domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Suprema – Felicity Jones vive a Capitã Marvel da vida real

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Com base no Sexo

Assim como todo ano temos os filmes indicados ao Oscar (e os eventuais vencedores), temos também os filmes que quase chegaram lá. Filmes que despertam grande falatório de prêmios, lançados especialmente na época propícia para serem pescados pelas principais premiações – mas que terminam por morrer na praia. Querido Menino, Boy Erased, O Peso do Passado, O Retorno de Ben, A Mula, Colette e O Favorito são alguns recentes que facilmente se encaixam em tal lista. Com Suprema, ocorre o mesmo.

Parte da homenagem que a juíza da Suprema Corte Americana, Ruth Bader Ginsburg, recebeu em 2018 – com o documentário RBG (indicado ao Oscar) servindo de dobradinha mais que perfeita -, On the Basis of Sex (no título original) atraía os radares desde sua concepção. Tudo em relação ao filme causa o interesse instantâneo dos cinéfilos: seja a celebração digna a esta importante figura que caminha lado a lado à melhor definição de feminismo (um tema muito em voga); seja o elenco de renome (encabeçado pela indicada ao Oscar Felicity Jones); ou pela cineasta no comando da obra, a eficiente Mimi Leder (O Pacificador e Impacto Profundo).



Suprema tinha tudo para ser apenas mais uma biografia convencional, daquelas que de forma didática perpassa todos os principais eventos da vida de seu retratado – e que muitas vezes soam exatamente como um telefilme. E Suprema, de fato, não é um filme que se arrisca em sua narrativa, montagem ou qualquer outro elemento técnico da direção de Leder. Suprema surge praticamente como uma peça de teatro, onde o que conta – e muito – são o texto fervoroso e as atuações empenhadas.

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Leder, como diretora talentosa que é, não deixa qualquer pretensão se meter na frente desta história – o verdadeiro foco aqui. Para isso, a cineasta senta no banco de trás e não rouba o espetáculo de seus atores – guiando-os estrategicamente pelo caminho que planejou (fazendo bom uso aqui do termo “diretor de atores”).

O texto de Daniel Stiepleman é tão verborrágico que, além de realmente soar como uma peça, nos instiga a uma revisão, a fim de absorver todos os pormenores que eventualmente deixamos passar na primeira visita. Repleto de significados, entrelinhas e temas pra lá de pungentes – em especial a adaptação e evolução da mulher, e por assim do feminismo, ao longo das décadas desde os divisores anos 1960 -, o roteiro é repleto de diálogos memoráveis e conteúdo informativo sobre leis, direitos e sociedade. Levando em conta que este é o primeiro trabalho do sujeito na área, Stiepleman entra automaticamente no hall dos profissionais a se ficar de olho.

O elenco caminha junto, e Felicity Jones mostra boa química com o companheiro de cena Armie Hammer. Ela é a protagonista, uma mulher decidida, que sempre teve o apoio do companheiro (Hammer), lutando a seu lado por suas decisões. O peso de interpretar uma verdadeira heroína da vida real nos ombros é grande, mas Jones não faz feio. Apesar disso, o destaque dentre as atuações fica mesmo para os coadjuvantes. Gente como Justin Theroux e Kathy Bates roubam a cena quando estão em tela.

Em especial, não poderia deixar de citar a jovem Cailee Spaeny, a qual só reconheci ao ler seu nome nos créditos – para a minha surpresa. Coincidentemente, já havia elogiado a jovem como talento promissor em seu debute ano passado, enaltecendo Spaeny como a melhor coisa de Círculo de Fogo: A Revolta. A camaleônica atriz de 21 anos entrega mais uma performance arrebatadora na pele da filha do casal Ginsburg, construindo com a mãe alguns dos melhores embates do longa, e enriquecendo o debate sobre as diferentes dinâmicas e vertentes do feminismo.

Suprema não é um filme moderno, e de fato possui toda a estrutura e forma dos clássicos da era de ouro de Hollywood. Porém, traz em seu texto toda a associação necessária para os tempos atuais, mostrando como o mundo evoluiu em algumas décadas, e principalmente o quanto ainda precisa evoluir.

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Assim como todo ano temos os filmes indicados ao Oscar (e os eventuais vencedores), temos também os filmes que quase chegaram lá. Filmes que despertam grande falatório de prêmios, lançados especialmente na época propícia para serem pescados pelas principais premiações – mas que terminam por morrer na praia. Querido Menino, Boy Erased, O Peso do Passado, O Retorno de Ben, A Mula, Colette e O Favorito são alguns recentes que facilmente se encaixam em tal lista. Com Suprema, ocorre o mesmo.

Parte da homenagem que a juíza da Suprema Corte Americana, Ruth Bader Ginsburg, recebeu em 2018 – com o documentário RBG (indicado ao Oscar) servindo de dobradinha mais que perfeita -, On the Basis of Sex (no título original) atraía os radares desde sua concepção. Tudo em relação ao filme causa o interesse instantâneo dos cinéfilos: seja a celebração digna a esta importante figura que caminha lado a lado à melhor definição de feminismo (um tema muito em voga); seja o elenco de renome (encabeçado pela indicada ao Oscar Felicity Jones); ou pela cineasta no comando da obra, a eficiente Mimi Leder (O Pacificador e Impacto Profundo).

Suprema tinha tudo para ser apenas mais uma biografia convencional, daquelas que de forma didática perpassa todos os principais eventos da vida de seu retratado – e que muitas vezes soam exatamente como um telefilme. E Suprema, de fato, não é um filme que se arrisca em sua narrativa, montagem ou qualquer outro elemento técnico da direção de Leder. Suprema surge praticamente como uma peça de teatro, onde o que conta – e muito – são o texto fervoroso e as atuações empenhadas.

Leder, como diretora talentosa que é, não deixa qualquer pretensão se meter na frente desta história – o verdadeiro foco aqui. Para isso, a cineasta senta no banco de trás e não rouba o espetáculo de seus atores – guiando-os estrategicamente pelo caminho que planejou (fazendo bom uso aqui do termo “diretor de atores”).

O texto de Daniel Stiepleman é tão verborrágico que, além de realmente soar como uma peça, nos instiga a uma revisão, a fim de absorver todos os pormenores que eventualmente deixamos passar na primeira visita. Repleto de significados, entrelinhas e temas pra lá de pungentes – em especial a adaptação e evolução da mulher, e por assim do feminismo, ao longo das décadas desde os divisores anos 1960 -, o roteiro é repleto de diálogos memoráveis e conteúdo informativo sobre leis, direitos e sociedade. Levando em conta que este é o primeiro trabalho do sujeito na área, Stiepleman entra automaticamente no hall dos profissionais a se ficar de olho.

O elenco caminha junto, e Felicity Jones mostra boa química com o companheiro de cena Armie Hammer. Ela é a protagonista, uma mulher decidida, que sempre teve o apoio do companheiro (Hammer), lutando a seu lado por suas decisões. O peso de interpretar uma verdadeira heroína da vida real nos ombros é grande, mas Jones não faz feio. Apesar disso, o destaque dentre as atuações fica mesmo para os coadjuvantes. Gente como Justin Theroux e Kathy Bates roubam a cena quando estão em tela.

Em especial, não poderia deixar de citar a jovem Cailee Spaeny, a qual só reconheci ao ler seu nome nos créditos – para a minha surpresa. Coincidentemente, já havia elogiado a jovem como talento promissor em seu debute ano passado, enaltecendo Spaeny como a melhor coisa de Círculo de Fogo: A Revolta. A camaleônica atriz de 21 anos entrega mais uma performance arrebatadora na pele da filha do casal Ginsburg, construindo com a mãe alguns dos melhores embates do longa, e enriquecendo o debate sobre as diferentes dinâmicas e vertentes do feminismo.

Suprema não é um filme moderno, e de fato possui toda a estrutura e forma dos clássicos da era de ouro de Hollywood. Porém, traz em seu texto toda a associação necessária para os tempos atuais, mostrando como o mundo evoluiu em algumas décadas, e principalmente o quanto ainda precisa evoluir.

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