Lançada entre 2023 e 2024, a terceira temporada de Chucky chegou ao fim com a conclusão da proposta mais ambiciosa da franquia desde sua criação na década de 1980. O mais curioso é que mesmo terminando com um gancho gigantesco, ainda não confirmação de uma quarta temporada.
Por mais que haja planos para ela, os investidores precisam saber se ainda há o que explorar do personagem nas telinhas. Porque a terceira temporada parece ter feito tudo e mais um pouco com Charles Lee Ray (Brad Dourif), inclusive trazer as tão sonhadas mortes explicitamente sangrentas e bizarras.
Em meio a altos e baixos, a terceira temporada conseguiu explorar bem o cenário mais caótico possível para se ter um psicopata homicida em forma de boneco: a Casa Branca. Ao mesmo tempo que isso trazia enormes possibilidades, também comprometeu a produção ao não mostrar as consequências do terror que o Chucky tocou por lá. É o lugar mais destrutivo do mundo, tanto que o boneco assassino chega a ativar um holocausto nuclear, mas as consequências de ter explodido o Ártico, por exemplo, não são mostradas. Da mesma forma, ele vai matando um por um, dentre repórteres, assessores, seguranças e até mesmo o presidente dos EUA. E nenhum reflexo disso é mostrado. É como se a série ficasse se segurando para nunca atingir o pleno potencial.
Por outro lado, todo o núcleo do Chucky estar morrendo por conta de um ‘câncer católico’ adquirido após o exorcismo que ele sofreu na segunda temporada é sensacional. O humor politicamente incorreto da situação é espetacular, além de criar situações completamente fora da caixinha, como levar o psicopata a um médico especialista em magia vodu e assassinos em série.
Já o núcleo dos adolescentes de Hackensack segue no mesmo lenga-lenga da temporada anterior. Jake (Zackary Arthur) é um baita protagonista humano e nas cenas em que contracena com o Chucky, segue demonstrando muita química. O problema é que seu núcleo de amigos parece estar passando da hora. O Devon (Bjorgvin Arnarson) já não tem mais sua paixão por filmes de terror ou pela investigação, então aparece apenas para ser interesse amoroso do Jake. A Lexy (Alyvia Alyn Lind) chega a ter uma química com o filho do presidente, mas toda sua participação se resume a encontrar sua irmã, que sofreu lavagem cerebral do bonecão. O fim da temporada foi chocante justamente por surpreender na hora de lidar com esse trio, mas seria benéfico para a série focar na relação entre Jake e Chucky novamente.
Mas o maior problema talvez seja o núcleo da Tiffany, que se assumiu de uma vez por todas como Jennifer Tilly. A Noiva do Chucky parece já ter mostrado tudo que podia, mas a produção se recusa a deixá-la morrer. E pelas promessas do fim da terceira temporada, ela estará no centro de uma possível temporada 4, já que ela ‘renova os votos’ com seu psicopata favorito e parte atrás dos filhos do casal.
Enfim, a terceira temporada de Chucky tem seus momentos de altos e baixos, mas já demonstra um claro desgaste da franquia. Mesmo com picos divertidíssimos de criatividade, fica a sensação de que talvez esteja na hora de parar, dando foco a uma despedida inesquecível para o brinquedo assassino favorito da galera.