domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | The Survivor: Ben Foster entrega poderosa performance em drama biográfico adquirido pela HBO

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2021

Dramas esportivos possuem um lugar especial em Hollywood. Com seus próprios clichês, eles fazem aquela amada analogia entre as durezas dos desafios físicos e as mazelas da vida. Rocky, Creed: Nascido para Lutar e Touro Indomável são alguns dos exemplos mais memoráveis de como essa combinação funciona tanto artística como culturalmente. E a história do pugilista Harry Haft não seria diferente. Como alguém que lutou nos ringues para – literalmente – sobreviver aos horrores dos campos de concentração, sua história é o suprassumo inspirador e bem aplicado de como o esporte e a vida são aspectos correlacionados e interconectados. E em The Survivor, Barry Levinson entrega o seu melhor trabalho, abusando da poderosa e dolorosa performance de Ben Foster.



De corpo esguio e estrutura física cadavérica, Foster nos apresenta a Harry Haft com supremacia e dor. Seu olhar constantemente cansado e olheiras profundas, que emanam uma angustiante e interminável dor, escondem a voracidade de um homem que fora usado por soldados nazistas como um galo de briga para o próprio deleite do pelotão. Obrigado a lutar contra colegas poloneses para não ser morto dentro do campo de concentração em que se encontrava, ele fez do boxe a sua válvula de sobrevivência diária. A cada luta, novas feridas nasciam em seu corpo e mente e cada dilacerante instante dessa jornada é lindamente apresentado em tela pela união de Levinson e Foster com a roteirista Justine Juel Gillmer.

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Sob uma fotografia em preto em branco dedicada para o passado de Haft, The Survivor abusa dessa estética para explorar as sombras de forma mais densa e intimista, fazendo um belo contraste com a luz natural e sempre destacando a linguagem corporal do ator – que rouba a cena a todo tempo com sua impressionante transformação. Aqui, Foster fica entre a exaurida força física e o semblante esgotado de quem sofre com raquitismo pela sua total falta de qualidade de vida. E girando sempre em torno dos conflitos psicológicos por ser alguém considerado um traidor de seu povo – por se forçado a lutar para e pelos nazistas -, temos um drama biográfico que explora uma outra e complexa dimensão do que era a vida dentro de um campo de concentração.

Honrando a história de Haft, The Survivor vai além dos clichês do subgênero de drama esportivo, tornando o boxe um aspecto a mais dentro da história do seu protagonista – que ainda conta com um elenco grandioso formado por Billy Magnussen, Vicky Krieps, Peter Sarsgaard, Danny DeVito e John Leguizamo. Ainda que o esporte seja o maior elo de conectividade do personagem com a sua trajetória, as dores emocionais gritam a plenos pulmões em cenas de flashback e pensamentos dolorosos que atormentaram, blindaram e até mesmo salvaram o pugilista de uma morte indigna e injusta.

Intercalando entre traumas e o fulgor da esperança de alguém que nunca deixou de lutar por sua vida, a cinebiografia é apaixonante, dilacera o coração da audiência e nos convida para uma conversa sobre saúde mental e emocional. Com um caprichado trabalho de maquiagem feito em Foster, The Survivor é um drama inspirador que muito mais que nos apresentar a uma história pouco conhecida, nos toma pela mão em direção a um processo criativo e avassalador vivido pelo ator. Delicado e emocionante, este filme é a lembrança de que a esperança pode nascer nos terrenos mais áridos e infrutíferos. Ainda que haja muita dor.

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De corpo esguio e estrutura física cadavérica, Foster nos apresenta a Harry Haft com supremacia e dor. Seu olhar constantemente cansado e olheiras profundas, que emanam uma angustiante e interminável dor, escondem a voracidade de um homem que fora usado por soldados nazistas como um galo de briga para o próprio deleite do pelotão. Obrigado a lutar contra colegas poloneses para não ser morto dentro do campo de concentração em que se encontrava, ele fez do boxe a sua válvula de sobrevivência diária. A cada luta, novas feridas nasciam em seu corpo e mente e cada dilacerante instante dessa jornada é lindamente apresentado em tela pela união de Levinson e Foster com a roteirista Justine Juel Gillmer.

Sob uma fotografia em preto em branco dedicada para o passado de Haft, The Survivor abusa dessa estética para explorar as sombras de forma mais densa e intimista, fazendo um belo contraste com a luz natural e sempre destacando a linguagem corporal do ator – que rouba a cena a todo tempo com sua impressionante transformação. Aqui, Foster fica entre a exaurida força física e o semblante esgotado de quem sofre com raquitismo pela sua total falta de qualidade de vida. E girando sempre em torno dos conflitos psicológicos por ser alguém considerado um traidor de seu povo – por se forçado a lutar para e pelos nazistas -, temos um drama biográfico que explora uma outra e complexa dimensão do que era a vida dentro de um campo de concentração.

Honrando a história de Haft, The Survivor vai além dos clichês do subgênero de drama esportivo, tornando o boxe um aspecto a mais dentro da história do seu protagonista – que ainda conta com um elenco grandioso formado por Billy Magnussen, Vicky Krieps, Peter Sarsgaard, Danny DeVito e John Leguizamo. Ainda que o esporte seja o maior elo de conectividade do personagem com a sua trajetória, as dores emocionais gritam a plenos pulmões em cenas de flashback e pensamentos dolorosos que atormentaram, blindaram e até mesmo salvaram o pugilista de uma morte indigna e injusta.

Intercalando entre traumas e o fulgor da esperança de alguém que nunca deixou de lutar por sua vida, a cinebiografia é apaixonante, dilacera o coração da audiência e nos convida para uma conversa sobre saúde mental e emocional. Com um caprichado trabalho de maquiagem feito em Foster, The Survivor é um drama inspirador que muito mais que nos apresentar a uma história pouco conhecida, nos toma pela mão em direção a um processo criativo e avassalador vivido pelo ator. Delicado e emocionante, este filme é a lembrança de que a esperança pode nascer nos terrenos mais áridos e infrutíferos. Ainda que haja muita dor.

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