A ideia de normatividade de modelo familiar por muito tempo foi perpassada como um modelo único, especialmente nos últimos séculos na sociedade ocidental. Mas outros modelos de família existem, sempre existiram, e esse tem se tornado um assunto cada vez mais conversado pelas novas gerações. Nessa pegada estreia essa semana no circuito brasileiro o longa de animação ‘Robô Selvagem‘, a mais nova produção da Dreamworks que traz uma história para toda a família.
Roz (na voz de Elina de Souza) é uma robô que sobrevive a um naufrágio e acaba indo parar numa ilha desconhecida. Sozinha e sem encontrar seu objetivo para o qual foi programada, ela começa a percorrer a ilha em busca de encontrar alguém a quem ajudar. Nessa jornada, vai se deparando com muitos animais com os quais não consegue se comunicar, até que, num acidente, encontra o ovo de Bico-Vivo (posteriormente dublado por Gabriel Leone, na fase adulta), um filhote de ganso que fica órfão. A partir daí, Roz entende Bico-Vivo como sua missão: precisa ajudar esse filhote a aprender a se virar sozinho na floresta para voar na época da migração. Para isso, ela vai contar com a ajuda de Astuto (na voz de Rodrigo Lombardi), uma raposa com muitas intenções diferentes do que Roz imagina.
Logo na primeira cena, a do naufrágio, a Dreamworks já mostra a que veio. A qualidade técnica para criar em animação as ondas do mar são impressionantes. A produtora, responsável por franquias como ‘Madagascar’, já havia explicado que criara uma técnica única especial para reproduzir água/mar em animação, mas ver ali na telona é simplesmente de tirar o fôlego – e deixa o aviso de que sim, eles vieram para concorrer nas premiações mundiais com fortes chances de indicação ao Oscar.
Em cima disso, temos um roteiro que entrega tudo sem o espectador esperar nada. Você acha que vai ver apenas uma historinha infantil de um robô na floresta, e o roteiro de Chris Sanders e Peter Brown deixa a entender no início que seria mesmo só isso. Porém, a forma inteligente como as situações passam a ser construídas colocando em oposição duas, três culturas diferentes (o robô, os animais, a floresta) vai emocionando o espectador com o avanço da história, dosando aventura, humor, drama na medida certa. A alteridade aqui é finamente trabalhada a partir do ponto de vista de Roz, o elemento externo, que tem bom coração mas que não é compreendida no ambiente hostil. Em muitos momentos o filme lembra e emociona tal qual ‘E.T. – O Extraterrestre’ de Steven Spielberg.
Dirigido belamente por Chris Sanders, ‘Robô Selvagem’ é um filme completo, e que pode ser compreendido em muitas camadas (conceito de família, imigração, xenofobia, machismo, relações interraciais, mundo da tecnologia, proteção à natureza etc). ‘Robô Selvagem’ te arrebata sem você nem perceber e faz você chorar litros e querer abraçar todo mundo ao fim. Forte candidato aos principais prêmios da temporada!