.

A escolha de fazer Presence como um filme episódico, em que cada plano sequência se encerra com cortes secos que funcionam como um ponto final da cena, transforma o filme em uma experiência cinematográfica ainda mais intrigante. Aqui, somos conduzidos pelo mistério e pelo estranho sobrenatural que é pouco explorado até a chegada de seu clímax. E explorando a ideia de trauma em suas diversas esferas e dimensões, o roteirista David Koepp consegue nos envolver nessa inesperada catarse, trabalhando seus protagonistas com brilhantismo e permitindo que eles se desenvolvam em tela com fluidez e vivacidade.

Dentro disso, Callina Liang assume o papel mais complexo, dialogando diretamente com as lentes de Soderbergh. Desenvolvendo uma relação particular com a câmera, em virtude da complexidade de sua personagem, ela surpreende com sua intensidade e angústia. Sua performance ainda é acompanhada pelo sempre ótimo trabalho de Lucy Liu e Chris Sullivan, que vivem um casal em crise. E com uma reviravolta absolutamente arrebatadora, que surge como um estrondo em meio ao mais absoluto silêncio, Presence é Steven Soderbergh em sua melhor forma criativa. Nos deixando à deriva com um final dúbio e confuso, o diretor faz de seu retorno ao Festival de Sundance um statement de que aquele mesmo jovem talentoso de 1989 ainda existe e tem ótimas histórias para contar.

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Steven Soderbergh não é do tipo que mergulha na ficção sobrenatural em seus trabalhos. Com uma cartela de filmes marcada por longas tão díspares entre si como Magic Mike, Contágio, Traffic e Onze Homens e um Segredo, o aclamado cineasta passeia pelos gêneros mais diversos, mas nunca ousara flertar com aquilo que o trouxe para Presence. Mas, impressionantemente, seu grande retorno ao Festival de Sundance 35 anos depois do lançamento de Sexo, Mentiras e Videotape é de fato uma admirável e atípica surpresa. Aqui, Chloe é assombrada pelas memórias da misteriosa morte de sua melhor amiga. Traumatizada, ela crê que seu espírito habita nesse novo lar.

Seu trauma nem de longe é o único. Conforme conhecemos essa diferente família, mais percebemos a dimensão de suas próprias rachaduras, profundas demais para serem curadas com uma mera mudança de casa ou de ares. E dentro desse único ambiente – que deveria simbolizar o novo – mágoas antigas e frustrações do passado mal resolvidas começam a florescer e criar raízes profundas, tomando as paredes de cada cômodo e sufocando cada membro dessa complicada família. E sob o formato POV (Point of View), Soderbergh faz de seu mais recente longa uma experiência sufocante, claustrofóbica e intimidadora.

Conduzindo a direção de maneira certeira e autoral, o aclamado cineasta opta por filmar Presence unicamente em planos sequência. Cada momento em especial é fruto de uma hábil arquitetura visual e de performances muito bem coreografadas e posicionadas, garantindo que os ousados ângulos do diretor sempre captem a soturna e tensa atmosfera da cena. Dispondo seus protagonistas de maneira que tenhamos a visão clara do primeiro, do segundo e do terceiro plano, ele entrega um filme muito bem ajustado, que nos coloca nas lentes de sua câmera, como aquele espectador invasivo e observador que analisa cada movimento, cada expressão facial e cada sinistro silêncio.

A escolha de fazer Presence como um filme episódico, em que cada plano sequência se encerra com cortes secos que funcionam como um ponto final da cena, transforma o filme em uma experiência cinematográfica ainda mais intrigante. Aqui, somos conduzidos pelo mistério e pelo estranho sobrenatural que é pouco explorado até a chegada de seu clímax. E explorando a ideia de trauma em suas diversas esferas e dimensões, o roteirista David Koepp consegue nos envolver nessa inesperada catarse, trabalhando seus protagonistas com brilhantismo e permitindo que eles se desenvolvam em tela com fluidez e vivacidade.

Dentro disso, Callina Liang assume o papel mais complexo, dialogando diretamente com as lentes de Soderbergh. Desenvolvendo uma relação particular com a câmera, em virtude da complexidade de sua personagem, ela surpreende com sua intensidade e angústia. Sua performance ainda é acompanhada pelo sempre ótimo trabalho de Lucy Liu e Chris Sullivan, que vivem um casal em crise. E com uma reviravolta absolutamente arrebatadora, que surge como um estrondo em meio ao mais absoluto silêncio, Presence é Steven Soderbergh em sua melhor forma criativa. Nos deixando à deriva com um final dúbio e confuso, o diretor faz de seu retorno ao Festival de Sundance um statement de que aquele mesmo jovem talentoso de 1989 ainda existe e tem ótimas histórias para contar.

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