sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | ‘Ruby Marinho’ é uma animação óbvia demais em todos os aspectos

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Na mais nova animação da DreamWorks, estúdio responsável por algumas das franquias mais icônicas do século (como ‘Shrek’ e ‘Como Treinar o seu Dragão’), somos transportados para uma exuberante cidade litorânea onde mora Ruby (Lana Condor), uma jovem kraken que esconde quem realmente é e tenta se passar apenas por uma adolescente normal – vivendo um dia de cada vez ao lado da família e proibida de entrar no oceano por ser perigoso demais. Entretanto, sua realidade vira de cabeça para baixo quando, num fatídico dia, ela tenta salvar o menino pelo qual é apaixonada e descobre que tem poderes inimagináveis que a permitem se transformar em uma criatura gigantesca defensora dos mares, assim como sua mãe e sua avó.

A premissa é bastante simples – bem como o restante do filme. Aqui, o diretor Kirk DeMicco se vale da clássica jornada do herói para desenrolar uma rápida, frenética e frustrante aventura marítima que não tem muito de novo a dizer e que vale a pena, essencialmente, pelo incrível trabalho de voz dos atores. Ruby posa como a menina “diferentona” da cidade, escondendo quem realmente é com explicações nem um pouco plausíveis (e que visam criticar alguns aspectos norte-americanos, sem muito sucesso) e desejando, mais que tudo, ser alguém normal. Todavia, sua percepção sobre o mundo é colocada em xeque com a já mencionada descoberta de suas habilidades (ora, ela até mesmo consegue se transformar em um kraken gigante e soltar raios pelos olhos) e com a chegada de uma garota chamada Chelsea (Annie Murphy), que logo conquista todas as pessoas do colégio.



A princípio, Ruby se vê acuada perante a imponência de Chelsea, percebendo que, talvez, ela nunca consiga ser aceita da mesma maneira. Porém, Chelsea também esconde um segredo: ela é uma sereia e, como a própria mãe de Ruby a contou, os krakens e as sereias permaneceram em guerra por muito tempo e não têm um histórico muito favorável, diga-se de passagem. Afinal, os krakens passaram décadas impedindo que suas inimigas mortais se apoderassem de um tridente mágico, que podia lhes conceder força descomunal para controlar os oceanos e subjugar qualquer um que ousasse colocar os pés na água. E, agora, Ruby e Chelsea têm a chance de colocar um ponto final nesse conflito ao unirem forças para recuperar o tridente perdido e garantir que as coisas fluam como devem.

Assista também:
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DeMicco não é nenhum novato no circuito animado e, nos últimos anos, comandou obras como ‘Os Croods’ e ‘A Jornada de Vivo’ (ambos um sucesso de público). Logo, é notável como ele sabe o que está fazendo e sabe como conduzir cada uma das cenas com um apreço significativo pelo exagero – não de forma pejorativa, mas sim de uma maneira que remonta às investidas atemporais dos anos 1990 e 2000, utilizando-se de uma paleta de cores vibrante, sequências de ação grandiosas e uma mistura assustadora de comédia e drama. Porém, nada foge muito do óbvio: as referências estéticas, ainda que funcionem, soam muito similares a obras como ‘Trolls’ e ‘Moana’ (principalmente nas cenas no fundo do mar), em que tons complementares explodem em uma mixórdia neon quase ininteligível.

O roteiro, resguardado sob três mãos, também não foge muito do convencional: a fórmula de Joseph Campbell é presente em todos os atos do longa-metragem, mas como uma fotocópia deturpada que não consegue alçar voo – o que é triste, considerando o enorme potencial da animação. Ruby é a heroína confinada no mundo que conhece, forçada a cruzar o limiar para o desconhecido e enfrentando diversos obstáculos pelo caminho, além de ser auxiliada por uma mentora, Grandmamah (Jane Fonda), que a treina para a batalha final. E, por fim, ela ressurge das cinzas, mais forte e mais sábia do que antes, retornando para o lar e pronta para a próxima aventura. Em outras palavras, é uma tarefa fácil (e um tanto quanto tediosa) prever o que vai acontecer.

Enquanto poucos aspectos do filme realmente funcionam, é necessário comentar a incrível performance do elenco, como um todo: temos Condor e Murphy nutrindo de uma química explosiva e de uma transmutação vocal invejável; Fonda, por sua vez, nos encanta com sua presença inenarrável e um papel que condiz com a grandiosidade do que ela representa na sétima arte; além do trio, temos Toni Collette, Sam Richardson, Colman Domingo, Will Forte e tantos outros dando tudo de si para nos guiar por essa aventura – e fazendo um trabalho digno em meio a tantos deslizes.

‘Ruby Marinho’ tem momentos bons, mas nada que o torne memorável. Há muitos clichês envolvidos no feitio da produção que, infelizmente, quebram a magia e apenas ressaltam a si mesmos – ainda que a diversão exista e que possamos varrer as múltiplas falhas para debaixo do tapete quando confrontados com um elenco de peso e que sabe muito bem o que está fazendo.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Na mais nova animação da DreamWorks, estúdio responsável por algumas das franquias mais icônicas do século (como ‘Shrek’ e ‘Como Treinar o seu Dragão’), somos transportados para uma exuberante cidade litorânea onde mora Ruby (Lana Condor), uma jovem kraken que esconde quem realmente é e tenta se passar apenas por uma adolescente normal – vivendo um dia de cada vez ao lado da família e proibida de entrar no oceano por ser perigoso demais. Entretanto, sua realidade vira de cabeça para baixo quando, num fatídico dia, ela tenta salvar o menino pelo qual é apaixonada e descobre que tem poderes inimagináveis que a permitem se transformar em uma criatura gigantesca defensora dos mares, assim como sua mãe e sua avó.

A premissa é bastante simples – bem como o restante do filme. Aqui, o diretor Kirk DeMicco se vale da clássica jornada do herói para desenrolar uma rápida, frenética e frustrante aventura marítima que não tem muito de novo a dizer e que vale a pena, essencialmente, pelo incrível trabalho de voz dos atores. Ruby posa como a menina “diferentona” da cidade, escondendo quem realmente é com explicações nem um pouco plausíveis (e que visam criticar alguns aspectos norte-americanos, sem muito sucesso) e desejando, mais que tudo, ser alguém normal. Todavia, sua percepção sobre o mundo é colocada em xeque com a já mencionada descoberta de suas habilidades (ora, ela até mesmo consegue se transformar em um kraken gigante e soltar raios pelos olhos) e com a chegada de uma garota chamada Chelsea (Annie Murphy), que logo conquista todas as pessoas do colégio.

A princípio, Ruby se vê acuada perante a imponência de Chelsea, percebendo que, talvez, ela nunca consiga ser aceita da mesma maneira. Porém, Chelsea também esconde um segredo: ela é uma sereia e, como a própria mãe de Ruby a contou, os krakens e as sereias permaneceram em guerra por muito tempo e não têm um histórico muito favorável, diga-se de passagem. Afinal, os krakens passaram décadas impedindo que suas inimigas mortais se apoderassem de um tridente mágico, que podia lhes conceder força descomunal para controlar os oceanos e subjugar qualquer um que ousasse colocar os pés na água. E, agora, Ruby e Chelsea têm a chance de colocar um ponto final nesse conflito ao unirem forças para recuperar o tridente perdido e garantir que as coisas fluam como devem.

DeMicco não é nenhum novato no circuito animado e, nos últimos anos, comandou obras como ‘Os Croods’ e ‘A Jornada de Vivo’ (ambos um sucesso de público). Logo, é notável como ele sabe o que está fazendo e sabe como conduzir cada uma das cenas com um apreço significativo pelo exagero – não de forma pejorativa, mas sim de uma maneira que remonta às investidas atemporais dos anos 1990 e 2000, utilizando-se de uma paleta de cores vibrante, sequências de ação grandiosas e uma mistura assustadora de comédia e drama. Porém, nada foge muito do óbvio: as referências estéticas, ainda que funcionem, soam muito similares a obras como ‘Trolls’ e ‘Moana’ (principalmente nas cenas no fundo do mar), em que tons complementares explodem em uma mixórdia neon quase ininteligível.

O roteiro, resguardado sob três mãos, também não foge muito do convencional: a fórmula de Joseph Campbell é presente em todos os atos do longa-metragem, mas como uma fotocópia deturpada que não consegue alçar voo – o que é triste, considerando o enorme potencial da animação. Ruby é a heroína confinada no mundo que conhece, forçada a cruzar o limiar para o desconhecido e enfrentando diversos obstáculos pelo caminho, além de ser auxiliada por uma mentora, Grandmamah (Jane Fonda), que a treina para a batalha final. E, por fim, ela ressurge das cinzas, mais forte e mais sábia do que antes, retornando para o lar e pronta para a próxima aventura. Em outras palavras, é uma tarefa fácil (e um tanto quanto tediosa) prever o que vai acontecer.

Enquanto poucos aspectos do filme realmente funcionam, é necessário comentar a incrível performance do elenco, como um todo: temos Condor e Murphy nutrindo de uma química explosiva e de uma transmutação vocal invejável; Fonda, por sua vez, nos encanta com sua presença inenarrável e um papel que condiz com a grandiosidade do que ela representa na sétima arte; além do trio, temos Toni Collette, Sam Richardson, Colman Domingo, Will Forte e tantos outros dando tudo de si para nos guiar por essa aventura – e fazendo um trabalho digno em meio a tantos deslizes.

‘Ruby Marinho’ tem momentos bons, mas nada que o torne memorável. Há muitos clichês envolvidos no feitio da produção que, infelizmente, quebram a magia e apenas ressaltam a si mesmos – ainda que a diversão exista e que possamos varrer as múltiplas falhas para debaixo do tapete quando confrontados com um elenco de peso e que sabe muito bem o que está fazendo.

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