quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Sob as Escadas de Paris – Uma reflexão sobre a realidade dos refugiados e moradores de rua na capital francesa

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Cidades como Paris são vistas mundialmente como a capital dos sonhos: é para onde muitas pessoas querem ir para visitar, passar a lua de mel, turistar, estudar e até mesmo morar. Sim, é o sonho de muitas pessoas, mas esse local paradisíaco também tem seu lado menos glamuroso, retratado em muitos momentos nas artes, como a célebre peça ‘Os Miseráveis’, de Victor Hugo. Em tempos atuais, as problemáticas de uma cidade cosmopolita e icônica como Paris giram em torno do fluxo imigratório de indivíduos de outros países, criando um enorme impacto social. Propondo uma reflexão sobre este tema, chegou essa semana aos cinemas brasileiros o longa francês ‘Sob as Escadas de Paris’.



Christine (Chaterine Frot) é uma moradora em situação de rua que vive debaixo de uma das pontes parisienses graças à vista grossa do vigia local, que simpatiza com ela. Sua vida se resume a sobreviver mais um dia nas ruas de Paris, entre alimentar-se em abrigos e voltar para dormir debaixo da ponte. Até que sua rotina é abalada com o aparecimento inesperado de um menino à porta do recuo onde vive. Embora tente se afastar dele, aos poucos Christine percebe que o garoto, de nome Suli (Mahamadou Yaffa) não fala francês, por ser um imigrante ilegal cuja mãe fora separada dele. A contragosto, Christine começa a procurar pela mãe do menino pelas ruas de Paris, ao mesmo tempo em que cria um vínculo de afeto por ele que não sabia ser capaz de sentir novamente em sua vida.

Em uma hora e meia de duração, o roteiro de Olivier Brunhes e Claus Drexel centra a história em dois personagens tão diferentes quanto curiosos: ela, uma mulher branca, mais velha, cidadã daquele país, cujo passado é desconhecido ao espectador – que se pergunta como uma mulher com essas características foi se tornar uma moradora nas ruas; ele, um menino de cerca de oito anos, oriundo de algum país africano, sem família, ilegal, sem falar a língua local e cujo passado também é desconhecido ao espectador, que fica sem saber como ou porquê ele chegou à França. Entretanto, a história de ‘Sob as Escadas de Paris’ é sobre o encontro improvável dessas duas vidas que caminham juntas em um determinado local e hora, de modo que o pano de fundo fica à critério de nossa imaginação – e, dada às notícias dos jornais, não é difícil de preencher com alguns elementos da nossa realidade.

Sob as Escadas de Paris’ é um drama leve, apesar da temática, que faz refletir sem pesar a mão em situações chocantes ou violentas, embora trace sim um panorama de como os imigrantes ilegais encontram seus espaços de sobrevivência na capital do amor. Claus Drexel constrói um filme que se propõe abrir os olhos do espectador e retratar a contemporaneidade dos Oliver Twists modernos e do descrédito que muitas profissões estão tendo naquele país. Inesperadamente, é um filme tocante, que desilude a ideia de que na Europa tudo (ainda) está dando certo.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Christine (Chaterine Frot) é uma moradora em situação de rua que vive debaixo de uma das pontes parisienses graças à vista grossa do vigia local, que simpatiza com ela. Sua vida se resume a sobreviver mais um dia nas ruas de Paris, entre alimentar-se em abrigos e voltar para dormir debaixo da ponte. Até que sua rotina é abalada com o aparecimento inesperado de um menino à porta do recuo onde vive. Embora tente se afastar dele, aos poucos Christine percebe que o garoto, de nome Suli (Mahamadou Yaffa) não fala francês, por ser um imigrante ilegal cuja mãe fora separada dele. A contragosto, Christine começa a procurar pela mãe do menino pelas ruas de Paris, ao mesmo tempo em que cria um vínculo de afeto por ele que não sabia ser capaz de sentir novamente em sua vida.

Em uma hora e meia de duração, o roteiro de Olivier Brunhes e Claus Drexel centra a história em dois personagens tão diferentes quanto curiosos: ela, uma mulher branca, mais velha, cidadã daquele país, cujo passado é desconhecido ao espectador – que se pergunta como uma mulher com essas características foi se tornar uma moradora nas ruas; ele, um menino de cerca de oito anos, oriundo de algum país africano, sem família, ilegal, sem falar a língua local e cujo passado também é desconhecido ao espectador, que fica sem saber como ou porquê ele chegou à França. Entretanto, a história de ‘Sob as Escadas de Paris’ é sobre o encontro improvável dessas duas vidas que caminham juntas em um determinado local e hora, de modo que o pano de fundo fica à critério de nossa imaginação – e, dada às notícias dos jornais, não é difícil de preencher com alguns elementos da nossa realidade.

Sob as Escadas de Paris’ é um drama leve, apesar da temática, que faz refletir sem pesar a mão em situações chocantes ou violentas, embora trace sim um panorama de como os imigrantes ilegais encontram seus espaços de sobrevivência na capital do amor. Claus Drexel constrói um filme que se propõe abrir os olhos do espectador e retratar a contemporaneidade dos Oliver Twists modernos e do descrédito que muitas profissões estão tendo naquele país. Inesperadamente, é um filme tocante, que desilude a ideia de que na Europa tudo (ainda) está dando certo.

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