quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Um Inverno em Nova York – Emocionante drama da Netflix ensina sobre o perdão e o poder do acolhimento

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Nenhum recomeço é fácil. Deixar algo ou alguém – ou até mesmo uma vida inteira – para trás é extremamente difícil, e fica mais ainda complicado se você o fizer sozinho, sem o apoio de pessoas que se disponham a lhe ajudar. Esse mote emocionante é o que move o filme ‘Um Inverno em Nova York’, longa que anda aquecendo os corações dos assinantes da Netflix.



Clara (Zoe Kazan) deu um basta em sua vida. Depois de sofrer repetidas agressões físicas do marido, o policial Richard (Esben Smed), e depois que ele passou a agredir seus filhos Jude (Finlay Wojtak-Hissong) e Anthony (Jack Fulton), ela decidiu fugir de casa com os filhos e ir para Nova York. Lá, os três passam por dificuldades, sem dinheiro ou um lugar para ficar, mas tudo muda quando encontram a gentileza de estranhos na rua, como o gerente de restaurante Marc (Tahar Rahim), a médica Alice (Andrea Riseborough), o rapaz especial Jeff (Caleb Landry Jones) e o advogado John (Jay Baruchel).

Escrito e dirigido por Lone Scherfig, ‘Um Inverno em Nova York’ convida o espectador a mergulhar no drama dessa família, comum a tantas outras, para refletir sobre o nosso papel social enquanto moradores de uma cidade na qual podemos e devemos fazer mais pelo próximo. Assim, o filme procura mostrar dois pontos fundamentais que o argumento entende como primordiais para que histórias como esta tenham finais felizes: o perdão e o acolhimento. Esses dois pontos são trabalhados de maneira bem didática no longa, seja pelo “núcleo do perdão” – que literalmente é como as reuniões do AA, onde pessoas se encontram porque têm algum sentimento de culpa e precisam lidar com isso até aprenderem a perdoar a si mesmos –, seja pela interação entre os personagens, que vai se entrelaçando de modo a costurar uma rede de solidariedade para a família protagonista, evidenciando, assim, que ter uma rede de suporte e de acolhimento é o diferencial para que pessoas vítimas de violência consigam perlaborar suas dores e seguir adiante.

Com um título em português que dá a entender que é um romance (mas não é), a produção acaba tentando abranger muitos núcleos, e o resultado é que as relações ficam meio superficiais uma vez que são aceleradas para acontecer dentro das quase duas horas de longa. O primeiro arco se estende em demasia com os percalços que a família encontra em Nova York, de modo que a interação dela com os outros personagens acaba não sendo aprofundada – se o tivesse feito, a carga dramática do longa teria sido muito maior. Do jeito que ficou, o envolvimento dos personagens com a situação ficou bastante gratuito, beirando a inverossimilhança, considerando que estamos falando de indivíduos cosmopolitas que vivem numa das cidades mais caras do mundo.

Um Inverno em Nova York’ tem seu valor, que é o de aquecer o coração dos espectadores com um sentimento bom de que podemos e devemos ajudar ao próximo. Um filme inspirador, nesses tempos difíceis em que é urgente que estendamos a mão aos desconhecidos.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Clara (Zoe Kazan) deu um basta em sua vida. Depois de sofrer repetidas agressões físicas do marido, o policial Richard (Esben Smed), e depois que ele passou a agredir seus filhos Jude (Finlay Wojtak-Hissong) e Anthony (Jack Fulton), ela decidiu fugir de casa com os filhos e ir para Nova York. Lá, os três passam por dificuldades, sem dinheiro ou um lugar para ficar, mas tudo muda quando encontram a gentileza de estranhos na rua, como o gerente de restaurante Marc (Tahar Rahim), a médica Alice (Andrea Riseborough), o rapaz especial Jeff (Caleb Landry Jones) e o advogado John (Jay Baruchel).

Escrito e dirigido por Lone Scherfig, ‘Um Inverno em Nova York’ convida o espectador a mergulhar no drama dessa família, comum a tantas outras, para refletir sobre o nosso papel social enquanto moradores de uma cidade na qual podemos e devemos fazer mais pelo próximo. Assim, o filme procura mostrar dois pontos fundamentais que o argumento entende como primordiais para que histórias como esta tenham finais felizes: o perdão e o acolhimento. Esses dois pontos são trabalhados de maneira bem didática no longa, seja pelo “núcleo do perdão” – que literalmente é como as reuniões do AA, onde pessoas se encontram porque têm algum sentimento de culpa e precisam lidar com isso até aprenderem a perdoar a si mesmos –, seja pela interação entre os personagens, que vai se entrelaçando de modo a costurar uma rede de solidariedade para a família protagonista, evidenciando, assim, que ter uma rede de suporte e de acolhimento é o diferencial para que pessoas vítimas de violência consigam perlaborar suas dores e seguir adiante.

Com um título em português que dá a entender que é um romance (mas não é), a produção acaba tentando abranger muitos núcleos, e o resultado é que as relações ficam meio superficiais uma vez que são aceleradas para acontecer dentro das quase duas horas de longa. O primeiro arco se estende em demasia com os percalços que a família encontra em Nova York, de modo que a interação dela com os outros personagens acaba não sendo aprofundada – se o tivesse feito, a carga dramática do longa teria sido muito maior. Do jeito que ficou, o envolvimento dos personagens com a situação ficou bastante gratuito, beirando a inverossimilhança, considerando que estamos falando de indivíduos cosmopolitas que vivem numa das cidades mais caras do mundo.

Um Inverno em Nova York’ tem seu valor, que é o de aquecer o coração dos espectadores com um sentimento bom de que podemos e devemos ajudar ao próximo. Um filme inspirador, nesses tempos difíceis em que é urgente que estendamos a mão aos desconhecidos.

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