sexta-feira, março 29, 2024

Crítica | Traffik: Liberdade Roubada – Suspense arca com falta de credibilidade

Chorar para não rir

Sabe aquela máxima “o que vale é a intenção”? Pois bem, Traffik: Liberdade Roubada (Traffik) se encaixa perfeitamente nesta premissa. Isso porque o filme almeja ser um suspense criminal em tom de denúncia, declara-se até baseado em fatos reais, no entanto, é apenas um vislumbre mal realizado de uma questão mundialmente importante.

Para explorar o tema de tráfico sexual de mulheres, Traffik apresenta a heroína Brea (Paula Patton), uma jornalista visionária que luta para publicar artigos relevantes, mas é interpelada pelo chefe a buscar histórias mais triviais. Já em sua primeira cena, a moça tem uma discussão com o editor sobre perspectivas de trabalho. O embate é encerrado com a ameaça de uma possível demissão.

Logo depois, Brea tem um encontro com o namorado e amigos no bar, onde apresenta seu descontentamento com o trabalho. A cena em si serve para introduzir os personagens de forma caricata, pois enquanto o namorado John (Omar Epps) tenta animar a moça, o amigo do rapaz Darren (Laz Alonso) faz piadas machistas e pequenas humilhações direcionadas à namorada Malia (Roselyn Sanchez), que apenas esboça um ar de cansaço.

No dia seguinte, com planos de animá-la e pedi-la em casamento, John leva Brea para passar um romântico fim de semana na casa do lago do seu amigo e desfrutar da paz necessária para o grande momento. Na estrada, entretanto, o pesadelo começa a assombrá-los na  forma de uma gangue de motoqueiros no posto de gasolina. Para situação ficar mais estranha, uma mulher (Dawn Olivieri) tenta abordar Brea no banheiro, mas desiste de dizer alguma coisa.

Com um péssimo senso de temporalização, o diretor Deon Taylor usa o recurso do slow motion em variados momento, ridicularizando as cenas de tensão e tornando as de romance excruciantes. Um péssimo exemplo do recurso ocorre quando na procedência de uma perseguição entre o casal e um dos motoqueiros, a câmera passeia vagarosamente sobre a atriz e na troca de carinho entre o casal no carro, não acrescentando nada à história.

Aliás, o roteiro abusa de momentos sem sentido, tais como o casal na piscina sem nenhum diálogo ou situação reveladora, apenas apresentação de corpos – por vezes em slow motion. A paz então reina por algumas horas, até a chegada de Darren e Malia e também do toque de um celular desconhecido na bolsa de Brea.

A partir do aparelho, a jornalista descobre – sem precisar de nenhum código de segurança -, dezenas de fotos de mulheres em situações de espancamento e decide entrar em contato com a polícia. Ao invés dos policiais, a mulher do banheiro surge na porta implorando pelo celular. Em uma sequência de má interpretação constrangedora, o grupo da casa percebe a presença da gangue, observa eles cometerem um assassinato, mas ainda tentam negociar a entrega do celular. Patético! Quase como forçação de barra, o roteiro tenta colocar Brea como um mulher badass, nem que para isso metade do elenco tenha que morrer. Afinal, para destruir uma bilionária organização criminosa, que conta com a cobertura da polícia local, basta enviar um e-mail, dar um telefone e contar com personagens patéticos na figura de vilões.

Traffik, portanto, pega um tema extremamente sério e o trata com total incompetência, prestando um desserviço social. É como se uma professora tivesse passado o dever de casa e o aluno com preguiça copia e cola da internet o primeiro texto que aparece na busca. Claro, sem nem checar se o material apresentado se encaixa ao tema proposto.

Não deixe de assistir:

Além de todos os clichês de um filme de suspense, Traffik não pode ser levado a sério por conta do princípio básico de credibilidade. Com texto e direção preguiçosos, o tema central passa longe da verossimilhança, minimizando ao máximo o real terror de uma vítima em tal situação.

A cena final de Traffik parece uma piada de mal gosto, imitando o fim da maioria dos clássicos de super-heróis, em que o protagonista diz não temer o perigo em busca de fazer o bem. Ou seja, Brea propõe um jornalismo ativista. Sobretudo, Paula Patton não tem ainda cacife para alternar sentimentos em cena. Apesar de se esforçar, seu trabalho é apenas razoável.

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