sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Reza a Lenda

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Lampião, Maria Bonita e os Reis do Cangaço Moderno

A comparação mais óbvia que Reza a Lenda pode receber é com o ícone pós-apocalíptico Mad Max. De fato, o primeiro filme do cineasta Homero Olivetto, filho do publicitário estrela Washington Olivetto, que tem no currículo o roteiro de Bruna Surfistinha (2011), se comporta como um road movie de ação, acelerado e recheado de adrenalina.

Reza a Lenda reserva ainda sua dose de efeitos especiais, tornando a coisa mais sofisticada que o Mad Max original (1979), feito muito na marra. Em matéria de estilo visual, Reza a Lenda também possui personalidade, com lutas de facões no escuro, onde as faíscas pulam a cintilar nas trevas, ou quando um dos personagens, numa inspiração insana, cospe fogo com sua metralhadora giratória de alto calibre acoplada na traseira de uma picape.



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Se formos enraizar Reza a Lenda na cultura brasileira, no entanto, a comparação mais cabível é a de um moderno conto de Lampião e Maria Bonita, os bandidos mais memoráveis da cultura nordestina. Com sua gangue de criminosos, Ara (Cauã Reymond) rasga o sertão montado não em um cavalo, mas em uma moto envenenada. Sua “Maria Bonita” é Severina, papel da metódica Sophie Charlotte (Serra Pelada, 2013), a parceira “arretada” e enciumada.

Na trama, um grupo de criminosos motorizados está atrás da imagem de uma santa, um item interpretado como salvador em uma terra devastada. Este é o MacGuffin (termo criado por Alfred Hitchcock para definir um objeto que impulsiona o roteiro de um filme, algo de que todos estão atrás e que faz a trama girar). Os criminosos terminam por despertar a fúria de Tenório, interpretado por Humberto Martins, o rouba cenas do longa. Tenório é a abordagem do ator ao “coroné”, figura poderosa temida na região. Martins dá show e desempenha uma performance digna de prêmios, comedido e intimidador, sem criar uma caricatura.

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Além de toda a “cobertura de bolo” da parte técnica, Reza a Lenda ainda possui um roteiro criativo, que incorpora elementos da cultura da região, entranhando-a no gênero. Além da figura da santa citada, que representa a fé e salvação para as almas perdidas, temos diversos momentos de alívio cômico, providos por referências às famosas festas juninas. Fogueiras e balões são incorporados aos métodos de tortura do vilão, por exemplo. Tudo de forma esperta e divertida.

Reza a Lenda destaca ainda Laura, personagem da bela Luisa Arraes (filha do cineasta Guel Arraes e da atriz Virgínia Cavendish), o terceiro elemento que entra em jogo para desestruturar a dinâmica Ara – Severina, e Galego Lorde (papel do sempre interessante Júlio Andrade), uma espécie de guru mitológico, cujos transes incluem festas rave no deserto. Reza a Lenda acerta ao ousar. Ao criar algo diferente do que o grande público está acostumado a ver de produções nacionais (comédias ou favela movies). Ao decidir mostrar que nossos cineastas possuem bastante competência para fugir da estrutura televisiva esperada. Em contrapartida, o público precisa comparecer e apoiar.

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A comparação mais óbvia que Reza a Lenda pode receber é com o ícone pós-apocalíptico Mad Max. De fato, o primeiro filme do cineasta Homero Olivetto, filho do publicitário estrela Washington Olivetto, que tem no currículo o roteiro de Bruna Surfistinha (2011), se comporta como um road movie de ação, acelerado e recheado de adrenalina.

Reza a Lenda reserva ainda sua dose de efeitos especiais, tornando a coisa mais sofisticada que o Mad Max original (1979), feito muito na marra. Em matéria de estilo visual, Reza a Lenda também possui personalidade, com lutas de facões no escuro, onde as faíscas pulam a cintilar nas trevas, ou quando um dos personagens, numa inspiração insana, cospe fogo com sua metralhadora giratória de alto calibre acoplada na traseira de uma picape.

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Se formos enraizar Reza a Lenda na cultura brasileira, no entanto, a comparação mais cabível é a de um moderno conto de Lampião e Maria Bonita, os bandidos mais memoráveis da cultura nordestina. Com sua gangue de criminosos, Ara (Cauã Reymond) rasga o sertão montado não em um cavalo, mas em uma moto envenenada. Sua “Maria Bonita” é Severina, papel da metódica Sophie Charlotte (Serra Pelada, 2013), a parceira “arretada” e enciumada.

Na trama, um grupo de criminosos motorizados está atrás da imagem de uma santa, um item interpretado como salvador em uma terra devastada. Este é o MacGuffin (termo criado por Alfred Hitchcock para definir um objeto que impulsiona o roteiro de um filme, algo de que todos estão atrás e que faz a trama girar). Os criminosos terminam por despertar a fúria de Tenório, interpretado por Humberto Martins, o rouba cenas do longa. Tenório é a abordagem do ator ao “coroné”, figura poderosa temida na região. Martins dá show e desempenha uma performance digna de prêmios, comedido e intimidador, sem criar uma caricatura.

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Além de toda a “cobertura de bolo” da parte técnica, Reza a Lenda ainda possui um roteiro criativo, que incorpora elementos da cultura da região, entranhando-a no gênero. Além da figura da santa citada, que representa a fé e salvação para as almas perdidas, temos diversos momentos de alívio cômico, providos por referências às famosas festas juninas. Fogueiras e balões são incorporados aos métodos de tortura do vilão, por exemplo. Tudo de forma esperta e divertida.

Reza a Lenda destaca ainda Laura, personagem da bela Luisa Arraes (filha do cineasta Guel Arraes e da atriz Virgínia Cavendish), o terceiro elemento que entra em jogo para desestruturar a dinâmica Ara – Severina, e Galego Lorde (papel do sempre interessante Júlio Andrade), uma espécie de guru mitológico, cujos transes incluem festas rave no deserto. Reza a Lenda acerta ao ousar. Ao criar algo diferente do que o grande público está acostumado a ver de produções nacionais (comédias ou favela movies). Ao decidir mostrar que nossos cineastas possuem bastante competência para fugir da estrutura televisiva esperada. Em contrapartida, o público precisa comparecer e apoiar.

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