sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Rainhas Africanas: Nzinga – Netflix Produz Docuserie sobre uma das Maiores Líderes Africanas

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Há inúmeras, incontáveis histórias ainda a serem contadas e conhecidas pelo grande público, esperando seu momento, esperando que haja interesse – dos distribuidores, produtores, investidores e público – em conhecê-las. Particularmente sobre África, a imagem que foi (e ainda continua) sendo passada midiaticamente e também no audiovisual é uma imagem de África pobre, desnutrida, sofrida. Mas a África tem muito mais do que isso, ou do que o passado de escravização forçada. Então, a atriz Jada Pinkett Smith assumiu a produção executiva para fazer acontecer a primeira temporada da série documentalRainhas Africanas’, que chega esse ano na Netflix, e cuja primeira parte, ‘Rainhas Africanas: Nzinga’, já está disponível na plataforma.



Durante a primeira metade do século XVII o reino do Dongo (atual Angola) sofreu terrivelmente com a constante invasão portuguesa no território, homens brancos que chegaram, se autointitularam governadores da região e sequestraram pessoas de diversos grupos, escravizando-as e transportando-as contra suas vontades para a colônia do além-Atlântico, chamada Brasil. Com suas forças se esvaindo, o rei do Dongo falece, e sobe ao trono seu filho, Mbande (Philips Nortey), um homem cheio de ambição e de ciúmes de sua irmã, Nzinga (Adesuwa Oni, de ‘The Witcher’), maior guerreira do Dongo e querida pelo povo. Quando a ganância dos portugueses se intensifica, com batalhas mais cruéis, Nzinga deverá tomar a dianteira da resistência e salvar seu povo, mesmo que para isso coloque em risco a segurança de suas irmãs, Funji (Marilyn Nnandebe) e Ndambi (Eshe Asante), ou que tenha que formar alianças com o Rei Kasanje (Cory Hippolyte), seu principal rival.

Inspirado em eventos reais sobre a vida da rainha Nzinga – que lutou pelo povo de Angola e unificou reinos, formando o que hoje se conhece como o território daquele país – esta minissérie, dividida em quatro episódios de aproximadamente quarenta minutos cada, mistura entrevistas com especialistas, que comentam o assunto de acordo com suas áreas de conhecimento, e ficcionalização dos fatos, trazendo cenas encenadas da vida de Nzinga, com elenco, atores e um roteiro próprio.

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A dupla narrativa mostra um projeto diferenciado encabeçado pelos diretores Ethosheia Hylton, Susannah Ward e Tina Gharavi, que certamente tiveram que atentar à sincronia tanto do elenco quanto dos depoentes. Entretanto, não deixa de ser um bocado incômodo assistirmos a uma série desse porte, com esse grau de investimento financeiro, ser toda falada em inglês. Entendemos que isso é uma escolha técnica, afinal, sabemos que o público que fala essa língua dificilmente assiste a produções não faladas em inglês, portanto, foi uma escolha da produção para atrair um público maior. Ainda assim, não deixa de ser no mínimo estranho vê-la assim, afinal, conta a história de Angola contra os portugueses, e nem mesmo os portugueses falam português na série

Foi um grande acerto a escolha de Adesuwa Oni para o papel da protagonista, pois com seu olhar penetrante a atriz confere força e firmeza na guerreira Nzinga, e também traz doçura à mulher Nzinga – um balanço importante para mostrar que as guerreiras mais corajosas também se permitem o afeto e a família. Cory Hippolyte está completamente hipnotizante em suas poucas cenas, numa mistura de mistério e virilidade a um rei que, dizem as histórias, era bastante impiedoso.

Rainhas Africanas: Nzinga’ é uma ótima série, bem didática, que ajuda a popularizar uma importante história ao mundo, resgatada pela resistência angolana apenas em 1975, quando enfim o país se libertou da colonização portuguesa. Uma ótima dica para já ir entrando no clima da segunda temporada, que chega em maio, contando a história da rainha Cleópatra.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Há inúmeras, incontáveis histórias ainda a serem contadas e conhecidas pelo grande público, esperando seu momento, esperando que haja interesse – dos distribuidores, produtores, investidores e público – em conhecê-las. Particularmente sobre África, a imagem que foi (e ainda continua) sendo passada midiaticamente e também no audiovisual é uma imagem de África pobre, desnutrida, sofrida. Mas a África tem muito mais do que isso, ou do que o passado de escravização forçada. Então, a atriz Jada Pinkett Smith assumiu a produção executiva para fazer acontecer a primeira temporada da série documentalRainhas Africanas’, que chega esse ano na Netflix, e cuja primeira parte, ‘Rainhas Africanas: Nzinga’, já está disponível na plataforma.

Durante a primeira metade do século XVII o reino do Dongo (atual Angola) sofreu terrivelmente com a constante invasão portuguesa no território, homens brancos que chegaram, se autointitularam governadores da região e sequestraram pessoas de diversos grupos, escravizando-as e transportando-as contra suas vontades para a colônia do além-Atlântico, chamada Brasil. Com suas forças se esvaindo, o rei do Dongo falece, e sobe ao trono seu filho, Mbande (Philips Nortey), um homem cheio de ambição e de ciúmes de sua irmã, Nzinga (Adesuwa Oni, de ‘The Witcher’), maior guerreira do Dongo e querida pelo povo. Quando a ganância dos portugueses se intensifica, com batalhas mais cruéis, Nzinga deverá tomar a dianteira da resistência e salvar seu povo, mesmo que para isso coloque em risco a segurança de suas irmãs, Funji (Marilyn Nnandebe) e Ndambi (Eshe Asante), ou que tenha que formar alianças com o Rei Kasanje (Cory Hippolyte), seu principal rival.

Inspirado em eventos reais sobre a vida da rainha Nzinga – que lutou pelo povo de Angola e unificou reinos, formando o que hoje se conhece como o território daquele país – esta minissérie, dividida em quatro episódios de aproximadamente quarenta minutos cada, mistura entrevistas com especialistas, que comentam o assunto de acordo com suas áreas de conhecimento, e ficcionalização dos fatos, trazendo cenas encenadas da vida de Nzinga, com elenco, atores e um roteiro próprio.

A dupla narrativa mostra um projeto diferenciado encabeçado pelos diretores Ethosheia Hylton, Susannah Ward e Tina Gharavi, que certamente tiveram que atentar à sincronia tanto do elenco quanto dos depoentes. Entretanto, não deixa de ser um bocado incômodo assistirmos a uma série desse porte, com esse grau de investimento financeiro, ser toda falada em inglês. Entendemos que isso é uma escolha técnica, afinal, sabemos que o público que fala essa língua dificilmente assiste a produções não faladas em inglês, portanto, foi uma escolha da produção para atrair um público maior. Ainda assim, não deixa de ser no mínimo estranho vê-la assim, afinal, conta a história de Angola contra os portugueses, e nem mesmo os portugueses falam português na série

Foi um grande acerto a escolha de Adesuwa Oni para o papel da protagonista, pois com seu olhar penetrante a atriz confere força e firmeza na guerreira Nzinga, e também traz doçura à mulher Nzinga – um balanço importante para mostrar que as guerreiras mais corajosas também se permitem o afeto e a família. Cory Hippolyte está completamente hipnotizante em suas poucas cenas, numa mistura de mistério e virilidade a um rei que, dizem as histórias, era bastante impiedoso.

Rainhas Africanas: Nzinga’ é uma ótima série, bem didática, que ajuda a popularizar uma importante história ao mundo, resgatada pela resistência angolana apenas em 1975, quando enfim o país se libertou da colonização portuguesa. Uma ótima dica para já ir entrando no clima da segunda temporada, que chega em maio, contando a história da rainha Cleópatra.

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