domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica Telecine | O Livro de Henry – Drama pesado do diretor de ‘Jurassic World’

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De dinossauros para Monstros

Mais um lançamento que a Universal Pictures Brasil não bancou nos cinemas do país, O Livro de Henry é o mais recente trabalho de seu menino de ouro Colin Trevorrow – o nome por trás da franquia Jurassic World (tendo dirigido o primeiro e produzido o segundo – em cartaz nos cinemas).

Além do nome de Trevorrow impulsionando a obra, o longa conta com as presenças de Naomi Watts, Jacob Tremblay (Extraordinário) e Jaeden Lieberher (Destino Especial e It – A Coisa) no elenco. O roteiro escrito por Gregg Hurwitz (da série V), no entanto, é desfocado, daquele tipo que deseja falar sobre muitas coisas e termina sem nada na mão.



Vamos lá. De começo, a trama se aventura a abordar a típica família disfuncional, muito comum em dramédias indies saídas do Festival de Sundance. Nesta dinâmica temos uma mãe solteira (Watts) criando seus dois filhos pequenos. A pegadinha aí está no fato de que a figura paterna da equação é na verdade o filho mais velho Henry (Lieberher), um geniozinho inventor, que dentre as inúmeras tarefas e responsabilidades cuida da parte financeira da casa para a transloucada progenitora.

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Por esse início, podemos pensar que o filme de Trevorrow irá se concentrar na problemática deste conceito para nos entregar uma daquelas jornadas edificantes – o que só a simples ideia pode fazer muitos rangerem os dentes pela prometida quantidade de açúcar. Mas calma, a coisa fica ainda mais lacrimosa. Em sua primeira guinada, O Livro de Henry adentra por completo no terreno do dramalhão e se transforma em um filme de doença – repelente imediato para grande parcela do público. Henry (Lieberher), o pilar desta família, se descobre com uma doença terminal, e com poucos dias de vida. Pois é, o sensor WTF apita!

Mas espere, isso não é tudo. A primeira reviravolta no roteiro, embora brusca, é aceitável dentro do contexto – mesmo que soe como um mero artifício em busca de lágrimas, de certa forma, manipulativo e explorador. O momento de jogar qualquer credulidade pela janela vem a seguir. Em uma outra subtrama, Henry criava laços afetivos com uma menina, sua vizinha, papel de Maddie Ziegler, e a observava na casa em frente. Justamente por isso, o menino descobre o terrível segredo da jovem e seu pai adotivo, o policial interpretado por Dean Norris – especialista neste tipo de papel. Sim, é exatamente isto que você está pensando, o terrível tópico do abuso sexual de menores vem à pauta.

Novamente sofrendo uma metamorfose e se transformando num animal totalmente diferente, O Livro de Henry faz desta subtrama seu tema principal para o terceiro ato do filme. O que chama atenção de negativamente, porém, é a forma pobre com que o roteiro opta por desenvolver este arco, tratando o problema sério – que valeria uma discussão à altura – de forma jocosa e infantil. Não vale revelar o tratamento que o filme resolve dar ao tema, mas apenas dizer que é um misto de mau gosto, inverossimilhança e um grau tão gritante de surrealismo, que no último ato, sem qualquer indício prévio, o longa se transforma em uma mistura de filme de ação (que propriamente poderia ter saído da franquia Missão: Impossível) com um thriller beirando o terror. Fora isso, personagens tem suas índoles e personalidades viradas do avesso em prol apenas de uma conveniência forçada, desnecessária e desencaixada do todo. É como se de uma página para outra, sem qualquer desenvolvimento para tal, a água mudasse para o vinho.

O Livro de Henry com certeza tinha o coração no lugar e sua intenção era boa. Mas é impossível ignorar o horrendo terceiro ato e seguir em frente. Não que os dois primeiros atos sejam primores de dramaticidade narrativa, possuindo também sua parcela de surrealismo, forçando uma magia que nunca abraçamos totalmente. No entanto, perto do terceiro ato, os dois primeiros se tornam uma estrutura tão realista, que quase fazem dele um documentário. A pseudo-importância ao delicado assunto é dizimada pela abordagem que o roteiro e os envolvidos resolvem dar a ele, criando assim um produto grotesco e fazendo da obra um Frankenstein cinematográfico no gênero.

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Além do nome de Trevorrow impulsionando a obra, o longa conta com as presenças de Naomi Watts, Jacob Tremblay (Extraordinário) e Jaeden Lieberher (Destino Especial e It – A Coisa) no elenco. O roteiro escrito por Gregg Hurwitz (da série V), no entanto, é desfocado, daquele tipo que deseja falar sobre muitas coisas e termina sem nada na mão.

Vamos lá. De começo, a trama se aventura a abordar a típica família disfuncional, muito comum em dramédias indies saídas do Festival de Sundance. Nesta dinâmica temos uma mãe solteira (Watts) criando seus dois filhos pequenos. A pegadinha aí está no fato de que a figura paterna da equação é na verdade o filho mais velho Henry (Lieberher), um geniozinho inventor, que dentre as inúmeras tarefas e responsabilidades cuida da parte financeira da casa para a transloucada progenitora.

Por esse início, podemos pensar que o filme de Trevorrow irá se concentrar na problemática deste conceito para nos entregar uma daquelas jornadas edificantes – o que só a simples ideia pode fazer muitos rangerem os dentes pela prometida quantidade de açúcar. Mas calma, a coisa fica ainda mais lacrimosa. Em sua primeira guinada, O Livro de Henry adentra por completo no terreno do dramalhão e se transforma em um filme de doença – repelente imediato para grande parcela do público. Henry (Lieberher), o pilar desta família, se descobre com uma doença terminal, e com poucos dias de vida. Pois é, o sensor WTF apita!

Mas espere, isso não é tudo. A primeira reviravolta no roteiro, embora brusca, é aceitável dentro do contexto – mesmo que soe como um mero artifício em busca de lágrimas, de certa forma, manipulativo e explorador. O momento de jogar qualquer credulidade pela janela vem a seguir. Em uma outra subtrama, Henry criava laços afetivos com uma menina, sua vizinha, papel de Maddie Ziegler, e a observava na casa em frente. Justamente por isso, o menino descobre o terrível segredo da jovem e seu pai adotivo, o policial interpretado por Dean Norris – especialista neste tipo de papel. Sim, é exatamente isto que você está pensando, o terrível tópico do abuso sexual de menores vem à pauta.

Novamente sofrendo uma metamorfose e se transformando num animal totalmente diferente, O Livro de Henry faz desta subtrama seu tema principal para o terceiro ato do filme. O que chama atenção de negativamente, porém, é a forma pobre com que o roteiro opta por desenvolver este arco, tratando o problema sério – que valeria uma discussão à altura – de forma jocosa e infantil. Não vale revelar o tratamento que o filme resolve dar ao tema, mas apenas dizer que é um misto de mau gosto, inverossimilhança e um grau tão gritante de surrealismo, que no último ato, sem qualquer indício prévio, o longa se transforma em uma mistura de filme de ação (que propriamente poderia ter saído da franquia Missão: Impossível) com um thriller beirando o terror. Fora isso, personagens tem suas índoles e personalidades viradas do avesso em prol apenas de uma conveniência forçada, desnecessária e desencaixada do todo. É como se de uma página para outra, sem qualquer desenvolvimento para tal, a água mudasse para o vinho.

O Livro de Henry com certeza tinha o coração no lugar e sua intenção era boa. Mas é impossível ignorar o horrendo terceiro ato e seguir em frente. Não que os dois primeiros atos sejam primores de dramaticidade narrativa, possuindo também sua parcela de surrealismo, forçando uma magia que nunca abraçamos totalmente. No entanto, perto do terceiro ato, os dois primeiros se tornam uma estrutura tão realista, que quase fazem dele um documentário. A pseudo-importância ao delicado assunto é dizimada pela abordagem que o roteiro e os envolvidos resolvem dar a ele, criando assim um produto grotesco e fazendo da obra um Frankenstein cinematográfico no gênero.

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