domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Uncharted: Fora do Mapa – Uma aventura honesta e divertida de caça ao tesouro

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Desde que estreou no Playstation 3 com o subtítulo de ‘Drake’s Fortune’ (2007), Uncharted sempre foi chamado de jogo cinematográfico. De fato, era mesmo, sobretudo quando a continuação ‘Among Thieves’ (2009) elevou a outra patamar essa definição, ao ponto de controlarmos o herói canastrão conquistador, Nathan Drake, em meio a um prédio caindo enquanto você trocava tiros com vários inimigos.

A terceira aventura, chamada de ‘Drake’s Deception’ (2011), deu um tom de James Bond à produção; com o ápice da franquia finalmente acontecendo em ‘A Thief’s End’ (2016). Uma experiência inesquecível que saiu para o Playstation 4 e foi dirigida pela dupla que concebeu a obra-prima ‘The Last of Us’ (2013), que mudou a narrativa dos videogames.



Neil Druckmann e Bruce Straley desenvolveram a relação do casal Drake e Elena, inseriram o irmão do sujeito Sam na história e ainda colocaram em xeque-mate a vida de personagens queridos da franquia. Isso sem falar nas set-pieces colossais, agora mais realistas, que fizeram a comunidade ficar incrédula com o que estava vendo e controlando. Era o tipo de abordagem e interatividade que a série nunca teve antes, onde víamos, de forma clara, personagens mais humanos.

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A dúvida então era só uma: por que diabos Uncharted ainda não havia tido uma adaptação para o cinema, se basicamente redefiniu o que chamam de games cinematográficos. Aliás, se até joguinhos como Pac-Man e Angry Birds ganharam filmes, o que estaria no caminho para a Sony não levar Nathan, Sully e Chloe às telonas… A resposta, talvez, esteja naquilo que, para muita gente, é óbvio: a experiência do jogo se basta.

Afinal de contas, se pensarmos melhor, Uncharted já é uma amalgama de grandes aventuras do cinema, como ‘Indiana Jones e a Última Cruzada’ (1989), ‘A Múmia’ (1999) e ‘A Lenda do Tesouro Perdido’ (2004). Então, por que fazer o caminho inverso se tudo isso já existe? Simples, assim como os personagens centrais dessas obras já citadas, as figuras destacas em Uncharted se sobressaíram de um jeito que estão além do gênero de aventura em questão. E talvez o quarto título era exatamente o que faltava para a franquia criada pela Naughty Dog finalmente aportar no mundo do cinema.

O anúncio de que Tom Holland (‘Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa’) iria estrelar a produção assustou um pouco os fãs pela idade do ator… Fariam uma versão bebê de Nathan Drake? Não é por aí, não se engane, Holland já tem 25 anos de idade e nada melhor que um filme origem para apresentar a saga Uncharted a um público completamente novo. De quebra colocaram Mark Wahlberg (‘Ted’) no papel de Sully para dar a dinâmica certa. Mesclando assim duas visões particulares, a de um jovem espertinho e a do malandro mais velho – tal como é no próprio jogo.

No filme então chamado de ‘Uncharted – Fora do Mapa‘, Nathan Drake (Holland) é um explorador que combina sua paixão por história e a ânsia de viver aventuras com o fascínio pelo desconhecido. Tudo graças ao seu irmão Sam (Rudy Pankow), então desaparecido. Nathan foi deixado sozinho num orfanato depois que Sam foi expulso do lugar. Ainda que ambos sempre trocassem correspondência ao longo dos últimos 15 anos.

Esse background é criado para que o herói da nossa aventura tenha alguém ali com quem ele de fato se importa. E também para estabelecer o interesse de Nathan Drake por Sully (Wahlberg), e o que ele pode oferecer. Drake é um barman que vive roubando pequenas coisas como joias, carteiras ou artefatos de clientes descuidados. Sully, macaco velho nisso, percebe o garoto e passa seu cartão, no momento que também rouba sua pulseira, na espera que ele vá ao seu encontro.

A “amizade” começa quando Sully ver utilidade em Nathan e diz saber a respeito do paradeiro de seu irmão, porém ele nunca revela tudo, já que quer o garoto por perto e ajudando nas trapaças que planeja. O ar de desconfiança entre os dois se mantém durante quase todo filme, e isso fica até chato, já que ninguém confia em ninguém. Felizmente temos uma reviravolta e tanto no terceiro ato com a chegada da vilã Braddock, vivida por Tati Gabrielle (‘The 100’), que dá outra dinâmica ao longa.

Mesmo que ‘Uncharted – Fora do Mapa‘ seja um filme de ação por essência, pelo fato do diretor Ruben Fleischer (‘Zumbilândia‘) criar pequenos momentos cotidianos entre as figuras abordadas, com piadas ou mesmo discordância, acaba que o espectador se importa com os personagens. Lembrando que o Nathan cresceu sem os pais e só tinha o irmão de referência – quer dizer, além das freiras do orfanato.

Algo que, por sinal, o filme se preocupa referenciar várias vezes, especialmente quando Nathan entra numa igreja com Sully e sua parceira Chloe Frazer, interpretada por Sophia Ali (‘Vidas Selvagens’), onde o aventureiro confessa ter medo das freiras. Uma espécie de trauma latente. Ou seja, a nível de “desenvolvimento de personagem”, a coisa funciona na medida do possível.

Já no que se refere as cenas de ação, digamos que a quantidade é um tanto dosada aqui, com set-pieces deveras grandiosos, mas bem pontuais. Como, por exemplo, a conhecida cena do avião, onde Nathan desaba junto a carga despachada no deserto. No jogo isso acontece de maneira diferente, já que aqui vemos Sully e Nathan escondidos num carro, e então quando Nathan finalmente confronta Braddock, o garoto acaba caindo do avião sem paraquedas, já que é empurrado por um carro.

Em resumo, a trama central, as cenas megalomaníacas e os acontecimentos sem sentido formam um verdadeiro besteirol. Bobagens que vão te fazer dar boas risadas, pois todas essas leseiras funcionam e divertem. Aliás, o troço é honesto ao ponto que você vai se pegar torcendo por Nathan, mesmo sabendo que ele vai resolver a parada – os fãs então irão ao delírio com a cena que Nathan coloca o coldre pela primeira vez, elemento clássico do traje do personagem no game. Para ser sincero, esse era exatamente o filme que queríamos ver de Uncharted, ou seja, um protagonista carismático e diversão em estado bruto.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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A terceira aventura, chamada de ‘Drake’s Deception’ (2011), deu um tom de James Bond à produção; com o ápice da franquia finalmente acontecendo em ‘A Thief’s End’ (2016). Uma experiência inesquecível que saiu para o Playstation 4 e foi dirigida pela dupla que concebeu a obra-prima ‘The Last of Us’ (2013), que mudou a narrativa dos videogames.

Neil Druckmann e Bruce Straley desenvolveram a relação do casal Drake e Elena, inseriram o irmão do sujeito Sam na história e ainda colocaram em xeque-mate a vida de personagens queridos da franquia. Isso sem falar nas set-pieces colossais, agora mais realistas, que fizeram a comunidade ficar incrédula com o que estava vendo e controlando. Era o tipo de abordagem e interatividade que a série nunca teve antes, onde víamos, de forma clara, personagens mais humanos.

A dúvida então era só uma: por que diabos Uncharted ainda não havia tido uma adaptação para o cinema, se basicamente redefiniu o que chamam de games cinematográficos. Aliás, se até joguinhos como Pac-Man e Angry Birds ganharam filmes, o que estaria no caminho para a Sony não levar Nathan, Sully e Chloe às telonas… A resposta, talvez, esteja naquilo que, para muita gente, é óbvio: a experiência do jogo se basta.

Afinal de contas, se pensarmos melhor, Uncharted já é uma amalgama de grandes aventuras do cinema, como ‘Indiana Jones e a Última Cruzada’ (1989), ‘A Múmia’ (1999) e ‘A Lenda do Tesouro Perdido’ (2004). Então, por que fazer o caminho inverso se tudo isso já existe? Simples, assim como os personagens centrais dessas obras já citadas, as figuras destacas em Uncharted se sobressaíram de um jeito que estão além do gênero de aventura em questão. E talvez o quarto título era exatamente o que faltava para a franquia criada pela Naughty Dog finalmente aportar no mundo do cinema.

O anúncio de que Tom Holland (‘Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa’) iria estrelar a produção assustou um pouco os fãs pela idade do ator… Fariam uma versão bebê de Nathan Drake? Não é por aí, não se engane, Holland já tem 25 anos de idade e nada melhor que um filme origem para apresentar a saga Uncharted a um público completamente novo. De quebra colocaram Mark Wahlberg (‘Ted’) no papel de Sully para dar a dinâmica certa. Mesclando assim duas visões particulares, a de um jovem espertinho e a do malandro mais velho – tal como é no próprio jogo.

No filme então chamado de ‘Uncharted – Fora do Mapa‘, Nathan Drake (Holland) é um explorador que combina sua paixão por história e a ânsia de viver aventuras com o fascínio pelo desconhecido. Tudo graças ao seu irmão Sam (Rudy Pankow), então desaparecido. Nathan foi deixado sozinho num orfanato depois que Sam foi expulso do lugar. Ainda que ambos sempre trocassem correspondência ao longo dos últimos 15 anos.

Esse background é criado para que o herói da nossa aventura tenha alguém ali com quem ele de fato se importa. E também para estabelecer o interesse de Nathan Drake por Sully (Wahlberg), e o que ele pode oferecer. Drake é um barman que vive roubando pequenas coisas como joias, carteiras ou artefatos de clientes descuidados. Sully, macaco velho nisso, percebe o garoto e passa seu cartão, no momento que também rouba sua pulseira, na espera que ele vá ao seu encontro.

A “amizade” começa quando Sully ver utilidade em Nathan e diz saber a respeito do paradeiro de seu irmão, porém ele nunca revela tudo, já que quer o garoto por perto e ajudando nas trapaças que planeja. O ar de desconfiança entre os dois se mantém durante quase todo filme, e isso fica até chato, já que ninguém confia em ninguém. Felizmente temos uma reviravolta e tanto no terceiro ato com a chegada da vilã Braddock, vivida por Tati Gabrielle (‘The 100’), que dá outra dinâmica ao longa.

Mesmo que ‘Uncharted – Fora do Mapa‘ seja um filme de ação por essência, pelo fato do diretor Ruben Fleischer (‘Zumbilândia‘) criar pequenos momentos cotidianos entre as figuras abordadas, com piadas ou mesmo discordância, acaba que o espectador se importa com os personagens. Lembrando que o Nathan cresceu sem os pais e só tinha o irmão de referência – quer dizer, além das freiras do orfanato.

Algo que, por sinal, o filme se preocupa referenciar várias vezes, especialmente quando Nathan entra numa igreja com Sully e sua parceira Chloe Frazer, interpretada por Sophia Ali (‘Vidas Selvagens’), onde o aventureiro confessa ter medo das freiras. Uma espécie de trauma latente. Ou seja, a nível de “desenvolvimento de personagem”, a coisa funciona na medida do possível.

Já no que se refere as cenas de ação, digamos que a quantidade é um tanto dosada aqui, com set-pieces deveras grandiosos, mas bem pontuais. Como, por exemplo, a conhecida cena do avião, onde Nathan desaba junto a carga despachada no deserto. No jogo isso acontece de maneira diferente, já que aqui vemos Sully e Nathan escondidos num carro, e então quando Nathan finalmente confronta Braddock, o garoto acaba caindo do avião sem paraquedas, já que é empurrado por um carro.

Em resumo, a trama central, as cenas megalomaníacas e os acontecimentos sem sentido formam um verdadeiro besteirol. Bobagens que vão te fazer dar boas risadas, pois todas essas leseiras funcionam e divertem. Aliás, o troço é honesto ao ponto que você vai se pegar torcendo por Nathan, mesmo sabendo que ele vai resolver a parada – os fãs então irão ao delírio com a cena que Nathan coloca o coldre pela primeira vez, elemento clássico do traje do personagem no game. Para ser sincero, esse era exatamente o filme que queríamos ver de Uncharted, ou seja, um protagonista carismático e diversão em estado bruto.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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