terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | ‘Um Match Surpresa’ é uma rom-com natalina fofa, mas igual a qualquer outra do gênero

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A temporada de filmes de fim de ano já começou nas principais plataformas de streaming, mesmo dois meses para a celebração do Natal e do Ano Novo – e, depois do lançamento de ‘A Família Noel’, a Netflix já nos apresentou um segundo título que promete aquecer nossos corações: Um Match Surpresa.

A história é centrada em uma jovem chamada Natalie Bauer (Nina Dobrev), jornalista que usa sua fracassada vida amorosa para dar vida a artigos que encantam as pessoas ao redor do mundo e se relacionam com suas desventuras da maneira mais inesperada possível. Entretanto, Nat acredita que isso está prestes a mudar quando ela conhece o cara perfeito em um aplicativo de relacionamentos: além de ser lindo, ele é divertido, um bom ouvinte e está disposto a conhecer tudo sobre ela. Depois de passarem semanas conversando, Nat resolve viajar à cidade de seu pretendente para surpreendê-lo para as comemorações natalinas – e descobre que ele, na verdade, não é quem diz ser. Engolfada em um elaborado catfish, a protagonista cruza caminho com Josh (Jimmy O. Yang) e percebe que não tem qualquer sorte com assuntos do coração.

Josh tenta se desculpar ao dizer que criou um perfil falso por não se sentir seguro consigo mesmo, mas não imaginava que a conversa com Nat evoluiria a laços tão fortes. Ao perceber que o verdadeiro crush dela, Tag (Darren Barnet) vive na mesma cidade, ele cria um acordo que pode beneficiar a ambos: caso Nat aceite fingir sua namorada até o feriado acabar, ele a ajudará a conquistar Tag em retribuição. É a partir daí que toda a trama principal se desenrola. E, no final das contas, a produção da gigante do streaming carrega todos os elementos que envolvem seus espectadores e usuários – isso é, um punhado de fórmulas e “reviravoltas” esquecíveis que só não mancham mais a estrutura da obra pelo divertimento que o elenco imprime.

O enredo não é e nem procura ser original: lidamos com um período do ano em que todas as tramas convergem para uma amálgama de comédias românticas ou aventuras fantásticas que celebram a união, o amor e tudo de melhor que o Natal pode nos trazer (a despeito de tantas tragédias que aconteceram nesses últimos dois anos). Saber como conduzir tamanho clichê é a chave para atualizar clássicos ou desconstruir engessamentos do gênero – e isso os roteiristas Danny Mackey e Rebecca Ewing definitivamente não conseguem fazer. Desde o primeiro ato à bruta conclusão, qualquer um que tenha o mínimo de experiência assistindo a iterações cinematográficas pode prever cada movimento de cada personagem em cada sequência.

No geral, o longa-metragem funciona como uma fusão descompensada entre a antologia ‘Simplesmente Amor’ (que, por sua vez, já foi recontada como a minifranquia ‘Idas e Vindas do Amor’ e ‘Noite de Ano Novo’) e a comédia escrachada ‘Esposa de Mentirinha’, estrelada por Adam Sandler e Jennifer Aniston. Apesar de não se levar a sério e ter a ciência de que não irá causar um grande impacto, a narrativa nem ao menos busca se erguer em um começo, meio e fim críveis: Nat se torna a culpada de tudo o que aconteceu e nem ao menos é-lhe dado o benefício da dúvida pelo motivo que se entregou àquela mentira muito bem arquitetada; seu breve arco ao lado de Tag é esquecido por completo antes da conclusão, em prol de uni-la com Josh, que a conhece de verdade (em uma emulação divertida e reconfortante do supracitado filme de 2003); e algumas cenas beiram o pedantismo de tão exageradas que são.

Hernán Jiménez, à frente da direção, não tem muito com o que trabalhar e, por essa razão, constrói algo que seja compreensível sem muito cansaço mental – e, apesar de certas personas aparecerem como tapa-buracos, queremos descobrir como Nat irá navegar entre tantas mentiras e artimanhas. Eventualmente, é a pontual química entre ela e Josh que carrega, a tropeços, a obra até o fabulesco enlace do casal; sabemos o que vai acontecer; sabemos como vai acontecer; e, quando as corretas previsões se concretizam, é quase impossível não esboçar um sorriso pelo fato de tudo ter acabado bem – afinal, é isso o que desejamos para nós e para aqueles que amamos.

Um Match Surpresa é fofa, pela falta de um adjetivo melhor. Não há muito o que se analisar aqui, com exceção de que oportunidades foram perdidas em uma necessidade de agradar o máximo de pessoas possível – e, ainda que não precisemos de uma inflexão profunda, seria interessante ver um pouco mais de carisma, fluidez e ousadia.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A história é centrada em uma jovem chamada Natalie Bauer (Nina Dobrev), jornalista que usa sua fracassada vida amorosa para dar vida a artigos que encantam as pessoas ao redor do mundo e se relacionam com suas desventuras da maneira mais inesperada possível. Entretanto, Nat acredita que isso está prestes a mudar quando ela conhece o cara perfeito em um aplicativo de relacionamentos: além de ser lindo, ele é divertido, um bom ouvinte e está disposto a conhecer tudo sobre ela. Depois de passarem semanas conversando, Nat resolve viajar à cidade de seu pretendente para surpreendê-lo para as comemorações natalinas – e descobre que ele, na verdade, não é quem diz ser. Engolfada em um elaborado catfish, a protagonista cruza caminho com Josh (Jimmy O. Yang) e percebe que não tem qualquer sorte com assuntos do coração.

Josh tenta se desculpar ao dizer que criou um perfil falso por não se sentir seguro consigo mesmo, mas não imaginava que a conversa com Nat evoluiria a laços tão fortes. Ao perceber que o verdadeiro crush dela, Tag (Darren Barnet) vive na mesma cidade, ele cria um acordo que pode beneficiar a ambos: caso Nat aceite fingir sua namorada até o feriado acabar, ele a ajudará a conquistar Tag em retribuição. É a partir daí que toda a trama principal se desenrola. E, no final das contas, a produção da gigante do streaming carrega todos os elementos que envolvem seus espectadores e usuários – isso é, um punhado de fórmulas e “reviravoltas” esquecíveis que só não mancham mais a estrutura da obra pelo divertimento que o elenco imprime.

O enredo não é e nem procura ser original: lidamos com um período do ano em que todas as tramas convergem para uma amálgama de comédias românticas ou aventuras fantásticas que celebram a união, o amor e tudo de melhor que o Natal pode nos trazer (a despeito de tantas tragédias que aconteceram nesses últimos dois anos). Saber como conduzir tamanho clichê é a chave para atualizar clássicos ou desconstruir engessamentos do gênero – e isso os roteiristas Danny Mackey e Rebecca Ewing definitivamente não conseguem fazer. Desde o primeiro ato à bruta conclusão, qualquer um que tenha o mínimo de experiência assistindo a iterações cinematográficas pode prever cada movimento de cada personagem em cada sequência.

No geral, o longa-metragem funciona como uma fusão descompensada entre a antologia ‘Simplesmente Amor’ (que, por sua vez, já foi recontada como a minifranquia ‘Idas e Vindas do Amor’ e ‘Noite de Ano Novo’) e a comédia escrachada ‘Esposa de Mentirinha’, estrelada por Adam Sandler e Jennifer Aniston. Apesar de não se levar a sério e ter a ciência de que não irá causar um grande impacto, a narrativa nem ao menos busca se erguer em um começo, meio e fim críveis: Nat se torna a culpada de tudo o que aconteceu e nem ao menos é-lhe dado o benefício da dúvida pelo motivo que se entregou àquela mentira muito bem arquitetada; seu breve arco ao lado de Tag é esquecido por completo antes da conclusão, em prol de uni-la com Josh, que a conhece de verdade (em uma emulação divertida e reconfortante do supracitado filme de 2003); e algumas cenas beiram o pedantismo de tão exageradas que são.

Hernán Jiménez, à frente da direção, não tem muito com o que trabalhar e, por essa razão, constrói algo que seja compreensível sem muito cansaço mental – e, apesar de certas personas aparecerem como tapa-buracos, queremos descobrir como Nat irá navegar entre tantas mentiras e artimanhas. Eventualmente, é a pontual química entre ela e Josh que carrega, a tropeços, a obra até o fabulesco enlace do casal; sabemos o que vai acontecer; sabemos como vai acontecer; e, quando as corretas previsões se concretizam, é quase impossível não esboçar um sorriso pelo fato de tudo ter acabado bem – afinal, é isso o que desejamos para nós e para aqueles que amamos.

Um Match Surpresa é fofa, pela falta de um adjetivo melhor. Não há muito o que se analisar aqui, com exceção de que oportunidades foram perdidas em uma necessidade de agradar o máximo de pessoas possível – e, ainda que não precisemos de uma inflexão profunda, seria interessante ver um pouco mais de carisma, fluidez e ousadia.

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