terça-feira , 17 dezembro , 2024

Crítica | Táxi Teerã

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O UBER DE TEERÃ

 

Para quem não o conhece, ai vai um “quem é” Jafar Panahi: é diretor iraniano de filme como O Balão Branco, O Círculo e Ouro Carmim, estes dois últimos proibidos pelo governo iraniano. Em 2010, ele foi preso. Alegação do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica do Irã: realizar filmes contra o regime! Personalidades e instituições se mobilizaram em prol do diretor, que foi liberado após pagar fiança. No mesmo ano, Panahi foi sentenciado a 6 anos de prisão (domiciliar) e proibido de produzir filmes, participar de atividades políticas, viajar e dar entrevistas pelo prazo de 20 anos!!



Em 2011, clandestinamente, Panahi fez a obra-prima Isto Não É Um Filme, documentário sobre sua prisão domiciliar. No filme, o diretor reflete sobre liberdade, política e o cinema. Claro, não se trata de um blockbuster. Antes, é um filme de resistência.

E agora, ainda de forma clandestina, Panahi lança o seu Taxi Teerã. Pela ficha policial do diretor, não vá aguardando um filme pipoca. Embora não fique explícito, trata-se de uma obra ficcional. Interpretando a si mesmo, o diretor dirige um táxi pelas ruas de Teerã. A narrativa do filme vai se desenvolvendo ao sabor dos passageiros. A maioria das imagens é captada por uma câmera no painel do carro, intercalada por outras, como a de um celular que grava um senhor ferido ditando seu testamento.

Táxi Teerã

Táxi Teerã é uma lição de resistência, uma lição de como, das condições mais adversas, podemos retirar arte e esta ser um respiro, um rosa resistindo à opressão. Enfim, uma carta de amor ao cinema, nas palavras de Darren Aronofsky.

Cada passageiros é uma perspectiva da sociedade iraniana. Duas idosas com um peixe podem revelar o lado leve dessa sociedade. O contrabandista de DVDs representa a resistência de uma sociedade ao autoritarismo, além de reflexões sobre o cinema. Ora percebemos uma sociedade multicolorida, mais complexa do que os atos recentes de radicais fazem a gente pensar. Em outros momentos – provavelmente, na maioria deles – percebemos as atrocidades mais cotidianas promovidas em nome da religião. Isto é percebido, especialmente, na participação a advogada Nasrin Sotoudeh e quando a sobrinha do diretor lê as o que um filme no Irã não pode conter. Ela tem que fazer um filme para a escola.

Aqui há um contraponto curioso. Ela tenta convencer um menino de rua a devolver um dinheiro, para filmá-lo e ter um final feliz para seu filme. Em contraposição com a sequência que encerra Táxi Teerã, o filme reflete a ambiguidade de Panahi em relação ao seu país.

Panahi revela sua inteligência com um roteiro que flerta com a ação, com o suspense, com o drama, com o afeto, tudo limitado ao espaço de um carro. Seja como exercício de estilo, ou por um grito contra a opressão, Táxi Teerã é um Uber para cinéfilos.

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Em 2011, clandestinamente, Panahi fez a obra-prima Isto Não É Um Filme, documentário sobre sua prisão domiciliar. No filme, o diretor reflete sobre liberdade, política e o cinema. Claro, não se trata de um blockbuster. Antes, é um filme de resistência.

E agora, ainda de forma clandestina, Panahi lança o seu Taxi Teerã. Pela ficha policial do diretor, não vá aguardando um filme pipoca. Embora não fique explícito, trata-se de uma obra ficcional. Interpretando a si mesmo, o diretor dirige um táxi pelas ruas de Teerã. A narrativa do filme vai se desenvolvendo ao sabor dos passageiros. A maioria das imagens é captada por uma câmera no painel do carro, intercalada por outras, como a de um celular que grava um senhor ferido ditando seu testamento.

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Táxi Teerã é uma lição de resistência, uma lição de como, das condições mais adversas, podemos retirar arte e esta ser um respiro, um rosa resistindo à opressão. Enfim, uma carta de amor ao cinema, nas palavras de Darren Aronofsky.

Cada passageiros é uma perspectiva da sociedade iraniana. Duas idosas com um peixe podem revelar o lado leve dessa sociedade. O contrabandista de DVDs representa a resistência de uma sociedade ao autoritarismo, além de reflexões sobre o cinema. Ora percebemos uma sociedade multicolorida, mais complexa do que os atos recentes de radicais fazem a gente pensar. Em outros momentos – provavelmente, na maioria deles – percebemos as atrocidades mais cotidianas promovidas em nome da religião. Isto é percebido, especialmente, na participação a advogada Nasrin Sotoudeh e quando a sobrinha do diretor lê as o que um filme no Irã não pode conter. Ela tem que fazer um filme para a escola.

Aqui há um contraponto curioso. Ela tenta convencer um menino de rua a devolver um dinheiro, para filmá-lo e ter um final feliz para seu filme. Em contraposição com a sequência que encerra Táxi Teerã, o filme reflete a ambiguidade de Panahi em relação ao seu país.

Panahi revela sua inteligência com um roteiro que flerta com a ação, com o suspense, com o drama, com o afeto, tudo limitado ao espaço de um carro. Seja como exercício de estilo, ou por um grito contra a opressão, Táxi Teerã é um Uber para cinéfilos.

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