sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Solteiramente – Uma Empoderada Comédia Romântica da Netflix

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Para as fãs de comédia romântica fofinha, que estão buscando um filme leve, divertido e ainda por cima com uma boa mensagem para refletir, sintoniza agora em ‘Solteiramente’, novo filme sul-africano da Netflix.

A premissa é bem parecida com muito do que você já viu: Dineo (Fulu Mugovhani) é uma jovem louca pra casar. Ela tem entrado e saído de relacionamentos sérios desde que se entende por gente – ao contrário de sua melhor amiga, Noni (Tumi Morake), que sai todos os dias com um homem diferente e está fugindo de compromissos. Enquanto Dineo fica se perguntando o que está fazendo de errado que faz os caras não quererem casar com ela, Noni fica a seu lado, como sua fiel escudeira, enquanto a melhor amiga atravessa uma dolorida jornada pelo resgate de sua autoestima.



O roteiro de Lwazi Mvusi espelha muitos elementos encontrados nas rom-coms estadunidense, o que não deve causar estranhamento nenhum aos fãs do gênero. Estão lá os clichês que adoramos, os estereótipos, as frases cafoninhas de impacto, as reviravoltas esperadas, etc. Mas esse não o grande diferencial do roteiro, e sim o uso dessa melhor amiga, Noni, e da jornada pessoal da protagonista como ferramenta de diálogo com o público alvo. Através dessa segunda camada, que funciona como fio condutor da protagonista, o público assiste não só ao empoderamento dessa personagem, mas também à liberdade e à retomada do controle da própria vida.

Tudo isso em qualquer outro filme hollywoodiano já seria legal, mas se torna especialmente importante uma vez que é uma produção da África do Sul, com o elenco todo negro. Para tal, a direção de Katleho Ramaphakela e Rethabile Ramaphakela buscou retratar personagens sofisticados, bem vestidos, de classe média alta, com dinheiro (elementos que fogem do imaginário sobre África) e, vá lá, até mesmo com comportamentos ocidentais, sim. Mas esses mesmos personagens não se distanciam de sua ancestralidade, vira e mexe falando africâner ou zulu, colocando alguma representação no figurino da moda africana e demonstrando a importância da família – e, mais especificadamente, da mãe – na vida dos personagens. Nesse sentido, a construção de ‘Solteiramente’, embora calcada no formato ocidental de fazer filmes, é bastante afrofuturista.

Duas coisas se destacam em ‘Solteiramente’: o figurino, de cores fortes e estampas que contrastam com os ambientes, especialmente no apartamento das protagonistas; e a personagem Noni, cuja atuação de Tumi Morake e sua química com Max (Yonda Thomas) rouba a cena todas as vezes em que aparecem. Tumi cria uma Noni muito espontânea, ao ponto de fazê-la parecer com alguém que a gente conhece.

Embora ‘Solteiramente’ seja uma comédia romântica sobre a tal busca pelo marido, o que na verdade o filme mostra é a importância na vida das mulheres de ter uma melhor amiga por perto, e o quanto essa sororidade ajuda a construir mulheres mais fortes e emocionalmente independentes. Como a própria Noni diz, “quando se é mulher, sucesso não é suficiente.”  ‘Solteiramente’ é um filme que diverte e inspira!

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O roteiro de Lwazi Mvusi espelha muitos elementos encontrados nas rom-coms estadunidense, o que não deve causar estranhamento nenhum aos fãs do gênero. Estão lá os clichês que adoramos, os estereótipos, as frases cafoninhas de impacto, as reviravoltas esperadas, etc. Mas esse não o grande diferencial do roteiro, e sim o uso dessa melhor amiga, Noni, e da jornada pessoal da protagonista como ferramenta de diálogo com o público alvo. Através dessa segunda camada, que funciona como fio condutor da protagonista, o público assiste não só ao empoderamento dessa personagem, mas também à liberdade e à retomada do controle da própria vida.

Tudo isso em qualquer outro filme hollywoodiano já seria legal, mas se torna especialmente importante uma vez que é uma produção da África do Sul, com o elenco todo negro. Para tal, a direção de Katleho Ramaphakela e Rethabile Ramaphakela buscou retratar personagens sofisticados, bem vestidos, de classe média alta, com dinheiro (elementos que fogem do imaginário sobre África) e, vá lá, até mesmo com comportamentos ocidentais, sim. Mas esses mesmos personagens não se distanciam de sua ancestralidade, vira e mexe falando africâner ou zulu, colocando alguma representação no figurino da moda africana e demonstrando a importância da família – e, mais especificadamente, da mãe – na vida dos personagens. Nesse sentido, a construção de ‘Solteiramente’, embora calcada no formato ocidental de fazer filmes, é bastante afrofuturista.

Duas coisas se destacam em ‘Solteiramente’: o figurino, de cores fortes e estampas que contrastam com os ambientes, especialmente no apartamento das protagonistas; e a personagem Noni, cuja atuação de Tumi Morake e sua química com Max (Yonda Thomas) rouba a cena todas as vezes em que aparecem. Tumi cria uma Noni muito espontânea, ao ponto de fazê-la parecer com alguém que a gente conhece.

Embora ‘Solteiramente’ seja uma comédia romântica sobre a tal busca pelo marido, o que na verdade o filme mostra é a importância na vida das mulheres de ter uma melhor amiga por perto, e o quanto essa sororidade ajuda a construir mulheres mais fortes e emocionalmente independentes. Como a própria Noni diz, “quando se é mulher, sucesso não é suficiente.”  ‘Solteiramente’ é um filme que diverte e inspira!

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