quinta-feira, abril 25, 2024

Crítica | ‘Sob Pressão’ – O Livro que virou Filme, Que Virou Série, Que Ganhou o Público

Esta é uma daquelas histórias inacreditáveis do mundo das artes. ‘Sob Pressão’ era, inicialmente, um livro, publicado pela editora Globo Livros, com o subtítulo ‘A rotina de guerra de um médico brasileiro’, escrito por Márcio Maranhão. Em seguida, virou filme, em 2016, com o mesmo título, dirigido por Andrucha Waddington, produzido pela Globo Filmes e pela Conspiração, com Marjorie Estiano, Andréa Beltrão e Stepan Nercessian no elenco. A recepção do filme foi tão boa que, pouco tempo depois, a história foi destrinchada e ampliada para uma série da Rede Globo, que estreou em 2017 sob mesma direção.

Embora seja a primeira temporada, a série não tem pena do espectador e já “começa começando”, nos jogando para dentro da realidade dramática do dia a dia de um hospital público na zona norte do Rio de Janeiro. A gente percebe que a produção é requintada, com mais investimento do que uma série comum, porque ela possui ares cinematográficos. Os sinais estão desde a abertura – esfumaçada, com imagens espiraladas – a até mesmo a qualidade dos takes, passando pela iluminação que ajuda a ambientar o clima tenso dentro do hospital em contraste com o nascer/pôr do sol do lado de fora, capturado por uma câmera posicionada no topo do prédio. Aplausos para Andrucha Waddington por essa direção incrível e também às produtoras, por decidirem investir na trama.

Centrada no protagonismo do Dr. Evandro (Júlio Andrade, excelente no papel), aos poucos o enredo vai desenvolvendo a história particular de cada funcionário do hospital – a Dra. Carolina (Marjorie Estiano, novamente excelente, dessa vez na série), Dr. Décio (Bruno Garcia, cujo personagem possui algum segredo que ainda não sabemos), Dr. Amir (Orã Figueiredo, o alívio cômico no meio de tanta tensão), Dr. Charles (Pablo Sanábio, que nos angustia passando a insegurança de um estagiário residente) e Dr. Samuel (interpretado pelo veterano Stepan Nercessian, que parece à beira da morte em cada episódio, por conta da diabetes do personagem), rodeados por um elenco de apoio entrosado e competente.

Dos nove episódios da temporada, os mais impactantes são o 1º, em que o Dr. Evandro precisa operar a própria esposa; o 3º, onde uma mãe reluta em desligar os aparelhos do filho com morte cerebral; o 6º, com as vítimas de um acidente que lotam o hospital, que não tem condições de comportar tanta gente; e o 7º, quando rola uma troca de tiros dentro do próprio hospital.

É bem verdade que a série estreia já calcada no sucesso do livro e do filme, porém, o grande mérito dessa nova produção é que ela se fortalece em cima da realidade cotidiana do cenário carioca, mostrando um cenário nem um pouco turístico da vida dos médicos brasileiros que, além de salvar vidas, têm que provar diariamente que são verdadeiros super-heróis, desdobrando-se para dar conta de tantos pacientes, operando verdadeiros milagres com a falta de condições do ambiente de trabalho.

Uma ficção que não de afasta da realidade, e, justamente por isso, conquista os espectadores.

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