domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Shiva Baby: Comédia com Dianna Agron, de Glee, é constrangedora e hilária

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2020

Tradições singulares e fofocas e conversas intimidadoras que permeiam todo um ambiente que, ainda que seja espaçoso, nunca pareceu tão claustrofóbico e abafado. As reuniões de família são como pequenos e desconfortáveis universos, onde nada e nem ninguém está absolutamente a salvo. E em Shiva Baby, todo o constrangimento natural de um velório ganha ares ainda mais peculiares e tragicômicos, quando uma pequena e expressiva comunidade judaica se reúne em meio à morte, encontros, desencontros, vidas amorosas controversas e um bebê indesejável – que promete transformar o que já era inconveniente, em um cômico pesadelo familiar.



Emma Seligman já tinha uma boa história em mãos para contar, quando apresentou Shiva Baby como parte do programa de curtas-metragens do Festival de Toronto 2019. Na ocasião, o pequeno conto sobre os dissabores das caóticas reuniões familiares fez sucesso e seu impacto foi tão significativo, que sua trama se estendeu e chegou na excepcional edição de 2020 como uma comédia com ares dramáticos, que faz da tragédia o epicentro de um sucessão de hilárias pequenas confusões familiares.

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Aqui, Rachel Sennott vive uma jovem sem rumo que – em busca de dinheiro fácil – decide se transformar em uma sugar baby. Como alguém que leva uma vida dupla, entre sua relação amorosa regada de luxo e presentes e sua dinâmica familiar com seus pais conservadores, a protagonista em si não possui uma identidade própria. Aquém à sua própria vida, ela navega como uma pessoa de pouca personalidade, que verá sua fachada cair por terra ao se deparar com o seu sugar daddy no mesmo shiva (uma celebração judaica semelhante ao velório) em que ela e toda sua família estão presentes. Um prato cheio para encontros desconfortáveis, o momento, que deveria ser solene, se transforma em um enorme e caótico efeito dominó.

Com uma direção simples, que centraliza suas tomadas na linguagem corporal dos atores e na dinâmica entre os personagens, Shiva Baby é uma comédia clássica da vida privada, que cresce ainda mais ao trazer o regionalismo da cultura judaica como instrumento fundamental para a sua construção narrativa. Quebrando um pouco o molde deste subgênero cômico, Seligman consegue entregar uma produção original que embala a audiência em um humor constrangedor delicioso. Entregando anedotas particulares a cada nova cena, a produção não perde o seu ritmo e é capaz de se sustentar do começo ao fim, proporcionando à audiência uma experiência deliciosamente engraçada e autêntica.

Trazendo a desconhecida Rachel Sennott ao lado de Dianna Agron, popular por ter feito parte da série Glee, a comédia ao estilo vergonha alheia é um deleite para o público, inteligente em seus diálogos e desencontros e se desenvolve com leveza, em uma trama que funciona ao ponto de fixar os olhos do público sem pestanejar. Com seus aspectos técnicos bem simples e de pouco destaque, Shiva Baby não caminha – e tão pouco almeja caminhar – em direção ao formato conceitual. Focando em sua principal essência, que é o fazer rir a partir das pitorescas relações familiares, a estreia na direção de longas metragens de Emma Seligman é uma das comédias inconvenientes mais saborosas de um amargo 2020, que nunca precisou tanto de um filme como esse.

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Emma Seligman já tinha uma boa história em mãos para contar, quando apresentou Shiva Baby como parte do programa de curtas-metragens do Festival de Toronto 2019. Na ocasião, o pequeno conto sobre os dissabores das caóticas reuniões familiares fez sucesso e seu impacto foi tão significativo, que sua trama se estendeu e chegou na excepcional edição de 2020 como uma comédia com ares dramáticos, que faz da tragédia o epicentro de um sucessão de hilárias pequenas confusões familiares.

Aqui, Rachel Sennott vive uma jovem sem rumo que – em busca de dinheiro fácil – decide se transformar em uma sugar baby. Como alguém que leva uma vida dupla, entre sua relação amorosa regada de luxo e presentes e sua dinâmica familiar com seus pais conservadores, a protagonista em si não possui uma identidade própria. Aquém à sua própria vida, ela navega como uma pessoa de pouca personalidade, que verá sua fachada cair por terra ao se deparar com o seu sugar daddy no mesmo shiva (uma celebração judaica semelhante ao velório) em que ela e toda sua família estão presentes. Um prato cheio para encontros desconfortáveis, o momento, que deveria ser solene, se transforma em um enorme e caótico efeito dominó.

Com uma direção simples, que centraliza suas tomadas na linguagem corporal dos atores e na dinâmica entre os personagens, Shiva Baby é uma comédia clássica da vida privada, que cresce ainda mais ao trazer o regionalismo da cultura judaica como instrumento fundamental para a sua construção narrativa. Quebrando um pouco o molde deste subgênero cômico, Seligman consegue entregar uma produção original que embala a audiência em um humor constrangedor delicioso. Entregando anedotas particulares a cada nova cena, a produção não perde o seu ritmo e é capaz de se sustentar do começo ao fim, proporcionando à audiência uma experiência deliciosamente engraçada e autêntica.

Trazendo a desconhecida Rachel Sennott ao lado de Dianna Agron, popular por ter feito parte da série Glee, a comédia ao estilo vergonha alheia é um deleite para o público, inteligente em seus diálogos e desencontros e se desenvolve com leveza, em uma trama que funciona ao ponto de fixar os olhos do público sem pestanejar. Com seus aspectos técnicos bem simples e de pouco destaque, Shiva Baby não caminha – e tão pouco almeja caminhar – em direção ao formato conceitual. Focando em sua principal essência, que é o fazer rir a partir das pitorescas relações familiares, a estreia na direção de longas metragens de Emma Seligman é uma das comédias inconvenientes mais saborosas de um amargo 2020, que nunca precisou tanto de um filme como esse.

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