domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Upload: Com 3ª temporada arrastada, sátira high-tech da Prime Video começa a se desgastar

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Em um cenário mundial em constante efervescência tecnológica, Upload chegou à grade de programação da Prime Video como uma divertida e ácida sátira da obsessão humana pela imortalidade em meio a contrastes socioeconômicos assombrosos. Funcionando quase como um espelho da sociedade contemporânea, a produção de Greg Daniels, mesmo produtor da amada The Office, transforma suas críticas em um humor mais inocente e bobo, mantendo-se sempre na tênue linha que a separa de uma genuína distopia pós-apocalíptica. Mas três anos se passaram e a narrativa de Nathan e Nora pouco mudou ao longo deste período. E entre dissabores amorosos e pequenas mudanças de arco, a magia por trás de Upload começa a se esvair, com um prenúncio de que talvez seja hora de abrir mão da tão sonhada longevidade.



Os indícios de que a vida útil de Upload está chegando ao fim são notáveis no desenvolvimento da trama. Com apenas algumas poucas e efêmeras evoluções de arcos, a série navega pelo mesmo território da segunda temporada, ousando pouco e evitando ir afundo demais em suas reflexões. Tentando dar uma sobrevida maior para os dilemas e conflitos de seus protagonistas, Daniels aposta em uma análise mais detalhada sobre a riqueza excessiva e seus privilégios diante de uma sociedade paupérrima, mas nunca se atreve a cruzar os limites em direção a debates mais profundos. Sempre interrompendo seus próprios devaneios reflexivos com piadas de tiozão, o produtor tenta manter sua história dentro do mesmo formato de 2020. O que pode ser bom…mas também ruim.

E talvez seja essa falta de ousadia o maior problema da 3ª temporada. Com roteiros mais arrastados, que patinam nos mesmos questionamentos do passado, Upload parece incapaz de entregar a mesma qualidade criativa de outrora. Reforçando seu humor infantilóide com maior veemência, o novo ciclo carece de perspicácia e beira o repetitivo. Se apoiando demais no carisma de seus personagens, a 3º temporada da comédia chega ao seu último episódio fatigando, se sustentando em um ótimo – mas tardio – cliffhanger, a fim de nos segurar por mais um ano e meio. E ainda que o artifício funcione, é inevitável ponderar que o mais sensato é fazer do possível quarto ano da série uma honrosa despedida.

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Mas mesmo com um material mais fraco e um desenvolvimento de personagem pouco atraente, em relação às duas primeiras temporadas, o 3º ciclo de Upload se beneficia grandemente de seus protagonistas, que são carismáticos, identificáveis e agradáveis. Muito bem elaborados, cada um deles brilha em tela e nos toma pela mão com leveza ao longo dessa jornada, garantindo que até os momentos mais exaustivos da trama se tornem suaves e apreciáveis. Conduzindo alguns instantes cômicos preciosos e divertidíssimos, o elenco formado por Robbie Amell, Andy Allo, Allegra Edwards, Zainab Johnson, Kevin Bigley, Owen Daniels consegue tornar a nossa experiência muito mais positiva do que negativa.

E embora Upload ainda guarde um lugar especial entre as diversas séries de comédia da atualidade, sua mesma fórmula talvez seja a necessidade de um fim previamente arquitetado e planejado. Muito mais do que se esticar por anos a fio sem sequer ter uma boa história para continuar contando (Supernatural está aí para provar isso), Daniels tem a valiosa oportunidade de, muito mais do que controlar o destino de personagens, coroá-los de maneira emblemática e memorável. O futuro da série ainda é incerto, mas pode ser tão valioso quanto seu início, nas mãos do produtor certo.

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Os indícios de que a vida útil de Upload está chegando ao fim são notáveis no desenvolvimento da trama. Com apenas algumas poucas e efêmeras evoluções de arcos, a série navega pelo mesmo território da segunda temporada, ousando pouco e evitando ir afundo demais em suas reflexões. Tentando dar uma sobrevida maior para os dilemas e conflitos de seus protagonistas, Daniels aposta em uma análise mais detalhada sobre a riqueza excessiva e seus privilégios diante de uma sociedade paupérrima, mas nunca se atreve a cruzar os limites em direção a debates mais profundos. Sempre interrompendo seus próprios devaneios reflexivos com piadas de tiozão, o produtor tenta manter sua história dentro do mesmo formato de 2020. O que pode ser bom…mas também ruim.

E talvez seja essa falta de ousadia o maior problema da 3ª temporada. Com roteiros mais arrastados, que patinam nos mesmos questionamentos do passado, Upload parece incapaz de entregar a mesma qualidade criativa de outrora. Reforçando seu humor infantilóide com maior veemência, o novo ciclo carece de perspicácia e beira o repetitivo. Se apoiando demais no carisma de seus personagens, a 3º temporada da comédia chega ao seu último episódio fatigando, se sustentando em um ótimo – mas tardio – cliffhanger, a fim de nos segurar por mais um ano e meio. E ainda que o artifício funcione, é inevitável ponderar que o mais sensato é fazer do possível quarto ano da série uma honrosa despedida.

Mas mesmo com um material mais fraco e um desenvolvimento de personagem pouco atraente, em relação às duas primeiras temporadas, o 3º ciclo de Upload se beneficia grandemente de seus protagonistas, que são carismáticos, identificáveis e agradáveis. Muito bem elaborados, cada um deles brilha em tela e nos toma pela mão com leveza ao longo dessa jornada, garantindo que até os momentos mais exaustivos da trama se tornem suaves e apreciáveis. Conduzindo alguns instantes cômicos preciosos e divertidíssimos, o elenco formado por Robbie Amell, Andy Allo, Allegra Edwards, Zainab Johnson, Kevin Bigley, Owen Daniels consegue tornar a nossa experiência muito mais positiva do que negativa.

E embora Upload ainda guarde um lugar especial entre as diversas séries de comédia da atualidade, sua mesma fórmula talvez seja a necessidade de um fim previamente arquitetado e planejado. Muito mais do que se esticar por anos a fio sem sequer ter uma boa história para continuar contando (Supernatural está aí para provar isso), Daniels tem a valiosa oportunidade de, muito mais do que controlar o destino de personagens, coroá-los de maneira emblemática e memorável. O futuro da série ainda é incerto, mas pode ser tão valioso quanto seu início, nas mãos do produtor certo.

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