quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | The Girl from Plainville: Elle Fanning convence namorado a se matar em nova série biográfica

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Michelle Carter estampou as manchetes ao redor do mundo após protagonizar um dos casos mais polêmicos da história judicial norte-americana. A introvertida adolescente foi acusada de convencer o seu namorado a tirar sua própria vida, por meio de mensagens de texto. Ainda que ela estivesse a quilômetros de distância da terrível fatalidade, seu nome ficou talhado nos últimos instantes de vida de Conrad, um garoto sensível que sofria de depressão e ansiedade social. E The Girl from Plainville tenta preencher o rastro de inúmeras lacunas deixadas pelo processo que dominou os tribunais, apresentando mais uma belíssima e tocante performance de Elle Fanning.



A produção original da Hulu, trazida ao Brasil pelo streaming da Starzplay, nos leva para os bastidores das milhares de mensagens trocadas entre o casal, que passou a maior parte do seu relacionamento à distância. Tentando equilibrar a questão de que Michelle também sofria de depressão e distúrbios alimentares e o fato dela (independente disso) ter induzido seu namorado ao suicídio, Liz Hannah (The Post: A Guerra Secreta) e Patrick Macmanus (Dr. Death) busca mostrar as demais camadas mais profundas que jamais chegaram aos principais noticiários dos Estados Unidos.

Indo além do combo “garota estimula namorado a se matar”, The Girl from Plainville tenta entender como a mente de Michelle funcionava, explorando seus aspectos narcisistas, à medida em que explora ainda mais as doenças psicoemocionais que ela sofria. Sem tentar inocentá-la da atrocidade que comentou, a minissérie dramática faz uma reflexão sobre a cultura de relacionamentos doentios nascida e sustentada pela era das redes sociais, além de ponderar sobre a importância da comunicação honesta entre pais e filhos dentro do seio familiar. Aqui, ao testemunharmos duas pessoas doentes tentando se ajudar à sua maneira, compreendemos ainda mais o quão delicado e complexo é o tempo em que vivemos – onde relacionamentos muitas vezes se restringem ao virtual e a ética e moral se tornam cada vez mais turvas.

E com uma atuação poderosa de Elle Fanning, que expressa uma voz mansa e um olhar triste em quase todas as suas cenas, somos uma vez mais presenteados pela incrível versatilidade da atriz em cena. Com uma caracterização mais soturna e um pequeno trabalho de maquiagem para emanar os traços faciais de Carter, ela cumpre seu trabalho de forma única, expressa seu talento até mesmo por meio do canto e brilha em tela, facilmente ofuscando os demais personagens coadjuvantes. Chloë Sevigny e Colton Ryan também não ficam atrás e compõem um ótimo trio de protagonistas, em uma trama cujo maior vilão é a falta de entendimento sobre saúde mental.

Com um roteiro repleto de metáforas que tenta tornar a dinâmica Michelle-Conrad mais convidativa, a minissérie é feita para os apaixonados por produções biográficas – ainda que peque em alguns momentos pela falta de apuração dos fatos e por deixar muitos detalhes cruciais do processo de fora. Mas de fato, o maior problema de The Girl from Plainville é seu ritmo. Excessivamente lenta, a minissérie possui pouco sabor para os que amam thrillers dramáticos e depende muito da curiosidade alheia para garantir a concentração do público geral até o final. Ainda assim, a nova minissérie da Starzplay é um excelente e delicado relato sobre doenças mentais, que se priva do direito de oferecer muitas respostas conclusivas. Até porque, depois de tudo que descobrimos neste caso, será mesmo que elas genuinamente existem?

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A produção original da Hulu, trazida ao Brasil pelo streaming da Starzplay, nos leva para os bastidores das milhares de mensagens trocadas entre o casal, que passou a maior parte do seu relacionamento à distância. Tentando equilibrar a questão de que Michelle também sofria de depressão e distúrbios alimentares e o fato dela (independente disso) ter induzido seu namorado ao suicídio, Liz Hannah (The Post: A Guerra Secreta) e Patrick Macmanus (Dr. Death) busca mostrar as demais camadas mais profundas que jamais chegaram aos principais noticiários dos Estados Unidos.

Indo além do combo “garota estimula namorado a se matar”, The Girl from Plainville tenta entender como a mente de Michelle funcionava, explorando seus aspectos narcisistas, à medida em que explora ainda mais as doenças psicoemocionais que ela sofria. Sem tentar inocentá-la da atrocidade que comentou, a minissérie dramática faz uma reflexão sobre a cultura de relacionamentos doentios nascida e sustentada pela era das redes sociais, além de ponderar sobre a importância da comunicação honesta entre pais e filhos dentro do seio familiar. Aqui, ao testemunharmos duas pessoas doentes tentando se ajudar à sua maneira, compreendemos ainda mais o quão delicado e complexo é o tempo em que vivemos – onde relacionamentos muitas vezes se restringem ao virtual e a ética e moral se tornam cada vez mais turvas.

E com uma atuação poderosa de Elle Fanning, que expressa uma voz mansa e um olhar triste em quase todas as suas cenas, somos uma vez mais presenteados pela incrível versatilidade da atriz em cena. Com uma caracterização mais soturna e um pequeno trabalho de maquiagem para emanar os traços faciais de Carter, ela cumpre seu trabalho de forma única, expressa seu talento até mesmo por meio do canto e brilha em tela, facilmente ofuscando os demais personagens coadjuvantes. Chloë Sevigny e Colton Ryan também não ficam atrás e compõem um ótimo trio de protagonistas, em uma trama cujo maior vilão é a falta de entendimento sobre saúde mental.

Com um roteiro repleto de metáforas que tenta tornar a dinâmica Michelle-Conrad mais convidativa, a minissérie é feita para os apaixonados por produções biográficas – ainda que peque em alguns momentos pela falta de apuração dos fatos e por deixar muitos detalhes cruciais do processo de fora. Mas de fato, o maior problema de The Girl from Plainville é seu ritmo. Excessivamente lenta, a minissérie possui pouco sabor para os que amam thrillers dramáticos e depende muito da curiosidade alheia para garantir a concentração do público geral até o final. Ainda assim, a nova minissérie da Starzplay é um excelente e delicado relato sobre doenças mentais, que se priva do direito de oferecer muitas respostas conclusivas. Até porque, depois de tudo que descobrimos neste caso, será mesmo que elas genuinamente existem?

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