domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Trocando os Pés

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Se Eu Fosse Você

Um dos maiores inimigos do bom gosto e dos críticos de cinema, o comediante Adam Sandler parece finalmente estar dando uma guinada em sua carreira. É impossível para um avaliador, um profissional que assiste a muitos filmes e precisa dar seu parecer, não desmerecer Sandler nos últimos anos, já que seus projetos soavam como afronta proposital a esta categoria cinéfila.

E não é dizer que Sandler nunca fez nada de bom, afinal Embriagado de Amor (2002), Espanglês (2004), Como se Fosse a Primeira Vez (2004) e até mesmo Click (2006) estão aí para provar o contrário. Mas nos últimos tempos, o comediante não teve muita defesa entregando produções como Eu os Declaro Marido e Larry (2007), Este é o Meu Garoto (2012) e Gente Grande 2 (2013).



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Voltando ao início do texto, Sandler parece empenhado em uma reviravolta, e o início veio ano passado com o drama Homens, Mulheres e Filhos.  Por mais que não tenha atingido o alvo como desejado para o talentoso Jason Reitman (o diretor), o comediante estava mais contido do que de costume, sendo uma das melhores coisas da obra. Este ano ele prepara o terreno para Pixels, que promete ser sua melhor comédia e filme mais divertido em anos.

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Em Trocando os Pés (The Cobler no original), Sandler segue pela linha minimalista de atuação, na pele de um introspectivo sapateiro. Esta não é uma comédia escrachada, nas quais estamos acostumados a ver o ator. Trata-se de uma “dramédia” conceitual, que mistura ainda fantasia em sua trama. Max Simkin, o personagem de Sandler no filme, faz lembrar o personagem do veterano Al Pacino no recente e ainda inédito no Brasil (o filme foi exibido apenas no Festival do Rio passado e não tem título em português), Manglehorn – um chaveiro em busca de redenção.

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O protagonista de Sandler herdou o negócio de seu pai, papel de outro veterano, Dustin Hoffman. O patriarca abandonou a família e deixou o filho para cuidar da velha mãe. Nunca assumindo vocação, Simkin apenas flutua pelos dias, sem um propósito ou objeto. Ao lado, o fiel amigo Jimmy (Steve Buscemi), um barbeiro, o vigia. É quando o sujeito descobre um grande dom sobrenatural. Todo sapato consertado por ele numa velha máquina no porão da loja, lhe dá a capacidade de se transformar no dono do item, elevando assim o ditado “andar nos seus sapatos”.

Este é um mote “bonitinho” e que poderia render algo próximo a uma obra prima. No entanto, muito pouco é tentado pelo roteiro, resultando naquele tipo de filme do qual ficamos esperando até o último momento engrenar, somente para percebermos que não irá. Nada verdadeiramente criativo é tentado com essa premissa, dona um grande leque de possibilidades. De começo, Sandler testa as opções, brincando com seus novos “poderes” como qualquer um de nós faria, o que inclui espionar uma bela modelo Kim Cloutier nua no chuveiro, na “pele” de seu namorado (papel de Dan Stevens), subtrama abandonada pelo filme.

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Mas após essa diversão, o filme precisa ter um foco e o que dizer, afinal não pode ser apenas Sandler trocando de corpos a fim de ganho pessoal – ou até poderia, se o roteiro fosse bem trabalhado em cima disso. No entanto, o planejado é uma espécie de trama central envolvendo um esquema imobiliário (é sério) que tem como cabeça a inescrupulosa personagem da veterana Ellen Barkin.

Como bom “herói”, Sandler salva um velhinho, a quem nunca conheceu, do despejo, fazendo valer sua amizade e o respeito da personagem de Melonie Diaz (Fruitvale Station), representante da vizinhança, que deseja impedir a construção de um grande complexo de prédios no lugar da área de pequenos comércios e residências do bairro Lower East Side de Nova York (algo parecido com a trama de O Milagre Veio do Espaço, quem lembra?).

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Bom, junte a isso uma subtrama envolvendo um criminoso interpretado por Method Man, e podemos afirmar que Trocando os Pés tinha o coração no lugar, mas sua falta de foco é seu calcanhar de Aquiles. Não sabemos bem sobre o que o filme deseja falar, são muitas subtramas, e tudo é muito confuso. Não existe muita conexão entre seus trechos e a tentativa do roteiro em criá-las torna tudo ainda mais desconexo no final das contas. Além disso, Trocando os Pés não possui muita graça e é excessivamente violento (com mortes, tiros e hostilidade em geral – transformado em Method Man, Sandler rouba os sapatos de um sujeito, ameaçando-o, somente para depois roubar seu carro pelo prazer de dirigi-lo). O desfecho é particularmente incoerente.

O diretor e roteirista Thomas McCarthy (também ator) tem uma filmografia recheada de produções acima da média, fato que o posiciona como um dos jovens cineastas mais talentosos trabalhando nos EUA na atualidade. Sempre assinando seus roteiros, McCarthy tem no currículo obras como O Agente da Estação (2003), O Visitante (2007) e Vencer ou Vencer (2011). Com Trocando os Pés ocorre uma leve escorregada. Esperamos que o eficiente cineasta se recupere com Spotlight, seu primeiro suspense, que será lançado este ano, e traz Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Billy Crudup e Michael Keaton no elenco.

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E não é dizer que Sandler nunca fez nada de bom, afinal Embriagado de Amor (2002), Espanglês (2004), Como se Fosse a Primeira Vez (2004) e até mesmo Click (2006) estão aí para provar o contrário. Mas nos últimos tempos, o comediante não teve muita defesa entregando produções como Eu os Declaro Marido e Larry (2007), Este é o Meu Garoto (2012) e Gente Grande 2 (2013).

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Voltando ao início do texto, Sandler parece empenhado em uma reviravolta, e o início veio ano passado com o drama Homens, Mulheres e Filhos.  Por mais que não tenha atingido o alvo como desejado para o talentoso Jason Reitman (o diretor), o comediante estava mais contido do que de costume, sendo uma das melhores coisas da obra. Este ano ele prepara o terreno para Pixels, que promete ser sua melhor comédia e filme mais divertido em anos.

Em Trocando os Pés (The Cobler no original), Sandler segue pela linha minimalista de atuação, na pele de um introspectivo sapateiro. Esta não é uma comédia escrachada, nas quais estamos acostumados a ver o ator. Trata-se de uma “dramédia” conceitual, que mistura ainda fantasia em sua trama. Max Simkin, o personagem de Sandler no filme, faz lembrar o personagem do veterano Al Pacino no recente e ainda inédito no Brasil (o filme foi exibido apenas no Festival do Rio passado e não tem título em português), Manglehorn – um chaveiro em busca de redenção.

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O protagonista de Sandler herdou o negócio de seu pai, papel de outro veterano, Dustin Hoffman. O patriarca abandonou a família e deixou o filho para cuidar da velha mãe. Nunca assumindo vocação, Simkin apenas flutua pelos dias, sem um propósito ou objeto. Ao lado, o fiel amigo Jimmy (Steve Buscemi), um barbeiro, o vigia. É quando o sujeito descobre um grande dom sobrenatural. Todo sapato consertado por ele numa velha máquina no porão da loja, lhe dá a capacidade de se transformar no dono do item, elevando assim o ditado “andar nos seus sapatos”.

Este é um mote “bonitinho” e que poderia render algo próximo a uma obra prima. No entanto, muito pouco é tentado pelo roteiro, resultando naquele tipo de filme do qual ficamos esperando até o último momento engrenar, somente para percebermos que não irá. Nada verdadeiramente criativo é tentado com essa premissa, dona um grande leque de possibilidades. De começo, Sandler testa as opções, brincando com seus novos “poderes” como qualquer um de nós faria, o que inclui espionar uma bela modelo Kim Cloutier nua no chuveiro, na “pele” de seu namorado (papel de Dan Stevens), subtrama abandonada pelo filme.

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Mas após essa diversão, o filme precisa ter um foco e o que dizer, afinal não pode ser apenas Sandler trocando de corpos a fim de ganho pessoal – ou até poderia, se o roteiro fosse bem trabalhado em cima disso. No entanto, o planejado é uma espécie de trama central envolvendo um esquema imobiliário (é sério) que tem como cabeça a inescrupulosa personagem da veterana Ellen Barkin.

Como bom “herói”, Sandler salva um velhinho, a quem nunca conheceu, do despejo, fazendo valer sua amizade e o respeito da personagem de Melonie Diaz (Fruitvale Station), representante da vizinhança, que deseja impedir a construção de um grande complexo de prédios no lugar da área de pequenos comércios e residências do bairro Lower East Side de Nova York (algo parecido com a trama de O Milagre Veio do Espaço, quem lembra?).

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Bom, junte a isso uma subtrama envolvendo um criminoso interpretado por Method Man, e podemos afirmar que Trocando os Pés tinha o coração no lugar, mas sua falta de foco é seu calcanhar de Aquiles. Não sabemos bem sobre o que o filme deseja falar, são muitas subtramas, e tudo é muito confuso. Não existe muita conexão entre seus trechos e a tentativa do roteiro em criá-las torna tudo ainda mais desconexo no final das contas. Além disso, Trocando os Pés não possui muita graça e é excessivamente violento (com mortes, tiros e hostilidade em geral – transformado em Method Man, Sandler rouba os sapatos de um sujeito, ameaçando-o, somente para depois roubar seu carro pelo prazer de dirigi-lo). O desfecho é particularmente incoerente.

O diretor e roteirista Thomas McCarthy (também ator) tem uma filmografia recheada de produções acima da média, fato que o posiciona como um dos jovens cineastas mais talentosos trabalhando nos EUA na atualidade. Sempre assinando seus roteiros, McCarthy tem no currículo obras como O Agente da Estação (2003), O Visitante (2007) e Vencer ou Vencer (2011). Com Trocando os Pés ocorre uma leve escorregada. Esperamos que o eficiente cineasta se recupere com Spotlight, seu primeiro suspense, que será lançado este ano, e traz Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Billy Crudup e Michael Keaton no elenco.

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