No finalzinho do mês passado, a Netflix adicionou ao seu catálogo o seu primeiro reality show de competição, Ultimate Beastmaster. O formato provavelmente parecerá muito familiar àqueles que conhecem American Ninja Warrior, outro reality de competição que usa um trajeto cheio de obstáculos para desafiar os seus participantes. Apesar de suas similaridades, a nova série da Netflix ganha identidade própria ao apresentar novos elementos a uma fórmula já conhecida.
O maior diferencial de Ultimate Beastmaster é que se trata de um reality a nível global. A cada episódio acompanhamos a luta de 12 participantes, representando 6 países – Brasil, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, EUA e México –, enquanto eles tentam se tornar o próximo Beastmaster. No último episódio, porém, todos os vencedores dos episódios anteriores retornam para competir entre si e conquistar o título definitivo de Ultimate Beastmaster – além, é claro, de 50 mil dólares.
A diversidade cultural não se limita apenas aos participantes, mas também aos apresentadores. Cada país tem uma dupla para narrar os acontecimentos e explicar aos espectadores algumas das regras da competição. No Brasil, fomos representados pelo lutador Anderson Silva e o apresentador Rafinha Bastos. Apesar da dupla entreter e ter uma boa sintonia, eles raramente trazem alguma informação técnica relevante. O mais interessante, no entanto, gira em torno da interação entre os apresentadores dos demais países; algo que sempre diverte pelo fato de estarem constantemente provocando uns aos outros.
Dentre os participantes, há algumas personalidades interessantes e alguns ótimos atletas que se mostram promissores desde o começo. Através de uns vídeos rápidos, somos introduzidos às suas vidas, dramas, e alguns até conseguem ficar marcados. E, diferente de American Ninja Warrior, onde os participantes têm a liberdade de vestirem fantasias, criarem apelidos e deixarem estabelecidas desde o começo suas personalidades, o reality da Netflix segue uma estética mais padrão, com seus participantes usando uniformes.
A estrutura do percurso é belíssima, trazendo uma besta de aço literal ao que parecia apenas uma expressão metafórica. Os desafios são bem elaborados, mas não há muita diversidade no percurso ao decorrer desta temporada de estreia. Em American Ninja Warrior, por exemplo, o percurso sofre algumas alterações a cada dois episódios, além de apresentar desafios completamente novos na fase final da temporada. Em Ultimate Beastmaster há poucas mudanças, praticamente imperceptíveis, e o episódio final merecia novos obstáculos para desafiar ainda mais os participantes que já haviam ganhado seus respectivos episódios.
Ainda assim, foram ótimos 10 episódios de muita luta, esforço e diversidade cultural. O Brasil apresentou alguns competidores realmente impressionantes, e espero que consiga se destacar ainda mais na próxima temporada. Para aqueles que viram o Sylvester Stallone, que é um dos produtores da série, no trailer e estão ansiosos para vê-los no reality, lamento dizer que ficarão bastante decepcionados. Ele só aparece em duas cenas, no primeiro e último episódios, para falar um texto decorado, o que não é algo ruim, uma vez que as verdadeiras estrelas da série são os próprios participantes. Ultimate Beastmaster é um ótimo entretenimento, com um desfecho que certamente irá deixar qualquer um aflito e ansioso por mais.