sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | ‘Rebel Moon – Parte 2’ é o filme mais desinteressante da carreira de Zack Snyder

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Amado por uns e odiado por outros, Zack Snyder é um diretor que surgiu com muita personalidade e um ar de inovação, mas que foi se perdendo com o tempo – na visão de alguns. Quando ainda vivia sua fase de ‘talento promissor’, Snyder tentou emplacar sua visão para a franquia Star Wars. Porém, o projeto não foi bem recebido pela Lucasfilm/ Disney, que deixou o diretor sonhando com o dia que traria sua versão da aventura espacial para as telonas.

Quando assinou seu extenso contrato com a Netflix, Zack recebeu liberdade total para tocar seus projetos autorais, incluindo esse “Guerra Nas Estrelas Adulto”. E foi assim que surgiu a franquia Rebel Moon. Durante a CCXP 23, Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo foi lançado em primeira mão para um auditório com cerca de 3 mil pessoas, com direito a presença de Zack Snyder e os astros do elenco. O que parecia ser o cenário ideal para o lançamento, acabou gerando uma situação extremamente constrangedora. Conforme o filme se desenvolvia, os fãs foram deixando a sala conforme a cansativa trama tomava a tela. Ao fim do filme, quando os atores e o diretor voltaram ao palco, grande parte das pessoas no auditório haviam deixado a sessão no meio do filme. A cena foi muito desconfortável. Ainda assim, o público que permaneceu teceu alguns elogios, principalmente à ação e ao teaser da parte 2, que prometia uma guerra épica.



Agora, Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes chegou ao catálogo da Netflix e pessoalmente posso dizer que estou embasbacado. Antes de tudo, acho válido dizer que faço parte do grupo que não achou a Parte 1 um desastre completo. Por mais que tivesse elementos retirados diretamente de Star Wars, com alguns personagens sendo praticamente os mesmos da saga da família Skywalker, havia coisas boas ali e ideias interessantes que poderiam ser desenvolvidas na sequência para expandir esse universo. Infelizmente, minha surpresa se deve ao baixíssimo nível do conteúdo trazido pelo diretor na Parte 2. A sensação que fica é que Zack Snyder conseguiu fazer duas horas do mais puro nada. Alguns podem chamar a trama de genérica, mas é algo tão pobre de inspiração que chega a ser questionável se chega a merecer o termo genérico.

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O filme gira em torno dos heróis da resistência chegando a um vilarejo para armarem um ataque ao império maligno do Mundo-Mãe. Como a cena pós-créditos da Parte 1 mostrava, o vilão Noble (Ed Skrein) sobreviveu ao duelo com Kora (Sofia Boutella) e está doidinho para capturá-la e entregá-la aos seus superiores para ganhar a medalha de melhor nazista espacial. Sabendo disso, a Tropa das Galáxias que desceu a lenha no exército de Noble decide criar uma estratégia para que o povo do vilarejo não sofra as consequências dessa guerra. Então, eles decidem atender as demandas desumanas do Mundo-Mãe e realizam a colheita em tempo recorde, enquanto treinam um ataque coordenado para caso a barganha dê errado. E isso foi a pior decisão que Snyder poderia tomar.

O filme tem duração de 2h03. Desse tempo, curiosamente curto para um filme do diretor, ele dedica cerca de uma hora a passagens contemplativas de agricultura. Talvez um estudante de agronomia realmente saia fascinado pelas intermináveis tomadas de colheita, separação e torra de grãos, mas para quem esperava a ação prometida no teaser… Vai ter que lutar para se manter acordado enquanto os ‘heróis rejeitados’ ajudam o povo a cumprir as demandas dos vilões. Isso não seria um problema se esse tempo fosse utilizado para desenvolver os personagens ou mostrá-los criando laços e desenvolvendo algum tipo de personalidade, o que praticamente não acontece. Os bonecos mostrados em tela têm a profundidade e o carisma de uma folha A4.

É realmente frustrante e enfadonho superar essa ‘hora inicial’, que é dominada por diálogos mais artificiais que harmonização facial de subcelebridade e uma interminável insistência nas tão comentadas câmeras lentas. Mas vamos falar sobre isso mais adiante. Outra frustração deixada é que até mesmo a criatividade na construção da ambientação, um dos pontos altos da Parte 1, se perdeu. Esse filme se resume a uma fazendona no meio do nada ou uma nave como outras centenas que existem no cinema de aventura atual.

Superada a fase agrária de Snyder, o filme enfim embarca na promessa dos materiais promocionais: a guerra. Chega a hora em que o espectador suspira fundo e deixa escapar um “finalmente!”, na esperança de ver a elite da pancadaria, troca de tiros e esfaqueamentos. E aí, na hora de brilhar, Zack decepciona novamente. Por mais críticas que sofresse, o diretor sempre se destacou por ter um senso estético muito satisfatório para os fãs da violência cinematográfica. Ele sempre apostou em golpes bem dados, daqueles que o público sente o impacto da porrada, em facadas sanguinolentas e em missões elaboradas com tiros e confrontos incríveis. Só que nessa guerra de Rebel Moon, ele parece tão cansado do próprio trabalho que o resultado é um ação que não consegue empolgar em momento algum. Há personagens que morrem, outros ficam feridos e a gente não poderia se importar menos com eles. Até mesmo aquela supervalorização dos corpos na porradaria foi deixada de lado.

Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes é um filme completamente carente de personalidade, algo que jamais pensei em atribuir a Zack Snyder. Há realizadores no cinema internacional que podem até ser massacrados pela crítica, como Snyder e Michael Bay, mas uma coisa que nunca falta nos longas deles é personalidade. Você reconhece uma produção dos dois, mesmo que pelo exagero nos maneirismos, à distância. E aqui, não sei se por desânimo, Zack parece ter virado uma paródia de si mesmo. Por mais que seja criticado constantemente, o Slow Motion do diretor surgiu como algo promissor. Ele usava para ressaltar aspectos da personalidade de seus protagonistas ou para acentuar a violência deles. Era um recurso utilizado para dar mais impacto aos personagens e valorizar suas ações e poses. Nesse filme, a câmera lenta de Snyder é usada a torto e a direito em cenas como Titus colhendo grãos ou explosões em que não se vê nada.

Fica a impressão de que foi algo feito por birra, como se o diretor dissesse: “Vocês acham que eu estou usando muita câmera lenta? Então eu vou usar ainda mais para vocês verem como eu estava controlado”. E – de novo – esses maneirismos poderiam ser contornados se a história e os personagens fossem interessantes, o que não acontece.

Para não dizer que o filme é um completo fiasco, Djimon Hounsou consegue ter seus bons momentos de atuação apesar do roteiro e da direção. O ator é excelente e tira leite de pedra no longa, mesmo com a extrema má vontade da trama em desenvolver seu personagem ou deixá-lo brilhar. Outra exceção é a Nemesis da sul-coreana Bae Doona. O visual dela é o mais interessante da saga e ela esboça algum carisma, além de ter boas cenas de ação. Em um mar de decisões insossas, ela é uma ilha de criatividade mínima.

Enfim, é muito decepcionante que essa Parte 2 tenha sido desenvolvida de forma tão carente de inspiração. É uma obra tão ruim que até mesmo a galera que massacrou a Parte 1 vai passar a olhar com outros olhos para o capítulo anterior. A frustração fica por ser o fracasso de um dos poucos filmes que se propõe a embarcar nesse universo ‘à lá’ Star Wars sem apelar para a paródia. Existia, sim, um potencial bruto de criar uma saga interessante para o streaming, mas se perdeu em um Zack Snyder completamente descontrolado e cansado da própria obra. Uma pena.

Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Amado por uns e odiado por outros, Zack Snyder é um diretor que surgiu com muita personalidade e um ar de inovação, mas que foi se perdendo com o tempo – na visão de alguns. Quando ainda vivia sua fase de ‘talento promissor’, Snyder tentou emplacar sua visão para a franquia Star Wars. Porém, o projeto não foi bem recebido pela Lucasfilm/ Disney, que deixou o diretor sonhando com o dia que traria sua versão da aventura espacial para as telonas.

Quando assinou seu extenso contrato com a Netflix, Zack recebeu liberdade total para tocar seus projetos autorais, incluindo esse “Guerra Nas Estrelas Adulto”. E foi assim que surgiu a franquia Rebel Moon. Durante a CCXP 23, Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo foi lançado em primeira mão para um auditório com cerca de 3 mil pessoas, com direito a presença de Zack Snyder e os astros do elenco. O que parecia ser o cenário ideal para o lançamento, acabou gerando uma situação extremamente constrangedora. Conforme o filme se desenvolvia, os fãs foram deixando a sala conforme a cansativa trama tomava a tela. Ao fim do filme, quando os atores e o diretor voltaram ao palco, grande parte das pessoas no auditório haviam deixado a sessão no meio do filme. A cena foi muito desconfortável. Ainda assim, o público que permaneceu teceu alguns elogios, principalmente à ação e ao teaser da parte 2, que prometia uma guerra épica.

Agora, Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes chegou ao catálogo da Netflix e pessoalmente posso dizer que estou embasbacado. Antes de tudo, acho válido dizer que faço parte do grupo que não achou a Parte 1 um desastre completo. Por mais que tivesse elementos retirados diretamente de Star Wars, com alguns personagens sendo praticamente os mesmos da saga da família Skywalker, havia coisas boas ali e ideias interessantes que poderiam ser desenvolvidas na sequência para expandir esse universo. Infelizmente, minha surpresa se deve ao baixíssimo nível do conteúdo trazido pelo diretor na Parte 2. A sensação que fica é que Zack Snyder conseguiu fazer duas horas do mais puro nada. Alguns podem chamar a trama de genérica, mas é algo tão pobre de inspiração que chega a ser questionável se chega a merecer o termo genérico.

O filme gira em torno dos heróis da resistência chegando a um vilarejo para armarem um ataque ao império maligno do Mundo-Mãe. Como a cena pós-créditos da Parte 1 mostrava, o vilão Noble (Ed Skrein) sobreviveu ao duelo com Kora (Sofia Boutella) e está doidinho para capturá-la e entregá-la aos seus superiores para ganhar a medalha de melhor nazista espacial. Sabendo disso, a Tropa das Galáxias que desceu a lenha no exército de Noble decide criar uma estratégia para que o povo do vilarejo não sofra as consequências dessa guerra. Então, eles decidem atender as demandas desumanas do Mundo-Mãe e realizam a colheita em tempo recorde, enquanto treinam um ataque coordenado para caso a barganha dê errado. E isso foi a pior decisão que Snyder poderia tomar.

O filme tem duração de 2h03. Desse tempo, curiosamente curto para um filme do diretor, ele dedica cerca de uma hora a passagens contemplativas de agricultura. Talvez um estudante de agronomia realmente saia fascinado pelas intermináveis tomadas de colheita, separação e torra de grãos, mas para quem esperava a ação prometida no teaser… Vai ter que lutar para se manter acordado enquanto os ‘heróis rejeitados’ ajudam o povo a cumprir as demandas dos vilões. Isso não seria um problema se esse tempo fosse utilizado para desenvolver os personagens ou mostrá-los criando laços e desenvolvendo algum tipo de personalidade, o que praticamente não acontece. Os bonecos mostrados em tela têm a profundidade e o carisma de uma folha A4.

É realmente frustrante e enfadonho superar essa ‘hora inicial’, que é dominada por diálogos mais artificiais que harmonização facial de subcelebridade e uma interminável insistência nas tão comentadas câmeras lentas. Mas vamos falar sobre isso mais adiante. Outra frustração deixada é que até mesmo a criatividade na construção da ambientação, um dos pontos altos da Parte 1, se perdeu. Esse filme se resume a uma fazendona no meio do nada ou uma nave como outras centenas que existem no cinema de aventura atual.

Superada a fase agrária de Snyder, o filme enfim embarca na promessa dos materiais promocionais: a guerra. Chega a hora em que o espectador suspira fundo e deixa escapar um “finalmente!”, na esperança de ver a elite da pancadaria, troca de tiros e esfaqueamentos. E aí, na hora de brilhar, Zack decepciona novamente. Por mais críticas que sofresse, o diretor sempre se destacou por ter um senso estético muito satisfatório para os fãs da violência cinematográfica. Ele sempre apostou em golpes bem dados, daqueles que o público sente o impacto da porrada, em facadas sanguinolentas e em missões elaboradas com tiros e confrontos incríveis. Só que nessa guerra de Rebel Moon, ele parece tão cansado do próprio trabalho que o resultado é um ação que não consegue empolgar em momento algum. Há personagens que morrem, outros ficam feridos e a gente não poderia se importar menos com eles. Até mesmo aquela supervalorização dos corpos na porradaria foi deixada de lado.

Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes é um filme completamente carente de personalidade, algo que jamais pensei em atribuir a Zack Snyder. Há realizadores no cinema internacional que podem até ser massacrados pela crítica, como Snyder e Michael Bay, mas uma coisa que nunca falta nos longas deles é personalidade. Você reconhece uma produção dos dois, mesmo que pelo exagero nos maneirismos, à distância. E aqui, não sei se por desânimo, Zack parece ter virado uma paródia de si mesmo. Por mais que seja criticado constantemente, o Slow Motion do diretor surgiu como algo promissor. Ele usava para ressaltar aspectos da personalidade de seus protagonistas ou para acentuar a violência deles. Era um recurso utilizado para dar mais impacto aos personagens e valorizar suas ações e poses. Nesse filme, a câmera lenta de Snyder é usada a torto e a direito em cenas como Titus colhendo grãos ou explosões em que não se vê nada.

Fica a impressão de que foi algo feito por birra, como se o diretor dissesse: “Vocês acham que eu estou usando muita câmera lenta? Então eu vou usar ainda mais para vocês verem como eu estava controlado”. E – de novo – esses maneirismos poderiam ser contornados se a história e os personagens fossem interessantes, o que não acontece.

Para não dizer que o filme é um completo fiasco, Djimon Hounsou consegue ter seus bons momentos de atuação apesar do roteiro e da direção. O ator é excelente e tira leite de pedra no longa, mesmo com a extrema má vontade da trama em desenvolver seu personagem ou deixá-lo brilhar. Outra exceção é a Nemesis da sul-coreana Bae Doona. O visual dela é o mais interessante da saga e ela esboça algum carisma, além de ter boas cenas de ação. Em um mar de decisões insossas, ela é uma ilha de criatividade mínima.

Enfim, é muito decepcionante que essa Parte 2 tenha sido desenvolvida de forma tão carente de inspiração. É uma obra tão ruim que até mesmo a galera que massacrou a Parte 1 vai passar a olhar com outros olhos para o capítulo anterior. A frustração fica por ser o fracasso de um dos poucos filmes que se propõe a embarcar nesse universo ‘à lá’ Star Wars sem apelar para a paródia. Existia, sim, um potencial bruto de criar uma saga interessante para o streaming, mas se perdeu em um Zack Snyder completamente descontrolado e cansado da própria obra. Uma pena.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
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