sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | ‘Sweet Tooth’ retorna com uma 2ª temporada ainda melhor que a primeira

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Quando Sweet Tooth estreou na Netflix lá em 2021, tornou-se não apenas uma das melhores entradas do catálogo da plataforma de streaming, como uma sensação sem igual pelo planeta. A trama, baseada nos quadrinhos homônimos da DC, é ambientada em um mundo pós-apocalíptico acometido pelo Flagelo, uma doença mortal que varreu quase toda a humanidade – e que, de alguma maneira, influenciou no nascimento de crianças híbridas, com características animais (chifres, caudas, penas ou outras), causando um caos generalizado que acreditava que essas inocentes criaturas tinham alguma coisa a ver com o vírus.

Agora, dois anos depois de uma grandiosa estreia, estamos de volta ao cosmos criado por Jeff Lemire como uma segunda temporada que mantém a originalidade e a qualidade da anterior, por vezes superando-a – principalmente no quesito dramático. Continuando de onde paramos, Gus (Christian Convery) foi raptado pelos Últimos Homens e levado sob custódia para o Zoológico de Essex, onde Aimee (Dania Ramirez) e seus filhos híbridos moravam antes da invasão do General Abbot (Neil Sandilands). Agora, Gus se vê na companhia dos outros prisioneiros, incluindo a sábia Wendy (Naledi Murray), aguardando um futuro sombrio que pode acabar com a vida de cada um deles. Afinal, Abbot, em uma vendeta mais pessoal do que heroica, quer encontrar uma cura para o Flagelo e acredita que os híbridos sejam a chave para salvar o que resta dos humanos.



Enquanto isso, Aimee e Jepp (Nonso Anozie) arquitetam um complexo plano que envolve a força de outros justiceiros para enfrentar Abbot e seu séquito, movidos por um desejo de reparação que serve como um dos motes do mais recente ciclo. E, por fim, temos a presença do Dr. Aditya Singh (Adeel Akhtar), que trabalha incessantemente para encontrar uma vacina e garantir a sobrevivência da esposa, Rani (Aliza Vellani), que convive com a doença há quase uma década e só não perece através de um tratamento paliativo. Assim como todos os outros – e trabalhando para o odioso antagonista interpretado por Sandilands -, o Dr. Singh está desesperado para garantir o próprio futuro, agindo com cautela em uma corda bamba entre o que é certo e o que é prático.

É notável como o showrunner e criador Jim Mickle consegue navegar por uma estrutura que se difere em diversos aspectos da iteração anterior. Em um passado não muito remoto, Gus era apenas uma criança sem conhecimento palpável sobre o que o esperava longe de sua confortável cabana; movido pela curiosidade e pela necessidade de pertencer a algum lugar, o adorável menino-cervo descobriu que as coisas não são tão simples e que, por ser diferente dos outros e estar intimamente ligado a uma catástrofe planetária, ele é caçado por algozes perigosos. E, após enfrentar tantos obstáculos, ele se vê pronto para emergir como um herói e garantir a continuidade de uma espécie que representa o futuro, e não a destruição.

Aliado a um time habilidoso de roteiristas, Mickle se vê dotado de tempo de sobra para finalizar arcos valiosos e abrir brechas para incursões futuras – como o coming-of-age de Gus, Wendy e as crianças híbridas, obrigadas a amadurecer e a enfrentar aqueles que lhe causaram mal; a redenção de Jepp e dos crimes que cometeu quando fazia parte dos Últimos Homens; a compreensão de Aimee acerca de seu papel como mãe e protetora; e o enfrentamento dos demônios anteriores por parte do Dr. Singh, que, em uma constância angustiante, coloca uma pesquisa sem frutos concretos à frente de um casamento quase falido, que só pode ser salvo por sua empatia. Todas essas tramas e subtramas são tratadas com o carinho e o respeito que merecem.

Apesar de pontuais deslizes ocorrerem no tocante ao ritmo, nada é forte o suficiente para ofuscar a quase impecável obra-prima que se ergue aqui. Mickle também investe esforços em pontos de importância dramática ímpar, não pensando duas vezes antes de sacrificar personagens e nos guiar em uma montanha-russa de emoções, por vezes nos fazendo crer que as coisas estão bem, por vezes nos arremessando em um vórtice de inquietação que premedita um futuro nebuloso. O que será que vai acontecer a Gus? E a cura, ela será achada? São muitas as perguntas a ganharem com essa espetacular leva de episódios – e o fato de nos deixarem animados para o próximo ciclo já diz muito sobre a qualidade da série.

Sweet Tooth volta com mais força do que nunca e nos entrega uma mistura explosiva, vibrante e emocionante de comédia, drama, aventura e magia – apoiando-se em um elenco cuja química cresce ano após ano e uma estrutura visual de tirar o fôlego. A Netflix volta a acertar com um de seus títulos originais de maior sucesso e faz questão de que sejamos parte ativa dessa jornada que ainda tem muito para contar.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Agora, dois anos depois de uma grandiosa estreia, estamos de volta ao cosmos criado por Jeff Lemire como uma segunda temporada que mantém a originalidade e a qualidade da anterior, por vezes superando-a – principalmente no quesito dramático. Continuando de onde paramos, Gus (Christian Convery) foi raptado pelos Últimos Homens e levado sob custódia para o Zoológico de Essex, onde Aimee (Dania Ramirez) e seus filhos híbridos moravam antes da invasão do General Abbot (Neil Sandilands). Agora, Gus se vê na companhia dos outros prisioneiros, incluindo a sábia Wendy (Naledi Murray), aguardando um futuro sombrio que pode acabar com a vida de cada um deles. Afinal, Abbot, em uma vendeta mais pessoal do que heroica, quer encontrar uma cura para o Flagelo e acredita que os híbridos sejam a chave para salvar o que resta dos humanos.

Enquanto isso, Aimee e Jepp (Nonso Anozie) arquitetam um complexo plano que envolve a força de outros justiceiros para enfrentar Abbot e seu séquito, movidos por um desejo de reparação que serve como um dos motes do mais recente ciclo. E, por fim, temos a presença do Dr. Aditya Singh (Adeel Akhtar), que trabalha incessantemente para encontrar uma vacina e garantir a sobrevivência da esposa, Rani (Aliza Vellani), que convive com a doença há quase uma década e só não perece através de um tratamento paliativo. Assim como todos os outros – e trabalhando para o odioso antagonista interpretado por Sandilands -, o Dr. Singh está desesperado para garantir o próprio futuro, agindo com cautela em uma corda bamba entre o que é certo e o que é prático.

É notável como o showrunner e criador Jim Mickle consegue navegar por uma estrutura que se difere em diversos aspectos da iteração anterior. Em um passado não muito remoto, Gus era apenas uma criança sem conhecimento palpável sobre o que o esperava longe de sua confortável cabana; movido pela curiosidade e pela necessidade de pertencer a algum lugar, o adorável menino-cervo descobriu que as coisas não são tão simples e que, por ser diferente dos outros e estar intimamente ligado a uma catástrofe planetária, ele é caçado por algozes perigosos. E, após enfrentar tantos obstáculos, ele se vê pronto para emergir como um herói e garantir a continuidade de uma espécie que representa o futuro, e não a destruição.

Aliado a um time habilidoso de roteiristas, Mickle se vê dotado de tempo de sobra para finalizar arcos valiosos e abrir brechas para incursões futuras – como o coming-of-age de Gus, Wendy e as crianças híbridas, obrigadas a amadurecer e a enfrentar aqueles que lhe causaram mal; a redenção de Jepp e dos crimes que cometeu quando fazia parte dos Últimos Homens; a compreensão de Aimee acerca de seu papel como mãe e protetora; e o enfrentamento dos demônios anteriores por parte do Dr. Singh, que, em uma constância angustiante, coloca uma pesquisa sem frutos concretos à frente de um casamento quase falido, que só pode ser salvo por sua empatia. Todas essas tramas e subtramas são tratadas com o carinho e o respeito que merecem.

Apesar de pontuais deslizes ocorrerem no tocante ao ritmo, nada é forte o suficiente para ofuscar a quase impecável obra-prima que se ergue aqui. Mickle também investe esforços em pontos de importância dramática ímpar, não pensando duas vezes antes de sacrificar personagens e nos guiar em uma montanha-russa de emoções, por vezes nos fazendo crer que as coisas estão bem, por vezes nos arremessando em um vórtice de inquietação que premedita um futuro nebuloso. O que será que vai acontecer a Gus? E a cura, ela será achada? São muitas as perguntas a ganharem com essa espetacular leva de episódios – e o fato de nos deixarem animados para o próximo ciclo já diz muito sobre a qualidade da série.

Sweet Tooth volta com mais força do que nunca e nos entrega uma mistura explosiva, vibrante e emocionante de comédia, drama, aventura e magia – apoiando-se em um elenco cuja química cresce ano após ano e uma estrutura visual de tirar o fôlego. A Netflix volta a acertar com um de seus títulos originais de maior sucesso e faz questão de que sejamos parte ativa dessa jornada que ainda tem muito para contar.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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