domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Upload – Segunda Temporada Perde o Ritmo e a Graça, mas traz Reflexões Interessantes

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Lá no início da pandemia, quando as pessoas começaram a ficar em casa e passaram a perceber o quanto teriam que depender de sistemas tecnológicos, a Prime Video lançou uma série muito boa sem muito alarde, e que rapidamente conquistou muito sucesso justamente por abordar a questão tecnológica de maneira provocativa: a sérieUpload’, que traz a transferência da consciência após a morte dos corpos. Porém, justamente por conta da pandemia, os planos de produção foram sendo adiados e adiados, até finalmente conseguirem ser gravados, de modo que esse mês (e dessa vez com um mais de propaganda) chegou para os assinantes da plataforma a aguardada segunda temporada de ‘Upload’.



Depois de ter acabado com seus créditos no andar top de Lakeview, Nathan Brown (Robbie Amell) ficou congelado no andar da galera que não tem dinheiro… até ser resgatado pela sua antiga namorada, a milionária Ingrid (Allegra Edwards), que surpreendentemente fizera um upload em nome do amor, para ficar com Nathan. Quando percebe isso, o rapaz fica desconcertado, com um sentimento de dívida com a namorada, pois seu coração ainda pensa em Nora (Andy Allo), sua anjo que está desaparecida no mundo dos vivos. Esta, por sua vez, está tentando proteger a própria pele e acaba se juntado a Matteo (Paulo Costanzo) e um grupo rebelde contra os sistemas automatizados de pós-vida, mas, no fundo no fundo, ainda ama Nathan e não sabe o que fazer com esse sentimento, uma vez que abandonara seu antigo emprego.

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Repetindo o formato anterior de episódios curtinhos de até trinta minutos de duração cada, a nova temporada traz apenas sete partes, o que já deixa uma sensação de insatisfação. Mas isso não seria um problema caso a série criada por Greg Daniels mantivesse o mesmo ritmo e intensidade apresentados na temporada de abertura, mas não é isso que ocorre nessa segunda parte. É claro, podemos levar em consideração as muitas mudanças e adaptações que a história e o roteiro devem ter sofrido por conta das limitações pandêmicas e os protocolos sanitários, porém a sensação que temos é de que houve uma verdadeira mudança narrativa, como se a equipe anterior não fosse mais responsável e tivesse entrado uma galera nova, que simplesmente alterou um monte de coisa que o espectador já tinha aceitado, inserindo resoluções sem explicação para dramas complexos (como a própria saída de Nathan do nível mais baixo, que foi o gancho pelo qual ficamos aguardando dois anos por uma resposta).

Esse é um talvez o principal motivo do casal protagonista não só ter menos espaço na trama como também ter perdido boa parte de seu carisma, tornando-se desinteressante – ao ponto de fazer brilhar os personagens secundários, como o cara da IA (Owen Daniels), e a hilária anja Aleesha (Zainab Johnson), responsáveis pelo verdadeiro entretenimento na série. Por outro lado, a parte tecnológica e os efeitos visuais permaneceram, mantendo o alto nível técnico da produção.

Com uma história diferente e mais politizada, a segunda temporada de ‘Upload’ bota o pé no freio do romance e acelera a resolução das subtramas, como quem quer encaminhar logo para o fim do projeto. Tudo indica que a próxima deverá ser a última temporada desta série que tinha muito potencial, mas que se desviou no caminho. Ao menos a segunda temporada termina com um bom gancho para, tomara, a próxima parte vir com melhores construções narrativas para o espectador.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Lá no início da pandemia, quando as pessoas começaram a ficar em casa e passaram a perceber o quanto teriam que depender de sistemas tecnológicos, a Prime Video lançou uma série muito boa sem muito alarde, e que rapidamente conquistou muito sucesso justamente por abordar a questão tecnológica de maneira provocativa: a sérieUpload’, que traz a transferência da consciência após a morte dos corpos. Porém, justamente por conta da pandemia, os planos de produção foram sendo adiados e adiados, até finalmente conseguirem ser gravados, de modo que esse mês (e dessa vez com um mais de propaganda) chegou para os assinantes da plataforma a aguardada segunda temporada de ‘Upload’.

Depois de ter acabado com seus créditos no andar top de Lakeview, Nathan Brown (Robbie Amell) ficou congelado no andar da galera que não tem dinheiro… até ser resgatado pela sua antiga namorada, a milionária Ingrid (Allegra Edwards), que surpreendentemente fizera um upload em nome do amor, para ficar com Nathan. Quando percebe isso, o rapaz fica desconcertado, com um sentimento de dívida com a namorada, pois seu coração ainda pensa em Nora (Andy Allo), sua anjo que está desaparecida no mundo dos vivos. Esta, por sua vez, está tentando proteger a própria pele e acaba se juntado a Matteo (Paulo Costanzo) e um grupo rebelde contra os sistemas automatizados de pós-vida, mas, no fundo no fundo, ainda ama Nathan e não sabe o que fazer com esse sentimento, uma vez que abandonara seu antigo emprego.

Repetindo o formato anterior de episódios curtinhos de até trinta minutos de duração cada, a nova temporada traz apenas sete partes, o que já deixa uma sensação de insatisfação. Mas isso não seria um problema caso a série criada por Greg Daniels mantivesse o mesmo ritmo e intensidade apresentados na temporada de abertura, mas não é isso que ocorre nessa segunda parte. É claro, podemos levar em consideração as muitas mudanças e adaptações que a história e o roteiro devem ter sofrido por conta das limitações pandêmicas e os protocolos sanitários, porém a sensação que temos é de que houve uma verdadeira mudança narrativa, como se a equipe anterior não fosse mais responsável e tivesse entrado uma galera nova, que simplesmente alterou um monte de coisa que o espectador já tinha aceitado, inserindo resoluções sem explicação para dramas complexos (como a própria saída de Nathan do nível mais baixo, que foi o gancho pelo qual ficamos aguardando dois anos por uma resposta).

Esse é um talvez o principal motivo do casal protagonista não só ter menos espaço na trama como também ter perdido boa parte de seu carisma, tornando-se desinteressante – ao ponto de fazer brilhar os personagens secundários, como o cara da IA (Owen Daniels), e a hilária anja Aleesha (Zainab Johnson), responsáveis pelo verdadeiro entretenimento na série. Por outro lado, a parte tecnológica e os efeitos visuais permaneceram, mantendo o alto nível técnico da produção.

Com uma história diferente e mais politizada, a segunda temporada de ‘Upload’ bota o pé no freio do romance e acelera a resolução das subtramas, como quem quer encaminhar logo para o fim do projeto. Tudo indica que a próxima deverá ser a última temporada desta série que tinha muito potencial, mas que se desviou no caminho. Ao menos a segunda temporada termina com um bom gancho para, tomara, a próxima parte vir com melhores construções narrativas para o espectador.

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