quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Tinnitus – Suspense Psicológico Brasileiro Escalona a Angústia Através do Body Horror

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O terror tem muitas formas de acontecer no cinema, e nem todas elas envolvem sangue espirrando por duas horas na telona. Há maneiras mais sutis, e uma delas é o subgênero body horror – aqui no Brasil também conhecido como terror corporal –, ou seja, o tipo de filme que usa de violências físicas ou psicológicas ao corpo humano com a intenção de, a partir destas, fazer sua história. De uma maneira sutil, porém presente, este é um dos vieses condutores do filme ‘Tinnitus’, suspense psicológico brasileiro que entra em cartaz essa semana nas salas de todo o país.



Marina (Joana de Verona) é uma excelente nadadora que pratica salto sincronizado junto com sua dupla, Luisa (Indira Nascimento), a quem conhece desde pequena. As duas têm uma perfeita sincronia, porém, quando durante uma competição Marina sofre um grave acidente, a dupla acaba e Marina se afasta totalmente do mundo das competições, passando, então, a trabalhar com entretenimento infantil, como sereia do aquário de São Paulo. Casada com um médico otorrinolaringologista, Marina passa a participar de um grupo de pesquisa que investiga os impactos do ‘Tinnitus’, nome atribuído a uma espécie de zumbido constante que muitas pessoas sentem mas cujas origens e consequências ainda são desconhecidas. Entretanto, quando Marina conhece Teresa (Alli Willow), uma jovem saltadora que a admira muito, ela passará a repensar suas decisões e os sonhos deixados para trás.

Com uma hora e quarenta de duração, ‘Tinnitus’ tem um ritmo bem lento, o que pode acabar impacientando o espectador mais acostumado com frenesi na telona. Não é esse tipo de filme. Ao contrário, sua narrativa mescla com técnicas utilizadas, por exemplo, pelo mestre Akira Kurosawa – cuja homenagem fica evidente quando a produção mostra o nome do cineasta japonês –, seja por o terço final do longa ser localizado no bairro da Liberdade em São Paulo (bairro conhecido por concentrar grande parte da população migrante daquele país e seus descendentes aqui no Brasil), seja pela estética, que se assemelha àquela usada pelo cineasta oriental.

Exibido durante o 50º Festival de Gramado, em 2022, o longa acabou levando os Kikitos de Melhor Fotografia, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte, e faz por merecer nestes quesitos. A fotografia do longa ajuda, especialmente, a contrapor o espectador da angústia que a protagonista sente em, de repente, parar de ouvir tudo para sentir apenas sons abafados e distantes. Ou seja, se por um lado o som – ou melhor, a ausência dele – causa a angústia sensorial da protagonista, a fotografia traz o universo ora expansivo (o da natação), ora opressor (a casa) em que Marina vive. Tecnicamente, é muito bom, e ainda traz a luxuosa participação especial de Antonio Pitanga.

Experimental e sensorial, ‘Tinnitus’ oferece um mergulho na privação de um sentido fundamental e no estresse escalonado em que o indivíduo vive a partir dessa privação. Através do suspense e do drama psicológico, o longa de Gregorio Graziosi traz uma imersão do mundo dos atletas, entre superação, sofrimento e superações.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Marina (Joana de Verona) é uma excelente nadadora que pratica salto sincronizado junto com sua dupla, Luisa (Indira Nascimento), a quem conhece desde pequena. As duas têm uma perfeita sincronia, porém, quando durante uma competição Marina sofre um grave acidente, a dupla acaba e Marina se afasta totalmente do mundo das competições, passando, então, a trabalhar com entretenimento infantil, como sereia do aquário de São Paulo. Casada com um médico otorrinolaringologista, Marina passa a participar de um grupo de pesquisa que investiga os impactos do ‘Tinnitus’, nome atribuído a uma espécie de zumbido constante que muitas pessoas sentem mas cujas origens e consequências ainda são desconhecidas. Entretanto, quando Marina conhece Teresa (Alli Willow), uma jovem saltadora que a admira muito, ela passará a repensar suas decisões e os sonhos deixados para trás.

Com uma hora e quarenta de duração, ‘Tinnitus’ tem um ritmo bem lento, o que pode acabar impacientando o espectador mais acostumado com frenesi na telona. Não é esse tipo de filme. Ao contrário, sua narrativa mescla com técnicas utilizadas, por exemplo, pelo mestre Akira Kurosawa – cuja homenagem fica evidente quando a produção mostra o nome do cineasta japonês –, seja por o terço final do longa ser localizado no bairro da Liberdade em São Paulo (bairro conhecido por concentrar grande parte da população migrante daquele país e seus descendentes aqui no Brasil), seja pela estética, que se assemelha àquela usada pelo cineasta oriental.

Exibido durante o 50º Festival de Gramado, em 2022, o longa acabou levando os Kikitos de Melhor Fotografia, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte, e faz por merecer nestes quesitos. A fotografia do longa ajuda, especialmente, a contrapor o espectador da angústia que a protagonista sente em, de repente, parar de ouvir tudo para sentir apenas sons abafados e distantes. Ou seja, se por um lado o som – ou melhor, a ausência dele – causa a angústia sensorial da protagonista, a fotografia traz o universo ora expansivo (o da natação), ora opressor (a casa) em que Marina vive. Tecnicamente, é muito bom, e ainda traz a luxuosa participação especial de Antonio Pitanga.

Experimental e sensorial, ‘Tinnitus’ oferece um mergulho na privação de um sentido fundamental e no estresse escalonado em que o indivíduo vive a partir dessa privação. Através do suspense e do drama psicológico, o longa de Gregorio Graziosi traz uma imersão do mundo dos atletas, entre superação, sofrimento e superações.

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