quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | 3º episódio da 2ª temporada de ‘Loki’ trabalha a ficção para trazer novos mistérios

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[ANTES DE COMEÇAR A MATÉRIA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS] 

Se você ainda não assistiu o terceiro episódio da segunda temporada de Loki, evite esta matéria, pois ela contém spoilers



Chegamos oficialmente na metade da segunda temporada e a produção enfim parece ter entendido que não há tempo para encher linguiça, como feito na temporada anterior. Esse terceiro episódio é extremamente animador porque não perde tempo com tramas paralelas, dedicando sua duração para introduzir e desenvolver o núcleo de vilões da série, trazendo mais uma vez um trabalho de produção impecável, investindo numa trama ambientado nos anos 1800. E de forma geral, essa temporada vem trazendo algo que funcionou muito bem em Mulher-Hulk: Defensora de Heróis (2022), que é tratar cada episódio como uma história isolada e não como um filme gigante. Até o momento, tratar a série como, bem… Uma série, tem feito toda a diferença.

O episódio começa com Ravonna Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) junto da Senhorita Minutos (Tara Strong) indo para Illinois em 1868, onde a inteligência artificial ordena que a antiga juíza deixe um pacote na casa rudimentar de uma criança misteriosa. Quando o menino põe as mãos no envelope, revela ser o manual da AVT, escrito por Ouroboros (Ke Huy Quan), com a descrição detalhada de todo o funcionamento da agência e suas tecnologias. Então, elas viajam novamente para 1893, quando o menino já seria um homem adulto. Essas incursões temporais entregam a localização das duas para Loki (Tom Hiddleston) e Mobius (Owen Wilson), que deixam o caos da AVT para ir atrás delas no passado. Assim, o episódio desta semana se estabelece todo na Feira Mundial de Chicago de 1893.

O episódio em si é fantástico, mas há momentos espetaculares. O maior deles é a introdução de Victor Timely (Jonathan Majors), a variante de Aquele Que Permanece apresentada brevemente na cena pós-créditos de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023). No preview do filme, ele é mostrado como um cientista visionário que deseja manipular o tempo. A reação de Loki parecia indicar que ele seria o grande vilão da temporada. Porém, como sugerimos na crítica da semana passada, ele parece ser mais uma vítima da situação que será usado pela AVT para tentar resolver a questão do Tear Temporal. Mas a forma como ele é trazido ao público aqui é realmente de encher os olhos. Usando as sombras para dar um ar de mistério, ele ganha ares de cientista louco, quase como um narrador daquelas séries antigas de ficção.

Em meio a raios e trovões, ele apresenta seu projeto de Tear Temporal, cuja finalidade inicialmente era de dar energia para o planeta. Essa ideia não é exatamente novidade, já que era o plano da SHIELD para o Tesseract em Os Vingadores (2012). Curiosamente ou não, o Loki também estava envolvido na trama. Só que esse jeitão de vilão maluco foi dando espaço a sua real personalidade: um trapaceiro. Apesar de ter os conceitos e os projetos, Victor não tem a tecnologia necessária para desenvolver seu maquinário, então ele sabe que suas ideias mirabolantes ainda não podem dar certo. Ou seja, ele vende esses conceitos para ricaços que não conseguirão dar prosseguimento a eles.

E esse jeitão meio pilantra acaba por aproximá-lo, em termos de personalidade, do que o Loki sempre foi. E enquanto Loki e Sylvie se enfrentavam na roda gigante, revelando a Victor seu futuro como déspota temporal, é possível ver que o cientista do passado é um sobrevivente. Ele fará de tudo para ficar vivo, nem que isso signifique tapear agentes futuristas de uma agência teoricamente fundada por ele. E há uma conversa entre Loki e Victor em que eles se reconhecem como trapaceiros. Mais do que isso, ao fim do episódio, Timely é confrontado por suas supostas aliadas e chega a conclusão de que o Deus da Mentira estava tentando protegê-lo. Isso parece indicar uma possível aliança entre eles, mas até que ponto isso é algo positivo?

Vale lembrar que as duas temporadas da série vem constantemente reforçando o potencial destrutivo do Loki para fazer as coisas invariavelmente darem errado, mesmo que suas intenções sejam boas. A prova disso é o caos no multiverso causado ao final da primeira temporada, quando Loki já buscava redenção. É como se ele estivesse destinado a sempre perder, tipo o Cebolinha de Asgard. Então, é possível que mesmo que Victor se alie a ele, aconteça uma traição ou um deslumbre no cientista que o faça cumprir seu destino de virar Aquele Que Permanece. Só que isso não passa de uma sugestão. Por enquanto, ele parece estar bastante dividido.

Saindo desse núcleo humano, quem rouba a cena no episódio é a Senhorita Minutos, que se revela a grande vilã da série. Ela é retratada como uma inteligência artificial criada por Victor, mas que tem um diferencial das demais: recebeu protocolos de autonomia, permitindo a ela desenvolver sua própria inteligência e seguir seus rumos de personalidade. Essa autonomia a deixou apaixonada por seu criador, mas como nunca foi permitida ter um corpo, ela não se sente o bastante para conseguir seduzir Aquele Que Permanece. Isso é trabalhado ao longo do episódio ao mostrar a reloginho sentindo ciúmes extremamente problemáticos da relação entre Ravonna e Victor. O rapaz claramente se interessa pela ex-juíza, causando aqueles cacoetes de namorada tóxica na I.A., que até o convence a despachar a mulher num bote no meio da água em plena viagem de barco.

Esse amor não correspondido chega ao ápice quando ela intimida Victor para tentar fazer com que ele criasse um corpo físico para ela. É um momento bem incômodo e assustador, porque mostra que o MCU está prestes a lidar com outro robozão do mal, mas diferentemente do Ultron (James Spader), a Senhorita Minutos é capaz de causar um estrago que pode definir o rumo da própria existência. E mesmo sendo rejeitada novamente, ao final do episódio, quando Ravonna é enviada para o Fim do Tempo, a IA aparece para ameaçá-la dizendo saber todos os segredos do criador e um segredo cabuloso da própria Ravonna.

Que segredo é esse? Bom, não fazemos ideia, mas a versão dos quadrinhos poder trazer alguns indícios. Nas HQs, Ravonna Renslayer é uma princesa que é conhecida por ser o interesse amoroso de Kang. O episódio flerta com isso, mas ao fim revela que Renslayer não o enxerga como nada além de um parceiro de negócios. Porém, nas HQs mais recentes, há um arco em que Kang consegue manejar o tempo para transformar sua amada em reencarnações dela mesma. Parece confuso? Não esquente, é confuso mesmo. Ou seja, há alguns materiais que podem ser usados nesse tal segredo. Fato é que esse arco envolvendo a relação desses três é bastante promissor e imprevisível.

Mas antes que se descarte o próprio Victor Timely como vilão, vale mencionar um easter egg bastante singelo deste episódio. Durante uma cena de perseguição na Feira Mundial de Chicago, Timely se esconde no pavilhão do Egito. Vale lembrar que a primeira aparição de Kang nos quadrinhos é como o faraó Rama-Tut, uma de suas versões mais poderosas. E se voltarmos a Quantumania, o próprio faraó faz uma breve aparição, sendo uma das vozes mais atuantes do Conselho dos Kang. Essa breve referência serve para lembrar que mesmo sendo vítima, Victor Timely não pode ser descartado como uma ameaça. Ainda mais com esse interesse dele em conhecer Ouroboros, o que pode render uma perigosíssima parceria.

Vale mencionar também a breve, mas significativa aparição de Sylvie (Sophia Di Martino). Ela contraria as expectativas da semana passada de que viria a trabalhar com Loki para salvar as ramificações e segue com seu plano de vingança para eliminar todas as possibilidades de Aquele Que Permanece chegar a uma posição de poder. Ela se vê como uma criatura desprovida de humanidade, cuja função é deter esse déspota de controlar a Linha do Tempo novamente.

Entretanto, quando poderia matá-lo de vez, a Deusa da Trapaça cai no papinho de Victor, que implora por sua vida argumentando que ele não é Aquele Que Permanece, e que matá-lo por isso seria legitimar a ideia de que o destino de todos já está traçado, transformando o Livre-Arbítrio em uma mera ilusão, o que daria a Aquele Que Permanece uma justificativa para suas ações genocidas. Foi uma argumentação de mestre, porque colocou em xeque a própria motivação e existência da Sylvie, que se enxerga no rapaz e o deixa ir com Loki e Mobius para a AVT. E esse é apenas mais um ponto que mostra como ele não pode ser descartado como vilão só por ser uma vítima no momento. Ele ouviu os debates de Loki e Sylvie sobre o livre-arbítrio e guardou essa carta para usar no momento certo. Ardiloso.

Com mais três episódios por vir, a segunda temporada de Loki está fazendo valer cada segundo de tela, com capítulos que completam as pontas soltas das semanas anteriores e com uma trama de mistério muito interessante.

Os novos episódios de Loki estreiam toda quinta no Disney+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Chegamos oficialmente na metade da segunda temporada e a produção enfim parece ter entendido que não há tempo para encher linguiça, como feito na temporada anterior. Esse terceiro episódio é extremamente animador porque não perde tempo com tramas paralelas, dedicando sua duração para introduzir e desenvolver o núcleo de vilões da série, trazendo mais uma vez um trabalho de produção impecável, investindo numa trama ambientado nos anos 1800. E de forma geral, essa temporada vem trazendo algo que funcionou muito bem em Mulher-Hulk: Defensora de Heróis (2022), que é tratar cada episódio como uma história isolada e não como um filme gigante. Até o momento, tratar a série como, bem… Uma série, tem feito toda a diferença.

O episódio começa com Ravonna Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) junto da Senhorita Minutos (Tara Strong) indo para Illinois em 1868, onde a inteligência artificial ordena que a antiga juíza deixe um pacote na casa rudimentar de uma criança misteriosa. Quando o menino põe as mãos no envelope, revela ser o manual da AVT, escrito por Ouroboros (Ke Huy Quan), com a descrição detalhada de todo o funcionamento da agência e suas tecnologias. Então, elas viajam novamente para 1893, quando o menino já seria um homem adulto. Essas incursões temporais entregam a localização das duas para Loki (Tom Hiddleston) e Mobius (Owen Wilson), que deixam o caos da AVT para ir atrás delas no passado. Assim, o episódio desta semana se estabelece todo na Feira Mundial de Chicago de 1893.

O episódio em si é fantástico, mas há momentos espetaculares. O maior deles é a introdução de Victor Timely (Jonathan Majors), a variante de Aquele Que Permanece apresentada brevemente na cena pós-créditos de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023). No preview do filme, ele é mostrado como um cientista visionário que deseja manipular o tempo. A reação de Loki parecia indicar que ele seria o grande vilão da temporada. Porém, como sugerimos na crítica da semana passada, ele parece ser mais uma vítima da situação que será usado pela AVT para tentar resolver a questão do Tear Temporal. Mas a forma como ele é trazido ao público aqui é realmente de encher os olhos. Usando as sombras para dar um ar de mistério, ele ganha ares de cientista louco, quase como um narrador daquelas séries antigas de ficção.

Em meio a raios e trovões, ele apresenta seu projeto de Tear Temporal, cuja finalidade inicialmente era de dar energia para o planeta. Essa ideia não é exatamente novidade, já que era o plano da SHIELD para o Tesseract em Os Vingadores (2012). Curiosamente ou não, o Loki também estava envolvido na trama. Só que esse jeitão de vilão maluco foi dando espaço a sua real personalidade: um trapaceiro. Apesar de ter os conceitos e os projetos, Victor não tem a tecnologia necessária para desenvolver seu maquinário, então ele sabe que suas ideias mirabolantes ainda não podem dar certo. Ou seja, ele vende esses conceitos para ricaços que não conseguirão dar prosseguimento a eles.

E esse jeitão meio pilantra acaba por aproximá-lo, em termos de personalidade, do que o Loki sempre foi. E enquanto Loki e Sylvie se enfrentavam na roda gigante, revelando a Victor seu futuro como déspota temporal, é possível ver que o cientista do passado é um sobrevivente. Ele fará de tudo para ficar vivo, nem que isso signifique tapear agentes futuristas de uma agência teoricamente fundada por ele. E há uma conversa entre Loki e Victor em que eles se reconhecem como trapaceiros. Mais do que isso, ao fim do episódio, Timely é confrontado por suas supostas aliadas e chega a conclusão de que o Deus da Mentira estava tentando protegê-lo. Isso parece indicar uma possível aliança entre eles, mas até que ponto isso é algo positivo?

Vale lembrar que as duas temporadas da série vem constantemente reforçando o potencial destrutivo do Loki para fazer as coisas invariavelmente darem errado, mesmo que suas intenções sejam boas. A prova disso é o caos no multiverso causado ao final da primeira temporada, quando Loki já buscava redenção. É como se ele estivesse destinado a sempre perder, tipo o Cebolinha de Asgard. Então, é possível que mesmo que Victor se alie a ele, aconteça uma traição ou um deslumbre no cientista que o faça cumprir seu destino de virar Aquele Que Permanece. Só que isso não passa de uma sugestão. Por enquanto, ele parece estar bastante dividido.

Saindo desse núcleo humano, quem rouba a cena no episódio é a Senhorita Minutos, que se revela a grande vilã da série. Ela é retratada como uma inteligência artificial criada por Victor, mas que tem um diferencial das demais: recebeu protocolos de autonomia, permitindo a ela desenvolver sua própria inteligência e seguir seus rumos de personalidade. Essa autonomia a deixou apaixonada por seu criador, mas como nunca foi permitida ter um corpo, ela não se sente o bastante para conseguir seduzir Aquele Que Permanece. Isso é trabalhado ao longo do episódio ao mostrar a reloginho sentindo ciúmes extremamente problemáticos da relação entre Ravonna e Victor. O rapaz claramente se interessa pela ex-juíza, causando aqueles cacoetes de namorada tóxica na I.A., que até o convence a despachar a mulher num bote no meio da água em plena viagem de barco.

Esse amor não correspondido chega ao ápice quando ela intimida Victor para tentar fazer com que ele criasse um corpo físico para ela. É um momento bem incômodo e assustador, porque mostra que o MCU está prestes a lidar com outro robozão do mal, mas diferentemente do Ultron (James Spader), a Senhorita Minutos é capaz de causar um estrago que pode definir o rumo da própria existência. E mesmo sendo rejeitada novamente, ao final do episódio, quando Ravonna é enviada para o Fim do Tempo, a IA aparece para ameaçá-la dizendo saber todos os segredos do criador e um segredo cabuloso da própria Ravonna.

Que segredo é esse? Bom, não fazemos ideia, mas a versão dos quadrinhos poder trazer alguns indícios. Nas HQs, Ravonna Renslayer é uma princesa que é conhecida por ser o interesse amoroso de Kang. O episódio flerta com isso, mas ao fim revela que Renslayer não o enxerga como nada além de um parceiro de negócios. Porém, nas HQs mais recentes, há um arco em que Kang consegue manejar o tempo para transformar sua amada em reencarnações dela mesma. Parece confuso? Não esquente, é confuso mesmo. Ou seja, há alguns materiais que podem ser usados nesse tal segredo. Fato é que esse arco envolvendo a relação desses três é bastante promissor e imprevisível.

Mas antes que se descarte o próprio Victor Timely como vilão, vale mencionar um easter egg bastante singelo deste episódio. Durante uma cena de perseguição na Feira Mundial de Chicago, Timely se esconde no pavilhão do Egito. Vale lembrar que a primeira aparição de Kang nos quadrinhos é como o faraó Rama-Tut, uma de suas versões mais poderosas. E se voltarmos a Quantumania, o próprio faraó faz uma breve aparição, sendo uma das vozes mais atuantes do Conselho dos Kang. Essa breve referência serve para lembrar que mesmo sendo vítima, Victor Timely não pode ser descartado como uma ameaça. Ainda mais com esse interesse dele em conhecer Ouroboros, o que pode render uma perigosíssima parceria.

Vale mencionar também a breve, mas significativa aparição de Sylvie (Sophia Di Martino). Ela contraria as expectativas da semana passada de que viria a trabalhar com Loki para salvar as ramificações e segue com seu plano de vingança para eliminar todas as possibilidades de Aquele Que Permanece chegar a uma posição de poder. Ela se vê como uma criatura desprovida de humanidade, cuja função é deter esse déspota de controlar a Linha do Tempo novamente.

Entretanto, quando poderia matá-lo de vez, a Deusa da Trapaça cai no papinho de Victor, que implora por sua vida argumentando que ele não é Aquele Que Permanece, e que matá-lo por isso seria legitimar a ideia de que o destino de todos já está traçado, transformando o Livre-Arbítrio em uma mera ilusão, o que daria a Aquele Que Permanece uma justificativa para suas ações genocidas. Foi uma argumentação de mestre, porque colocou em xeque a própria motivação e existência da Sylvie, que se enxerga no rapaz e o deixa ir com Loki e Mobius para a AVT. E esse é apenas mais um ponto que mostra como ele não pode ser descartado como vilão só por ser uma vítima no momento. Ele ouviu os debates de Loki e Sylvie sobre o livre-arbítrio e guardou essa carta para usar no momento certo. Ardiloso.

Com mais três episódios por vir, a segunda temporada de Loki está fazendo valer cada segundo de tela, com capítulos que completam as pontas soltas das semanas anteriores e com uma trama de mistério muito interessante.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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