sábado , 14 dezembro , 2024

Crítica | Viagem das Garotas – Netflix disponibiliza divertida comédia com elenco estelar

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Desde que saiu do gueto e de produções de baixo orçamento, o cinema negro norte-americano, então popularmente chamado blaxploitation, cresceu e se ramificou. De fato, os EUA possuem um dos públicos mais fortes e fiéis para este tipo de cinema. Seja em qual for o gênero, este cinema é sinônimo de representatividade, dando voz e chance para atores e realizadores negros. Em tais filmes, ao contrário de qualquer outro tipo produzido em Hollywood, por exemplo, temos um elenco predominantemente de atores afro-americanos.

Neste segmento, temos como representante o cineasta Tyler Perry e a produtora Screen Gems – que todo ano, por volta de setembro, lança um suspense protagonizado por atores negros, vide O Intruso (2014), com Taraji P. Henson e Idris Elba, e Além da Realidade (2016), com Morris Chestnut e Regina Hall. Outro nome que é sinônimo do segmento é o do diretor Malcolm D. Lee, comandante deste Viagem das Garotas (Girls Trip).



À primeira vista esta pode parecer apenas mais uma comédia escrachada e vulgar, sobre um grupo de amigas se comportando de forma selvagem, subgênero igualmente em voga após a popularidade e prestígio de Missão Madrinha de Casamento (2011), e mais recentemente os dois filmes da dobradinha Perfeita é a Mãe! (2016 e 2017). Bem, e Viagem das Garotas é isso mesmo. Mas também foi sucesso de crítica e bilheteria, rendendo apenas em sua estreia mais de US$ 31 milhões, contra os seus US$ 19 milhões de orçamento. Ou seja, se pagou no primeiro fim de semana. Fora isso, viveu para somar mais de US$ 115 milhões, somente nos EUA, se tornando um dos sucessos surpresa deste verão norte-americano – alguém duvida que estas amigas voltem a se encontrar em breve?

Com os críticos o caminho não foi diferente, o filme tem 89% de aprovação no Rotten Tomatoes, número ainda maior do que com o público (80%), mesmo sendo um produto tecnicamente mirado ao segundo. Para uma comédia de baixo calão, com muitas piadas abaixo da linha da cintura, e certo sentimentalismo barato, Viagem das Garotas caiu mesmo nas graças do mundo (ou dos profissionais da área nos EUA). Quer outro exemplo? A atriz Tiffany Haddish, o rosto menos conhecido dentre as quatro amigas principais, vem emplacando nesta temporada de prêmios, e já foi eleita a melhor coadjuvante feminina pelos críticos de Nova York, e no Critics Choice Awards foi indicada novamente como coadjuvante e melhor atriz em comédia.

Viagem das Garotas chegou recentemente no catálogo da Netflix. Tendo assistido ao longa, posso afirmar que a bajulação para a atriz não é um disparate, durante toda a projeção eu não consegui tirar meus olhos dela. A trama é básica, e apresenta quatro amigas inseparáveis desde os tempos de colégio, conhecidas como As Poderosas (Flossy Posse), famosas por sua curtição. Ao longo do tempo, elas sempre estiveram em contato, ajudando umas as outras em qualquer situação. Depois de alguns anos afastadas, elas decidem se encontrar para uma nova viagem alucinada para Nova Orleans, no evento anual Essence Festival, que celebra a cultura negra norte-americana.

Ryan (Regina Hall) é uma bem sucedida guru de autoajuda, cujo marido (papel de Mike Colter, o Luke Cage em pessoa) a está traindo. Saha (Queen Latifah) é uma jornalista caída em desgraça, que agora se mantém devido ao blog de fofocas e paparazzis. Lisa (Jada Pinkett Smith, mulher de Will Smith, e a que menos naturalmente envelhece, devido aos tratamentos estéticos e preenchimentos em seu rosto) é uma enfermeira e mãe paranoica de crianças pequenas, que esqueceu como se divertir. E Dina (Tiffany Haddish), bem, é a alma do filme, e o que sustenta ele. Sem exageros.

Passamos aqui por várias situações inacreditáveis, porém, típicas deste tipo de comédia de humor super ácido. A boa notícia é que o filme verdadeiramente entretém. É divertido e por muitas vezes engraçado, e grande parte, mais uma vez, vem provido pela sensação Haddish. A coragem e entrega da atriz, se jogando na pele de sua personagem pra lá de atrevida, é louvável. Desde urinar enquanto pendurada na tirolesa, até utilizar uma toranja (grapefruit) para um fim sexual (esta cena é de deixar boquiaberto) – depois da torta em American Pie (1999) e do pêssego em Me Chame Pelo Seu Nome, outra fruta se junta ao hall das impróprias para menores – Haddish faz tudo pelo humor, dona de grande presença em cena e um carisma indomável.

Apesar de muitos clichês, o roteiro possui seus momentos de brilho. O humor não é refinado, e você precisa ter certo gosto para a coisa, não imagino que todos irão gostar. Mas dentre os destaques no texto estão uma brincadeira feita pela própria Jada Pinkett Smith sobre o fato de comer placenta – sabemos que os adeptos da Cientologia, como Tom Cruise, passaram por isso, e o maridão Will Smith é o novo recruta da religião/culto. Ou quando caracterizadas com óculos escuros e perucas, emitem a frase “set it off”, ou “resolver a situação”, também o título de um filme de assalto de 1996, intitulado por aqui Até as Últimas Consequências, e protagonizado por Latifah e Pinkett Smith. Neste momento, só as duas ficam em quadro e se entreolham. Boa referência.

Fora o humor nada sutil, em algum lugar, e talvez você não precise ir mundo fundo para achar, Viagem das Garotas guarda um jeito honesto de lidar e falar sobre amizade. Mesmo com estes atrativos, que muito bem poderiam emplacar com o público de nosso país, apesar da falta de rostos muito conhecidos no elenco, a Universal reservou o lançamento para o mercado de vídeo, onde ele tem tudo para ser descoberto e agradar.

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Neste segmento, temos como representante o cineasta Tyler Perry e a produtora Screen Gems – que todo ano, por volta de setembro, lança um suspense protagonizado por atores negros, vide O Intruso (2014), com Taraji P. Henson e Idris Elba, e Além da Realidade (2016), com Morris Chestnut e Regina Hall. Outro nome que é sinônimo do segmento é o do diretor Malcolm D. Lee, comandante deste Viagem das Garotas (Girls Trip).

À primeira vista esta pode parecer apenas mais uma comédia escrachada e vulgar, sobre um grupo de amigas se comportando de forma selvagem, subgênero igualmente em voga após a popularidade e prestígio de Missão Madrinha de Casamento (2011), e mais recentemente os dois filmes da dobradinha Perfeita é a Mãe! (2016 e 2017). Bem, e Viagem das Garotas é isso mesmo. Mas também foi sucesso de crítica e bilheteria, rendendo apenas em sua estreia mais de US$ 31 milhões, contra os seus US$ 19 milhões de orçamento. Ou seja, se pagou no primeiro fim de semana. Fora isso, viveu para somar mais de US$ 115 milhões, somente nos EUA, se tornando um dos sucessos surpresa deste verão norte-americano – alguém duvida que estas amigas voltem a se encontrar em breve?

Com os críticos o caminho não foi diferente, o filme tem 89% de aprovação no Rotten Tomatoes, número ainda maior do que com o público (80%), mesmo sendo um produto tecnicamente mirado ao segundo. Para uma comédia de baixo calão, com muitas piadas abaixo da linha da cintura, e certo sentimentalismo barato, Viagem das Garotas caiu mesmo nas graças do mundo (ou dos profissionais da área nos EUA). Quer outro exemplo? A atriz Tiffany Haddish, o rosto menos conhecido dentre as quatro amigas principais, vem emplacando nesta temporada de prêmios, e já foi eleita a melhor coadjuvante feminina pelos críticos de Nova York, e no Critics Choice Awards foi indicada novamente como coadjuvante e melhor atriz em comédia.

Viagem das Garotas chegou recentemente no catálogo da Netflix. Tendo assistido ao longa, posso afirmar que a bajulação para a atriz não é um disparate, durante toda a projeção eu não consegui tirar meus olhos dela. A trama é básica, e apresenta quatro amigas inseparáveis desde os tempos de colégio, conhecidas como As Poderosas (Flossy Posse), famosas por sua curtição. Ao longo do tempo, elas sempre estiveram em contato, ajudando umas as outras em qualquer situação. Depois de alguns anos afastadas, elas decidem se encontrar para uma nova viagem alucinada para Nova Orleans, no evento anual Essence Festival, que celebra a cultura negra norte-americana.

Ryan (Regina Hall) é uma bem sucedida guru de autoajuda, cujo marido (papel de Mike Colter, o Luke Cage em pessoa) a está traindo. Saha (Queen Latifah) é uma jornalista caída em desgraça, que agora se mantém devido ao blog de fofocas e paparazzis. Lisa (Jada Pinkett Smith, mulher de Will Smith, e a que menos naturalmente envelhece, devido aos tratamentos estéticos e preenchimentos em seu rosto) é uma enfermeira e mãe paranoica de crianças pequenas, que esqueceu como se divertir. E Dina (Tiffany Haddish), bem, é a alma do filme, e o que sustenta ele. Sem exageros.

Passamos aqui por várias situações inacreditáveis, porém, típicas deste tipo de comédia de humor super ácido. A boa notícia é que o filme verdadeiramente entretém. É divertido e por muitas vezes engraçado, e grande parte, mais uma vez, vem provido pela sensação Haddish. A coragem e entrega da atriz, se jogando na pele de sua personagem pra lá de atrevida, é louvável. Desde urinar enquanto pendurada na tirolesa, até utilizar uma toranja (grapefruit) para um fim sexual (esta cena é de deixar boquiaberto) – depois da torta em American Pie (1999) e do pêssego em Me Chame Pelo Seu Nome, outra fruta se junta ao hall das impróprias para menores – Haddish faz tudo pelo humor, dona de grande presença em cena e um carisma indomável.

Apesar de muitos clichês, o roteiro possui seus momentos de brilho. O humor não é refinado, e você precisa ter certo gosto para a coisa, não imagino que todos irão gostar. Mas dentre os destaques no texto estão uma brincadeira feita pela própria Jada Pinkett Smith sobre o fato de comer placenta – sabemos que os adeptos da Cientologia, como Tom Cruise, passaram por isso, e o maridão Will Smith é o novo recruta da religião/culto. Ou quando caracterizadas com óculos escuros e perucas, emitem a frase “set it off”, ou “resolver a situação”, também o título de um filme de assalto de 1996, intitulado por aqui Até as Últimas Consequências, e protagonizado por Latifah e Pinkett Smith. Neste momento, só as duas ficam em quadro e se entreolham. Boa referência.

Fora o humor nada sutil, em algum lugar, e talvez você não precise ir mundo fundo para achar, Viagem das Garotas guarda um jeito honesto de lidar e falar sobre amizade. Mesmo com estes atrativos, que muito bem poderiam emplacar com o público de nosso país, apesar da falta de rostos muito conhecidos no elenco, a Universal reservou o lançamento para o mercado de vídeo, onde ele tem tudo para ser descoberto e agradar.

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