domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Tarsilinha – Animação Brasileira introduz obra de Tarsila do Amaral às CRIANÇAS

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No ano de 2022 celebra-se os 200 anos da realização da Semana de Arte Moderna – um marco na cultura brasileira, quando foi instaurada a Modernidade nas muitas vertentes artísticas então produzida em nosso país. Hoje, claro, com a gradual retomada das atividades normais pós-pandemia, os muitos eventos em celebração do bicentenário da Semana de 22 começam a pipocar no calendário brasileiro, dentre os quais destaca-se o longa de animaçãoTarsilinha’, que chega essa semana às salas de cinemas após prestigiada trajetória em festivais internacionais.



Tarsilinha (na voz de Alice Barion) e sua mãe (Maira Chasseroux) estão tendo um dia agradável juntas na fazenda, colhendo goiabas e compartilhando uma caixa de lembranças da infância e juventude da mãe. Então, uma ventania terrível faz tudo voar pelos ares, e os objetos da caixinha de lembranças somem num furacão produzido pela maliciosa Lagarta (Marisa Orth). Quando conseguem se recuperar do susto, Tarsilinha percebe que a mãe está um bocado confusa, sem conseguir se recordar de nadinha. Ligando um ponto ao outro, a jovem reúne toda a coragem que consegue encontrar e parte numa aventura pela floresta, na tentativa de recuperar as memórias perdidas de sua mãe.

Logo de cara, fica evidente que ‘Tarsilinha’ é uma produção totalmente voltada para atingir aos pequenos, numa real intenção de formação de público. O longa chega com uma hora e trinta de duração, o tempo máximo para captação da atenção dos pimpolhos – um acerto no quesito formato para esse tipo de história dos diretores Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, responsáveis pelo filme do ‘Peixonauta’.

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Inspirado na obra da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), o espectador brasileiro consegue detectar facilmente as pinturas mais famosas dessa artista, que funcionam como pano de fundo no mundo mágico no qual ‘Tarsilinha’ mergulha em sua aventura. O aspecto estético e artístico é o principal chamariz do filme e grande hipnotizador para a criançada, tamanha a explosão vívida de cores que ganham vida e movimento para além dos quadros. É muito legal a junção que a produção faz com a famosa música ‘O Trenzinho Caipira’, de Heitor Villa-Lobos, outro famoso Modernista.

O roteiro de Marcus Aurelius Pimenta e Fernando Salem acompanha a jornada crescente da protagonista na velocidade e linguagem certas para o público infantil. Entretanto, há escolhas questionáveis que gerarão incômodo no público mais crescido, como a representação de um macaco tocando samba e das entidades Cuca e Saci, das culturas indígenas, cujas origens não são mencionadas no longa – comportamento tal qual da própria Tarsila e dos Modernistas, que, em nome de uma intenção de formação de identidade nacional, mergulharam nas muitas culturas indígenas brasileiras para “se inspirar” nelas, sem nunca ou pouco mencionando as origens dessas inspirações.

Tarsilinha’ é um filme simpático, bacaninha para a pimpolhada, e pode se tornar uma ótima ferramenta paradidática para ser utilizada por professores e mediadores quando abordado o tema do Modernismo. Funciona se o seu contexto for explicado ao público antes ou após o filme (na sala de aula, na exposição, etc), pois o filme em si não faz nenhuma explicação sobre quem foi Tarsila do Amaral, de modo que, quem não a conhece apenas verá um belo filme colorido sobre a aventura de uma jovem em busca de sua própria coragem e crescimento pessoal.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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No ano de 2022 celebra-se os 200 anos da realização da Semana de Arte Moderna – um marco na cultura brasileira, quando foi instaurada a Modernidade nas muitas vertentes artísticas então produzida em nosso país. Hoje, claro, com a gradual retomada das atividades normais pós-pandemia, os muitos eventos em celebração do bicentenário da Semana de 22 começam a pipocar no calendário brasileiro, dentre os quais destaca-se o longa de animaçãoTarsilinha’, que chega essa semana às salas de cinemas após prestigiada trajetória em festivais internacionais.

Tarsilinha (na voz de Alice Barion) e sua mãe (Maira Chasseroux) estão tendo um dia agradável juntas na fazenda, colhendo goiabas e compartilhando uma caixa de lembranças da infância e juventude da mãe. Então, uma ventania terrível faz tudo voar pelos ares, e os objetos da caixinha de lembranças somem num furacão produzido pela maliciosa Lagarta (Marisa Orth). Quando conseguem se recuperar do susto, Tarsilinha percebe que a mãe está um bocado confusa, sem conseguir se recordar de nadinha. Ligando um ponto ao outro, a jovem reúne toda a coragem que consegue encontrar e parte numa aventura pela floresta, na tentativa de recuperar as memórias perdidas de sua mãe.

Logo de cara, fica evidente que ‘Tarsilinha’ é uma produção totalmente voltada para atingir aos pequenos, numa real intenção de formação de público. O longa chega com uma hora e trinta de duração, o tempo máximo para captação da atenção dos pimpolhos – um acerto no quesito formato para esse tipo de história dos diretores Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, responsáveis pelo filme do ‘Peixonauta’.

Inspirado na obra da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), o espectador brasileiro consegue detectar facilmente as pinturas mais famosas dessa artista, que funcionam como pano de fundo no mundo mágico no qual ‘Tarsilinha’ mergulha em sua aventura. O aspecto estético e artístico é o principal chamariz do filme e grande hipnotizador para a criançada, tamanha a explosão vívida de cores que ganham vida e movimento para além dos quadros. É muito legal a junção que a produção faz com a famosa música ‘O Trenzinho Caipira’, de Heitor Villa-Lobos, outro famoso Modernista.

O roteiro de Marcus Aurelius Pimenta e Fernando Salem acompanha a jornada crescente da protagonista na velocidade e linguagem certas para o público infantil. Entretanto, há escolhas questionáveis que gerarão incômodo no público mais crescido, como a representação de um macaco tocando samba e das entidades Cuca e Saci, das culturas indígenas, cujas origens não são mencionadas no longa – comportamento tal qual da própria Tarsila e dos Modernistas, que, em nome de uma intenção de formação de identidade nacional, mergulharam nas muitas culturas indígenas brasileiras para “se inspirar” nelas, sem nunca ou pouco mencionando as origens dessas inspirações.

Tarsilinha’ é um filme simpático, bacaninha para a pimpolhada, e pode se tornar uma ótima ferramenta paradidática para ser utilizada por professores e mediadores quando abordado o tema do Modernismo. Funciona se o seu contexto for explicado ao público antes ou após o filme (na sala de aula, na exposição, etc), pois o filme em si não faz nenhuma explicação sobre quem foi Tarsila do Amaral, de modo que, quem não a conhece apenas verá um belo filme colorido sobre a aventura de uma jovem em busca de sua própria coragem e crescimento pessoal.

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