terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Um Fascinante Novo Mundo – Vanessa Kirby estrela tocante drama de época homoafetivo

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Nos últimos anos as produtoras internacionais têm se debruçado com mais interesse nas histórias de amor homoafetivas passadas em outros séculos – possivelmente porque tanto o público quanto os próprios roteiristas tenham encontrado caminhos para demonstrar que as histórias de amor, em sua multiplicidade, vêm acontecendo ao longo dos séculos, inclusive as não normativas. Assim, tem ganhado mais espaço os romances de época lésbicos, que centram suas histórias no despertar do amor entre mulheres em um mundo e em um tempo dominados pelo universo masculino. Esse é o tema de ‘Um Fascinante Novo Mundo’, lançamento da Sony para o aluguel sob demanda nas plataformas digitais.

Na virada de ano de 1856, Abigail (Katherine Waterston) perde a filha para uma doença e, para tentar retomar sua vida com o marido Dyer (Casey Affleck) na casinha em que vivem no interior gelado europeu ela cuida da fazenda, ordenando as vacas, pegando os ovos, fazendo comida, descascando legumes. Sua rotina comum e entediante é quebrada de repente com a chegada de Finney (Christopher Abbott) e Tallie (Vanessa Kirby), seus novos vizinhos. Diante da imensidão vazia e da brutalidade que ocupam o dia a dia das mulheres do século XIX, Abigail e Tallie vão encontrar um inesperado amor na amizade que nutrem uma pela outra.

Baseado na história original escrita por Jim Shepard – que também colaborou no roteiro, ao lado de Ron Hansen – ‘Um Fascinante Novo Mundo’ é um filme-retrato cujo objetivo não é trazer grandes emoções ou apresentar uma história aprofundada sobre o amor entre mulheres, mas sim demonstrar como esse afeto é construído sutilmente, com pinceladas do dia a dia em uma época em que a mulher e um objeto tinham a mesma função dentro de casa. Nesse mundo sem opções, sem inclusão de gêneros, a amizade e o afeto são os meios pelos quais as mulheres conseguiram se desenvolver emocionalmente, e, portanto, também entre si, posto que a solidão e a empatia caminham juntas no isolamento feminil do século XIX.

A construção do longa, porém, é um pouco cansativa. As pouco mais de uma hora e quarenta de duração são divididas em capítulos narrativos, articulados pala protagonista Abigail que escreve e lê seu diário pessoal, rememorando os episódios passados em sua vida. Além de quebrar o ritmo, essa construção acaba impedindo o total mergulho do espectador na evolução do romance das protagonistas – que, por sua vez, também é recortado e realocado para o final, através da recuperação das memórias de Abigail. Na direção do projeto, Mona Fastvold poderia ter encontrado uma forma mais ágil e imersiva de contar essa mesma história.

Um Fascinante Novo Mundo’ é um filme abismal e melancólico, que retrata a desilusão solitária feminil do século XIX, que encontra como única saída o acolhimento de outra mulher. Uma boa ferramenta para olharmos para aquele tempo pensando no que mudou no mundo porvir, que vivemos hoje.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Na virada de ano de 1856, Abigail (Katherine Waterston) perde a filha para uma doença e, para tentar retomar sua vida com o marido Dyer (Casey Affleck) na casinha em que vivem no interior gelado europeu ela cuida da fazenda, ordenando as vacas, pegando os ovos, fazendo comida, descascando legumes. Sua rotina comum e entediante é quebrada de repente com a chegada de Finney (Christopher Abbott) e Tallie (Vanessa Kirby), seus novos vizinhos. Diante da imensidão vazia e da brutalidade que ocupam o dia a dia das mulheres do século XIX, Abigail e Tallie vão encontrar um inesperado amor na amizade que nutrem uma pela outra.

Baseado na história original escrita por Jim Shepard – que também colaborou no roteiro, ao lado de Ron Hansen – ‘Um Fascinante Novo Mundo’ é um filme-retrato cujo objetivo não é trazer grandes emoções ou apresentar uma história aprofundada sobre o amor entre mulheres, mas sim demonstrar como esse afeto é construído sutilmente, com pinceladas do dia a dia em uma época em que a mulher e um objeto tinham a mesma função dentro de casa. Nesse mundo sem opções, sem inclusão de gêneros, a amizade e o afeto são os meios pelos quais as mulheres conseguiram se desenvolver emocionalmente, e, portanto, também entre si, posto que a solidão e a empatia caminham juntas no isolamento feminil do século XIX.

A construção do longa, porém, é um pouco cansativa. As pouco mais de uma hora e quarenta de duração são divididas em capítulos narrativos, articulados pala protagonista Abigail que escreve e lê seu diário pessoal, rememorando os episódios passados em sua vida. Além de quebrar o ritmo, essa construção acaba impedindo o total mergulho do espectador na evolução do romance das protagonistas – que, por sua vez, também é recortado e realocado para o final, através da recuperação das memórias de Abigail. Na direção do projeto, Mona Fastvold poderia ter encontrado uma forma mais ágil e imersiva de contar essa mesma história.

Um Fascinante Novo Mundo’ é um filme abismal e melancólico, que retrata a desilusão solitária feminil do século XIX, que encontra como única saída o acolhimento de outra mulher. Uma boa ferramenta para olharmos para aquele tempo pensando no que mudou no mundo porvir, que vivemos hoje.

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