domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Vingança – Um puro exemplar atual do cinema exploitation

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Eu Cuspo no Seu Túmulo

Parte do público e grande parte dos especialistas estão cansados delas e seguem torcendo o nariz para as refilmagens. No entanto, quando o assunto são homenagens e referências a filmes antigos, ou até mesmo gêneros específicos, a coisa parece ser mais aceitável. Assim, enquanto Doce Vingança (2010), remake do clássico cult A Vingança de Jennifer (1978), amargou desprezo da crítica (mesmo assim rendendo duas sequências lançadas direto em vídeo), este Vingança foi abraçado e elogiado até não poder mais, mesmo repetindo muitas das mesmas batidas.

Produção francesa, falada em inglês e francês, Vingança (Revenge) não é uma refilmagem declarada, mas surge como grande exemplar do cinema exploitation, saído direto da década de 1970, em pleno 2018 (2017 em muitos lugares). Assim como em Doce Vingança, uma mulher é humilhada, estuprada e largada para morrer, após a tentativa de assassinato. Sua força, porém, não a deixa perecer, e ela retorna com tudo fazendo valer a máxima punição feminista contra os criminosos. Na época, tinha muito a ver com a liberação feminina. Bem, hoje também.



Na trama, a belíssima Matilda Lutz é a amante de Richard (Kevin Janssens). Eles viajam até uma exuberante casa no meio do deserto para o fim de semana. Seus colegas de caça, Stan (Vincent Colombe) e Dimitri (Guillaume Bouchède), aparecem no local antes do tempo, e ficam arrebatados pela sensualidade da jovem. No dia seguinte, sozinhos em casa, Stan estupra a protagonista, enquanto Dimitri é complacente. Com a chegada de Richard, a coisa não melhora, e logo a mulher se vê numa luta desigual por sobrevivência. De caça, ela se torna a caçadora, e ressurge como a predadora nesta cadeira alimentar.

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Talvez eu não tenha sido totalmente justo com Vingança no primeiro parágrafo. Apesar de grande semelhança derivativa no roteiro de Coralie Fargeat, sua direção é o somatório aqui. A cineasta insere muito estilo neste conto cautelar de retribuição, enchendo a tela com uma fotografia viva e pulsante, cenas criativas (como a viagem do alucinógeno peiote) e tanta violência e sangue que automaticamente, assim como nos filmes de Quentin Tarantino, empurra o realismo direto para o exagero e a caricatura.

Jen (ah sim, não havia mencionado o nome da personagem, e poderia ser outro?), papel de Lutz, renasce das cinzas como uma fênix – e tem a cicatriz da cauterização na barriga para provar – de shortinho, top, cinto, faca e arma. Embora alguns possam fantasiar com o fetiche puro, o discurso aqui é o empoderamento desta fera acuada. Além da parte técnica, Fargeat demonstra ter a mão certa na direção, confeccionando momentos únicos em sua narrativa, a maioria deles contado através da ação e não de diálogos. É puro ensaio em tensão, seja nas cenas de perseguição, ou no grafismo de tomadas para lá de explícitas (pedaços de vidro abrindo fendas nos pés, galhos atravessando barrigas, corpos dilacerados). Ter estômago forte aqui é um pré-requisito.

Fargeat acerta no tom, e entrega exatamente o que este tipo de cinema de gênero pede e necessita – muito estilo e subtexto. Vingança já nasce como obra cult e representante legítimo de um nicho – que não brinca de pertencer, piscando para o público o tempo todo, ele pertence mesmo. Aqui, tudo é levado a sério, assim como eram as produções da época. Mesmo que muitas vezes não pareçam situadas em nosso mundo. Com uma estreia destas, agora só resta esperar o próximo passo da diretora Coralie Fargeat.

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Produção francesa, falada em inglês e francês, Vingança (Revenge) não é uma refilmagem declarada, mas surge como grande exemplar do cinema exploitation, saído direto da década de 1970, em pleno 2018 (2017 em muitos lugares). Assim como em Doce Vingança, uma mulher é humilhada, estuprada e largada para morrer, após a tentativa de assassinato. Sua força, porém, não a deixa perecer, e ela retorna com tudo fazendo valer a máxima punição feminista contra os criminosos. Na época, tinha muito a ver com a liberação feminina. Bem, hoje também.

Na trama, a belíssima Matilda Lutz é a amante de Richard (Kevin Janssens). Eles viajam até uma exuberante casa no meio do deserto para o fim de semana. Seus colegas de caça, Stan (Vincent Colombe) e Dimitri (Guillaume Bouchède), aparecem no local antes do tempo, e ficam arrebatados pela sensualidade da jovem. No dia seguinte, sozinhos em casa, Stan estupra a protagonista, enquanto Dimitri é complacente. Com a chegada de Richard, a coisa não melhora, e logo a mulher se vê numa luta desigual por sobrevivência. De caça, ela se torna a caçadora, e ressurge como a predadora nesta cadeira alimentar.

Talvez eu não tenha sido totalmente justo com Vingança no primeiro parágrafo. Apesar de grande semelhança derivativa no roteiro de Coralie Fargeat, sua direção é o somatório aqui. A cineasta insere muito estilo neste conto cautelar de retribuição, enchendo a tela com uma fotografia viva e pulsante, cenas criativas (como a viagem do alucinógeno peiote) e tanta violência e sangue que automaticamente, assim como nos filmes de Quentin Tarantino, empurra o realismo direto para o exagero e a caricatura.

Jen (ah sim, não havia mencionado o nome da personagem, e poderia ser outro?), papel de Lutz, renasce das cinzas como uma fênix – e tem a cicatriz da cauterização na barriga para provar – de shortinho, top, cinto, faca e arma. Embora alguns possam fantasiar com o fetiche puro, o discurso aqui é o empoderamento desta fera acuada. Além da parte técnica, Fargeat demonstra ter a mão certa na direção, confeccionando momentos únicos em sua narrativa, a maioria deles contado através da ação e não de diálogos. É puro ensaio em tensão, seja nas cenas de perseguição, ou no grafismo de tomadas para lá de explícitas (pedaços de vidro abrindo fendas nos pés, galhos atravessando barrigas, corpos dilacerados). Ter estômago forte aqui é um pré-requisito.

Fargeat acerta no tom, e entrega exatamente o que este tipo de cinema de gênero pede e necessita – muito estilo e subtexto. Vingança já nasce como obra cult e representante legítimo de um nicho – que não brinca de pertencer, piscando para o público o tempo todo, ele pertence mesmo. Aqui, tudo é levado a sério, assim como eram as produções da época. Mesmo que muitas vezes não pareçam situadas em nosso mundo. Com uma estreia destas, agora só resta esperar o próximo passo da diretora Coralie Fargeat.

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