Agatha Christie é unanimidade entre todos os fãs de histórias de suspense. Considerada a rainha das histórias de crime, ela construiu uma fórmula de elaborar histórias conhecidas como “whodunit” – traduzindo: quem é o culpado? Não à toa, a escritora inglesa é citada na abertura da série mexicana ‘Quem Matou Sara?’, lançamento da Netflix que já figura entre o Top 10.
Quando eram jovens e descolados, Rodolfo (Andres Baida), Alex (Manolo Cardona), José (Eugenio Siller) e Sara (Ximena Lamadrid) adoravam curtir o verão juntos. Certo dia, saíram com outros amigos para um passeio de lancha e Sara topou o desafio de voar em um paraquedas preso à lancha, mas, o que era para ser uma ousadia animada se transformou em uma grande tragédia, resultando na morte de Sara. Dezoito anos se passaram e Alex sai da cadeia, tendo cumprido pena pelo assassinato da irmã. Só que Alex é inocente, e agora, em liberdade, vai buscar vingança e colocar o verdadeiro assassino de Sara na prisão.
Criada por José Ignacio Valenzuela, a série de dez episódios com cerca de quarenta minutos cada intercala os momentos do presente de Alex com o passado, revelando, aos pouquinhos, pequenos segredos sórdidos dos personagens, apresentando ao espectador como e por que cada um deles teria motivação para ter matado Sara. Novamente, essa é uma técnica bastante utilizada por Agatha Christie, que também pode ser vista em filmes como ‘Assassinato no Expresso do Oriente’ e ‘Entre Facas e Segredos’.
Embora com a pegada que constrói o suspense de quem seria o verdadeiro culpado, a bem da verdade o roteiro de Jean Pierre Fica e Rosario Valenzuela não traz nada de novo ao que já vem sido apresentado em produções semelhantes. Na real, parece até seguir a cartilha da rainha do crime muito ao pé da letra, sem imprimir a própria assinatura. Isso faz com que diversas informações dos personagens sejam literalmente jogadas na trama através de diálogos inverossímeis que dão a impressão de acontecer só para que a gente tome nota daquela informação específica.
Tudo isso poderia ter sido melhor trabalhado na série, caso o diretor David Ruiz tivesse empenhado seu elenco em dar mais veracidade aos sentimentos dos personagens. O protagonista Alex, por exemplo, em dezoito anos no cárcere conseguiu se tornar um mega hacker apenas lendo livrinhos e usando instrumento de solda, e, na hora de confrontar seus inimigos (ou até mesmo na hora de fugir de um tiroteio), Manolo Cardona faz a mesma cara de quem acabou de descobrir que botou sal em vez de açúcar no café. Um tédio só.
‘Quem Matou Sara?’ é uma série de suspense previsível, razoável e com pouco elemento surpresa. Sem oferecer nada de diferente, acaba se tornando uma opção aos assinantes da Netflix tão somente por ser novidade no catálogo.