segunda-feira , 16 dezembro , 2024

Crítica | The Walking Dead – 6ª Temporada

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O final desta 6ª temporada de The Walking Dead – TWD foi peculiar. Fazia tempos, não assistíamos a um episódio com tão pouca ação. Ele foi pesado, lento e claustrofóbico, mais focado no suspense do que na ação, como estávamos acostumados. Foi tão fora do tom do que estávamos acostumados no que toca aos finais de temporada da série, que ficamos, com razão, decepcionados.

Apesar de algumas cenas focadas na relação entre Carol (Melissa McBride) e Morgan (Lennie James), a estrela da noite era o vilão Negan (Jeffrey Dean Morgan). Ao longo da viagem do grupo de Rick (Andrew Lincoln) em busca de ajuda para Maggie (Lauren Cohan), todo o tempo interrompida por hordas cada vez maiores de capangas do Negan, criou-se uma tensão que culminou com o aparecimento do vilão. Ver todos os protagonistas de joelhos sob a ameaça de Lucille desmanchou a imagem construída ao longo desta temporada.



negan_1

Esta sexta temporada é um ponto de mudança importante na mitologia da série. Até aqui, TWD era a narrativa de um grupo nômade tentando sobreviver em um mundo pós-apocalíptico.  Com esta sexta temporada, TWD passa a ser a narrativa de um grupo tentando estabelecer uma sociedade depois do apocalipse. Mesmo quando Rick e sua trupe estavam na prisão, não era tão forte essa ideia de fixação; sempre havia o risco constante de que tudo aquilo poderia ruir. Já em Alexandria, o desejo de construir algo duradouro é visível.

Essa mudança de eixo é natural. No começo, o mundo dos zumbis era um perigoso enigma para os personagens e um deleite para o público. Com o passar das temporadas, não só o espectador se acostumou com esse universo como também se acostumaram os que nele habitam. Manter TWD na mesma linha seria ilógico, do ponto de vista da evolução do roteiro, e pouco produtivo do ponto de vista da audiência, que logo acharia tudo repetitivo.

Ainda no terceiro episódio da primeira temporada, em uma roda de mulheres que lavavam roupa, uma delas questionou divisão de trabalhos no grupo, ao que uma delas respondeu: “O mundo acabou. Não recebeu o memorando?!” A frase sintetiza o que foi TWD até hoje: o mundo acabou e voltamos para um estágio pré-primitivo. No episódio final desta sexta temporada, Negan explica para Rick como funciona a nova ordem mundial: “Me dê as suas merdas, ou eu vou matar vocês”. Esta será a pedra de toque daqui para frente: o mundo que conhecíamos não voltará, e ao mais forte, as batatas!

twd-johnny-depp-1

Em meio a essa mudança, Rick tornou-se um lidar capaz de atrocidades para proteger seu grupo, ficando muito parecido com o que era o Governador. A questão deixou de ser a sobrevivência no caos, e passou a ser guerra grupal. Os zumbis passaram a ser um problema menor; o grande desafio passa a ser ganhar território e conseguir estabilidade para reconstruir a sociedade. Essa mudança de eixo foi o grande mérito da temporada, minimizando as falhas.

Na segunda parte desta sexta temporada, Negan surgiu como a nova ameaça da série. A cada episódio, ficava mais claro que os Salvadores estavam por perto. Neste aspecto, o episódio final foi um concentrado dessa ameaça.

Mesmo sendo um episódio coerente e bem feito, o público não gostou muito e eu não morri de amores! As falhas cometidas eclipsaram as qualidades dele. Alguns apontaram o fato de Negan não ser tão surtado quanto nos quadrinhos. Concordo, mas nem tudo que funciona em uma mídia tem bons resultados em outra. Além do mais, o público de TWD aumentou, implicando em concessões e numa linguagem mais amena – não gosto disso, mas assim funcionam as coisas.

The Walking Dead_6 Temporada

A grande polêmica foram mesmo os últimos instantes do episódio. Negan matou alguém que não sabemos quem! Um clichê desses sempre é arriscado, mas, quando bem feita, funciona. O problema é que esse recurso era usado pela terceira vez na temporada. O penúltimo episódio acabou com a tela suja pelo sangue de Daryl (Norman Reedus), só para vermos ele vivo no episódio final. O grande erro, porém, foi Glenn (Steven Yeun), que terminou o terceiro episódio, aparentemente, sendo devorado por zumbis.

TWD estabeleceu uma mitologia segundo a qual qualquer personagem pode morrer a qualquer momento, sem glórias ou rufar de tambores. A noção de perigo em TWD está fundada na lógica de um mundo caótico. Na temporada passada, quando Beth (Emily Kinney) teve uma das mortes mais patéticas e mal feitas da série até hoje, comecei a ficar preocupado. Nesta sexta temporada, os roteiristas jogaram no lixo a ideia de que todos estão em perigo.

Foram vários episódios com o público discutindo se Glenn tinha morrido ou não. Com base na mitologia da série, defendi que ele tinha ido pro estômago dos zumbis. Contudo, à medida que o tempo passava, ficava mais triste por perceber que os roteiristas iriam apelar para uma lógica deus ex machina. Ao salvar Glenn, os roteiristas fragilizaram a mitologia e baratearam o gancho que encerrou a temporada. Afinal, se grandes nomes, como Glenn e Daryl, não morrerem, certamente a vítima de Negan fora o cinegrafista!

The Walking Dead_6 Temporada_ img3

Sempre disse que TWD é um grande drama moral. Seu maior trunfo são os dramas vividos por cada personagem. Acredito que mesmo nessa nova fase, esse traço seja mantido. Contudo, esta sexta temporada falhou ao tratar certos dilemas morais de forma excessivamente didática e expositiva, mastigando a questão. Em outros casos, certos dramas foram tratados com muita superficialidade, especialmente em relação aos personagens mais recentes. Espero que as próximas temporadas voltem a explorar os grandes dilemas sem maiores concessões – sinto, no fundo do meu peito, que isso é uma ingenuidade.

Exceto pela sua primeira temporada, TWD sempre foi uma gangorra. Seus espectadores fiéis aceitam os episódios ruins porque sabe que vem coisa boa depois. Mesmo com as falhas, gostei desta temporada. A história foi bastante ágil, muitas questões eram postas e resolvidas, os personagens evoluíram, tivemos algumas cenas memoráveis e, o mais relevante, a série mudou de eixo. Bem pesado e bem medido, eu irei aguardar pela sétima temporada, torcendo para não ver o corpo do cinegrafista aos pés de Negan.

E, ai, o que achou? Vamos, comente, diga o que achou da temporada e curta nossas redes sociais:

http://www.facebook.com/georgenor.franco

http://www.facebook.com/sitecinepop

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O final desta 6ª temporada de The Walking Dead – TWD foi peculiar. Fazia tempos, não assistíamos a um episódio com tão pouca ação. Ele foi pesado, lento e claustrofóbico, mais focado no suspense do que na ação, como estávamos acostumados. Foi tão fora do tom do que estávamos acostumados no que toca aos finais de temporada da série, que ficamos, com razão, decepcionados.

Apesar de algumas cenas focadas na relação entre Carol (Melissa McBride) e Morgan (Lennie James), a estrela da noite era o vilão Negan (Jeffrey Dean Morgan). Ao longo da viagem do grupo de Rick (Andrew Lincoln) em busca de ajuda para Maggie (Lauren Cohan), todo o tempo interrompida por hordas cada vez maiores de capangas do Negan, criou-se uma tensão que culminou com o aparecimento do vilão. Ver todos os protagonistas de joelhos sob a ameaça de Lucille desmanchou a imagem construída ao longo desta temporada.

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Esta sexta temporada é um ponto de mudança importante na mitologia da série. Até aqui, TWD era a narrativa de um grupo nômade tentando sobreviver em um mundo pós-apocalíptico.  Com esta sexta temporada, TWD passa a ser a narrativa de um grupo tentando estabelecer uma sociedade depois do apocalipse. Mesmo quando Rick e sua trupe estavam na prisão, não era tão forte essa ideia de fixação; sempre havia o risco constante de que tudo aquilo poderia ruir. Já em Alexandria, o desejo de construir algo duradouro é visível.

Essa mudança de eixo é natural. No começo, o mundo dos zumbis era um perigoso enigma para os personagens e um deleite para o público. Com o passar das temporadas, não só o espectador se acostumou com esse universo como também se acostumaram os que nele habitam. Manter TWD na mesma linha seria ilógico, do ponto de vista da evolução do roteiro, e pouco produtivo do ponto de vista da audiência, que logo acharia tudo repetitivo.

Ainda no terceiro episódio da primeira temporada, em uma roda de mulheres que lavavam roupa, uma delas questionou divisão de trabalhos no grupo, ao que uma delas respondeu: “O mundo acabou. Não recebeu o memorando?!” A frase sintetiza o que foi TWD até hoje: o mundo acabou e voltamos para um estágio pré-primitivo. No episódio final desta sexta temporada, Negan explica para Rick como funciona a nova ordem mundial: “Me dê as suas merdas, ou eu vou matar vocês”. Esta será a pedra de toque daqui para frente: o mundo que conhecíamos não voltará, e ao mais forte, as batatas!

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Em meio a essa mudança, Rick tornou-se um lidar capaz de atrocidades para proteger seu grupo, ficando muito parecido com o que era o Governador. A questão deixou de ser a sobrevivência no caos, e passou a ser guerra grupal. Os zumbis passaram a ser um problema menor; o grande desafio passa a ser ganhar território e conseguir estabilidade para reconstruir a sociedade. Essa mudança de eixo foi o grande mérito da temporada, minimizando as falhas.

Na segunda parte desta sexta temporada, Negan surgiu como a nova ameaça da série. A cada episódio, ficava mais claro que os Salvadores estavam por perto. Neste aspecto, o episódio final foi um concentrado dessa ameaça.

Mesmo sendo um episódio coerente e bem feito, o público não gostou muito e eu não morri de amores! As falhas cometidas eclipsaram as qualidades dele. Alguns apontaram o fato de Negan não ser tão surtado quanto nos quadrinhos. Concordo, mas nem tudo que funciona em uma mídia tem bons resultados em outra. Além do mais, o público de TWD aumentou, implicando em concessões e numa linguagem mais amena – não gosto disso, mas assim funcionam as coisas.

The Walking Dead_6 Temporada

A grande polêmica foram mesmo os últimos instantes do episódio. Negan matou alguém que não sabemos quem! Um clichê desses sempre é arriscado, mas, quando bem feita, funciona. O problema é que esse recurso era usado pela terceira vez na temporada. O penúltimo episódio acabou com a tela suja pelo sangue de Daryl (Norman Reedus), só para vermos ele vivo no episódio final. O grande erro, porém, foi Glenn (Steven Yeun), que terminou o terceiro episódio, aparentemente, sendo devorado por zumbis.

TWD estabeleceu uma mitologia segundo a qual qualquer personagem pode morrer a qualquer momento, sem glórias ou rufar de tambores. A noção de perigo em TWD está fundada na lógica de um mundo caótico. Na temporada passada, quando Beth (Emily Kinney) teve uma das mortes mais patéticas e mal feitas da série até hoje, comecei a ficar preocupado. Nesta sexta temporada, os roteiristas jogaram no lixo a ideia de que todos estão em perigo.

Foram vários episódios com o público discutindo se Glenn tinha morrido ou não. Com base na mitologia da série, defendi que ele tinha ido pro estômago dos zumbis. Contudo, à medida que o tempo passava, ficava mais triste por perceber que os roteiristas iriam apelar para uma lógica deus ex machina. Ao salvar Glenn, os roteiristas fragilizaram a mitologia e baratearam o gancho que encerrou a temporada. Afinal, se grandes nomes, como Glenn e Daryl, não morrerem, certamente a vítima de Negan fora o cinegrafista!

The Walking Dead_6 Temporada_ img3

Sempre disse que TWD é um grande drama moral. Seu maior trunfo são os dramas vividos por cada personagem. Acredito que mesmo nessa nova fase, esse traço seja mantido. Contudo, esta sexta temporada falhou ao tratar certos dilemas morais de forma excessivamente didática e expositiva, mastigando a questão. Em outros casos, certos dramas foram tratados com muita superficialidade, especialmente em relação aos personagens mais recentes. Espero que as próximas temporadas voltem a explorar os grandes dilemas sem maiores concessões – sinto, no fundo do meu peito, que isso é uma ingenuidade.

Exceto pela sua primeira temporada, TWD sempre foi uma gangorra. Seus espectadores fiéis aceitam os episódios ruins porque sabe que vem coisa boa depois. Mesmo com as falhas, gostei desta temporada. A história foi bastante ágil, muitas questões eram postas e resolvidas, os personagens evoluíram, tivemos algumas cenas memoráveis e, o mais relevante, a série mudou de eixo. Bem pesado e bem medido, eu irei aguardar pela sétima temporada, torcendo para não ver o corpo do cinegrafista aos pés de Negan.

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