quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Teocracia em Vertigem – Novo filme do Porta dos Fundos pro YouTube traz os mesmos velhos erros

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Já está disponível no YouTube o novo especial de natal do Porta dos Fundos. O sucesso das esquetes de humor do grupo na internet é inquestionável. Porém, não dá para dizer o mesmo dos filmes do Porta, vide o último especial de natal e Contrato Vitalício, que repercutiram muito mais pelas polêmicas do que pela qualidade em si. E aqui não é muito diferente.

Em Teocracia em Vertigem, o grupo utiliza o formato de documentário para fazer uma paródia de Democracia em Vertigem, fazendo analogias entre a história de Jesus (Fábio Porchat) e a política brasileira. A ideia é excelente, mas a execução falha ao repetir um erro primordial que aconteceu em todos as produções “cinematográficas” do Porta: não entender a diferença da linguagem das esquetes para a dos filmes. São formatos diferentes que funcionam e precisam ser desenvolvidos de maneiras distintas, senão fica cansativo e falha na missão básica de entreter. E mesmo tendo a proposta de fazer um humor mais reflexivo, o filme precisa ser capaz de entreter minimamente o espectador para que ele preste o mínimo de atenção e consiga absorver o que a equipe criativa deseja passar.



Essa dificuldade de entender as diferenças entre as mídias tem sido frequente nas produções do Porta dos Fundos, mas dá pra ver que eles estão tentando se adaptar ao novo formato. O texto de Teocracia em Vertigem é bem mais dinâmico que os anteriores e tem conteúdo. Isso é um ponto muito positivo, porque você vê que a equipe criativa conhece e leu a Bíblia para buscar personagens e situações tão absurdas, mas tão atuais que são capazes de surpreender aos mais desligados. É um uso muito legal dos personagens para fazer paralelos com o extremismo que tomou conta do Brasil nos últimos anos e com figuras políticas de ambas as vertentes políticas. O problema é que o texto afiado acaba se perdendo justamente pelo estilo de direção, que conduz o filme como se fossem pequenas esquetes agrupadas. A impressão que passa é que o filme mira em Monty Python, mas acaba acertando em Para Maiores (2013).

O “Soldado Peçanhus” é um dos personagens mais “Monty Python” do filme. Pena que aparece pouco.

Outro ponto negativo são as atuações do elenco. Não que eles sejam atores ruins, muito pelo contrário. O trabalho deles nos vídeos e em outros filmes nacionais demonstra que são mais que competentes. Acontece que, de novo, o formato acaba prejudicando e propiciando situações com muito potencial humorístico, mas para esquetes de YouTube. Não para um filme/ telefilme. Resultado: grande parte das atuações é engessada, pouco natural. Parece que alguns atores estão fazendo força para interpretar os personagens, o que não fica legal. Por outro lado, as adições ao elenco se destacam muito bem. Os rapazes da TV Quase, que explodiram na internet com o Falha de Cobertura e o Choque de Cultura, são geniais e fazem participações hilárias. A cena de Raul Chequer como Judas Tadeu me fez pausar o filme pra conseguir rir sem perder o resto o da história. Assim como o Totoro, que faz uma praticamente um cameo, mas garante boas risadas. Grande parte desse destaque que eles conquistam em poucas cenas vem justamente da naturalidade que eles imprimem aos personagens, que falam absurdos divertidíssimos como se estivessem conversando não apenas com a narradora da história, mas com o público também. Eles encaixaram perfeitamente nesse formato de Mockumentary. Outra participação incrível é a do rapper Emicida, que protagoniza um dos momentos mais anacrônicos da narrativa.

Com um texto afiado, atuações engessadas e uma desconexão com o formato adotado, Teocracia em Vertigem é uma daqueles filmes que você enxerga o potencial, mas lamenta por não conseguir gostar. É legal ver o audiovisual brasileiro buscando novas formas de divulgar seu trabalho e conseguir novos investimentos para colocá-los em prática. Será ainda melhor quando eles conseguirem fazer produções realmente boas, daquelas que marcam o nome na história como um acerto espetacular. Ainda não foi dessa vez que isso aconteceu, mas tudo indica que o pessoal do Porta dos Fundos está no caminho para isso. Basta entender o time de conteúdo que estão produzindo e como adaptá-lo para a linguagem cinematográfica. O lado bom disso tudo é que Teocracia em Vertigem está disponível gratuitamente no YouTube, então dá para conferir sem pagar nada. O link está logo abaixo para você assistir.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Em Teocracia em Vertigem, o grupo utiliza o formato de documentário para fazer uma paródia de Democracia em Vertigem, fazendo analogias entre a história de Jesus (Fábio Porchat) e a política brasileira. A ideia é excelente, mas a execução falha ao repetir um erro primordial que aconteceu em todos as produções “cinematográficas” do Porta: não entender a diferença da linguagem das esquetes para a dos filmes. São formatos diferentes que funcionam e precisam ser desenvolvidos de maneiras distintas, senão fica cansativo e falha na missão básica de entreter. E mesmo tendo a proposta de fazer um humor mais reflexivo, o filme precisa ser capaz de entreter minimamente o espectador para que ele preste o mínimo de atenção e consiga absorver o que a equipe criativa deseja passar.

Essa dificuldade de entender as diferenças entre as mídias tem sido frequente nas produções do Porta dos Fundos, mas dá pra ver que eles estão tentando se adaptar ao novo formato. O texto de Teocracia em Vertigem é bem mais dinâmico que os anteriores e tem conteúdo. Isso é um ponto muito positivo, porque você vê que a equipe criativa conhece e leu a Bíblia para buscar personagens e situações tão absurdas, mas tão atuais que são capazes de surpreender aos mais desligados. É um uso muito legal dos personagens para fazer paralelos com o extremismo que tomou conta do Brasil nos últimos anos e com figuras políticas de ambas as vertentes políticas. O problema é que o texto afiado acaba se perdendo justamente pelo estilo de direção, que conduz o filme como se fossem pequenas esquetes agrupadas. A impressão que passa é que o filme mira em Monty Python, mas acaba acertando em Para Maiores (2013).

O “Soldado Peçanhus” é um dos personagens mais “Monty Python” do filme. Pena que aparece pouco.

Outro ponto negativo são as atuações do elenco. Não que eles sejam atores ruins, muito pelo contrário. O trabalho deles nos vídeos e em outros filmes nacionais demonstra que são mais que competentes. Acontece que, de novo, o formato acaba prejudicando e propiciando situações com muito potencial humorístico, mas para esquetes de YouTube. Não para um filme/ telefilme. Resultado: grande parte das atuações é engessada, pouco natural. Parece que alguns atores estão fazendo força para interpretar os personagens, o que não fica legal. Por outro lado, as adições ao elenco se destacam muito bem. Os rapazes da TV Quase, que explodiram na internet com o Falha de Cobertura e o Choque de Cultura, são geniais e fazem participações hilárias. A cena de Raul Chequer como Judas Tadeu me fez pausar o filme pra conseguir rir sem perder o resto o da história. Assim como o Totoro, que faz uma praticamente um cameo, mas garante boas risadas. Grande parte desse destaque que eles conquistam em poucas cenas vem justamente da naturalidade que eles imprimem aos personagens, que falam absurdos divertidíssimos como se estivessem conversando não apenas com a narradora da história, mas com o público também. Eles encaixaram perfeitamente nesse formato de Mockumentary. Outra participação incrível é a do rapper Emicida, que protagoniza um dos momentos mais anacrônicos da narrativa.

Com um texto afiado, atuações engessadas e uma desconexão com o formato adotado, Teocracia em Vertigem é uma daqueles filmes que você enxerga o potencial, mas lamenta por não conseguir gostar. É legal ver o audiovisual brasileiro buscando novas formas de divulgar seu trabalho e conseguir novos investimentos para colocá-los em prática. Será ainda melhor quando eles conseguirem fazer produções realmente boas, daquelas que marcam o nome na história como um acerto espetacular. Ainda não foi dessa vez que isso aconteceu, mas tudo indica que o pessoal do Porta dos Fundos está no caminho para isso. Basta entender o time de conteúdo que estão produzindo e como adaptá-lo para a linguagem cinematográfica. O lado bom disso tudo é que Teocracia em Vertigem está disponível gratuitamente no YouTube, então dá para conferir sem pagar nada. O link está logo abaixo para você assistir.

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