quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | WandaVision | Marvel dá seus primeiros passos ‘pra valer’ na televisão

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Passamos os últimos meses acompanhando assiduamente as desventuras de Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) tentando levar uma vida comum no subúrbio e falhando miseravelmente. Com toda uma estética diferente, WandaVision foi o primeiro passo de um projeto do Marvel Studios que simplesmente não podia dar errado, que era começar a construir seu universo estendido também na televisão. Se a série não fosse bem sucedida nas telas do Disney+, não apenas os personagens dela corriam risco de não retornarem, mas também todo o MCU poderia desandar.



Dessa forma, a Marvel investiu um bom orçamento na série, permitindo melhores efeitos visuais, figurinos e permitindo certas situações que há pouco tempo não eram pensadas para esse formato, como lutas mais elaboradas auxiliadas pela computação gráfica. Afinal, se tudo que acontece nas telinhas vai repercutir e influenciar diretamente no que vemos na telona, a empresa não pode dar mole de rebaixar o nível de seu conteúdo. E veremos isso se tornar cada vez mais frequente nas próximas produções. Alguns veículos estrangeiros estão comentando, por exemplo, que o investimento na próxima série Original Marvel no Disney+, Falcão e o Soldado Invernal, terá um orçamento final próximo ao custo de um filme do Universo Estendido Marvel. Bastante surpreendente para uma produção televisiva.

Em WandaVision, essa verba faz sim a diferença, mas o grande mérito mesmo é saber trabalhar os personagens. Se a história não for boa, o Mickey pode colocar um bilhão de dólares que a série não vai dar certo. E como a proposta deste seriado era abordar o luto por meio de clássicos da televisão, foi um grande acerto chamar uma equipe criativa que conhece o formato televisivo desde pequeno. O próprio diretor da série foi um ator mirim televisivo. Isso fez a diferença na hora de brincar com as câmeras, os diálogos, os efeitos visuais replicando os da época retratada no episódio, assim como os figurinos e os comerciais repletos de easter eggs.

Só não dá pra dizer que a série é perfeita porque ela teve uma barriga ali mais pra reta final, quando o formato televisivo foi dando espaço ao formato cinematográfico. A sensação que deu é que a Marvel acertava 100% quando não tentava explicar a estranheza e os mistérios construídos nos primeiros episódios, mas aí se empolgava tanto com o que estava construindo, que deixava “a peteca cair”, querendo explicar tudo. Se todos esses mistérios tivessem sido construídos para serem resolvidos nos dois últimos episódios, provavelmente teria atingido a perfeição. Por mais controverso que pareça, os melhores momentos são justamente quando ela não tenta se adequar ao formato padrão do MCU.

Voltando a falar sobre os personagens, a equipe criativa realmente entendeu o momento da dupla de protagonistas e construiu suas falas para refletirem a confusão que a própria série tenta causar. Se você não entendeu o que estava acontecendo nos primeiros episódios, fique tranquilo… Os personagens também não entenderam. Essa dúvida constante sobre a própria existência e se tudo aquilo era real causou um desconforto bom, fugindo do que já estamos acostumados a ver em produções do gênero, e ajudou a introduzir os novos personagens, como a bruxa Agatha Harkness/ Agnes (Kathryn Hahn), o novo “Mercúrio” (Evan Peters), o Visão Branco e os gêmeos, que virão a ser o Wiccano e o Célere em uma futura adaptação dos Jovens Vingadores. Todos eles surgiram de forma inusitada, e seriam considerados “forçados” caso fossem introduzidos da maneira tradicional. Essa ambientação anormal, tensa e divertida ajudou o público a comprar essa galera nova e até mesmo a se acostumar com antigos personagens em uma nova versão, como a Monica Rambeau (Teyonah Parris), agora uma super-heroína, a tagarela Darcy Lewis (Kat Dennings), que se formou no doutorado, e o Agente Woo (Randall Park), que foi de “agente da condicional” do Homem Formiga para chefe de equipe no FBI.

E é muito legal saber que esses personagens serão usados novamente no futuro, tanto na TV quanto nos cinemas. A principal dessa nova leva provavelmente será a Monica, que vai assumir o manto de Fóton e vai trabalhar com os Skrulls, já abrindo caminho para Invasão Secreta. Além disso, a Feiticeira Escarlate será peça central do segundo filme do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), e também não dá para descartar a Agatha, até porque tem um filme do Quarteto Fantástico vindo aí e ela é parte importante para a mitologia deles também. Fazendo um adendo aqui: essa parte é toda especulação, coisa que o formato de lançamento de um episódio por semana permitiu. Fazia um tempo que uma produção desse tamanho não engajava os fãs dessa maneira. Foi bola dentro total do Disney+, mesmo que isso tenha acontecido mais por uma falta de uma maior variedade de produções originais no catálogo do que por opção mercadológica. Foi algo benéfico não só para a série, mas também para o público, que ganhou um novo assunto semanal para teorizar e discutir online nesses tempos de pandemia.

Ah, é sempre bom lembrar que essa não foi a primeira empreitada da Marvel nas TVs e Streaming em tempos de MCU. Eles já tiveram sua primeira série ambientada no universo estendido iniciada lá em 2013, que foi Agentes da Shield, e teve também muitos acertos e erros com os heróis urbanos feitos em parceria com a Netflix, como Demolidor e Jessica Jones. Sem contar o fracasso retumbante que foi a trágica série dos Inumanos. Ou seja, eles testaram bastante até onde poderiam ir antes de começar esse universo integrado do Disney+.

Havia uma expectativa de que o Demolidor e os personagens da Netflix participassem dos filmes, mas bastou Punho de Ferro desandar que a possibilidade foi descartada.

Enfim, com um roteiro criativo, mas com algumas “barrigas” criadas pelas próprias expectativas da equipe de criação, WandaVision chegou ao final com muito mérito, entregando uma produção muito acima da média. Com esse sarrafo mais alto, a Disney vai precisar manter ou superar essa qualidade daqui pra frente. E nessa hora a experiência inconstante com as séries da Netflix deve pesar para manter essa vontade de querer se superar. Com atuações muito boas em personagens excelentes, o saldo da primeira produção original da Marvel no Disney+ é bem positivo. Revolucionaram o mercado? Não acredito, mas nem sempre queremos ver alguém inventando a roda, basta nos entregar uma boa história e bom desenvolvimento de personagens que já ficamos mais que satisfeitos. E isso WandaVision faz muito bem. Fica difícil de controlar a ansiedade para ver o que a Marvel fará daqui pra frente, porque seus primeiros passos no Disney+ foram muito promissores.

 

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Dessa forma, a Marvel investiu um bom orçamento na série, permitindo melhores efeitos visuais, figurinos e permitindo certas situações que há pouco tempo não eram pensadas para esse formato, como lutas mais elaboradas auxiliadas pela computação gráfica. Afinal, se tudo que acontece nas telinhas vai repercutir e influenciar diretamente no que vemos na telona, a empresa não pode dar mole de rebaixar o nível de seu conteúdo. E veremos isso se tornar cada vez mais frequente nas próximas produções. Alguns veículos estrangeiros estão comentando, por exemplo, que o investimento na próxima série Original Marvel no Disney+, Falcão e o Soldado Invernal, terá um orçamento final próximo ao custo de um filme do Universo Estendido Marvel. Bastante surpreendente para uma produção televisiva.

Em WandaVision, essa verba faz sim a diferença, mas o grande mérito mesmo é saber trabalhar os personagens. Se a história não for boa, o Mickey pode colocar um bilhão de dólares que a série não vai dar certo. E como a proposta deste seriado era abordar o luto por meio de clássicos da televisão, foi um grande acerto chamar uma equipe criativa que conhece o formato televisivo desde pequeno. O próprio diretor da série foi um ator mirim televisivo. Isso fez a diferença na hora de brincar com as câmeras, os diálogos, os efeitos visuais replicando os da época retratada no episódio, assim como os figurinos e os comerciais repletos de easter eggs.

Só não dá pra dizer que a série é perfeita porque ela teve uma barriga ali mais pra reta final, quando o formato televisivo foi dando espaço ao formato cinematográfico. A sensação que deu é que a Marvel acertava 100% quando não tentava explicar a estranheza e os mistérios construídos nos primeiros episódios, mas aí se empolgava tanto com o que estava construindo, que deixava “a peteca cair”, querendo explicar tudo. Se todos esses mistérios tivessem sido construídos para serem resolvidos nos dois últimos episódios, provavelmente teria atingido a perfeição. Por mais controverso que pareça, os melhores momentos são justamente quando ela não tenta se adequar ao formato padrão do MCU.

Voltando a falar sobre os personagens, a equipe criativa realmente entendeu o momento da dupla de protagonistas e construiu suas falas para refletirem a confusão que a própria série tenta causar. Se você não entendeu o que estava acontecendo nos primeiros episódios, fique tranquilo… Os personagens também não entenderam. Essa dúvida constante sobre a própria existência e se tudo aquilo era real causou um desconforto bom, fugindo do que já estamos acostumados a ver em produções do gênero, e ajudou a introduzir os novos personagens, como a bruxa Agatha Harkness/ Agnes (Kathryn Hahn), o novo “Mercúrio” (Evan Peters), o Visão Branco e os gêmeos, que virão a ser o Wiccano e o Célere em uma futura adaptação dos Jovens Vingadores. Todos eles surgiram de forma inusitada, e seriam considerados “forçados” caso fossem introduzidos da maneira tradicional. Essa ambientação anormal, tensa e divertida ajudou o público a comprar essa galera nova e até mesmo a se acostumar com antigos personagens em uma nova versão, como a Monica Rambeau (Teyonah Parris), agora uma super-heroína, a tagarela Darcy Lewis (Kat Dennings), que se formou no doutorado, e o Agente Woo (Randall Park), que foi de “agente da condicional” do Homem Formiga para chefe de equipe no FBI.

E é muito legal saber que esses personagens serão usados novamente no futuro, tanto na TV quanto nos cinemas. A principal dessa nova leva provavelmente será a Monica, que vai assumir o manto de Fóton e vai trabalhar com os Skrulls, já abrindo caminho para Invasão Secreta. Além disso, a Feiticeira Escarlate será peça central do segundo filme do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), e também não dá para descartar a Agatha, até porque tem um filme do Quarteto Fantástico vindo aí e ela é parte importante para a mitologia deles também. Fazendo um adendo aqui: essa parte é toda especulação, coisa que o formato de lançamento de um episódio por semana permitiu. Fazia um tempo que uma produção desse tamanho não engajava os fãs dessa maneira. Foi bola dentro total do Disney+, mesmo que isso tenha acontecido mais por uma falta de uma maior variedade de produções originais no catálogo do que por opção mercadológica. Foi algo benéfico não só para a série, mas também para o público, que ganhou um novo assunto semanal para teorizar e discutir online nesses tempos de pandemia.

Ah, é sempre bom lembrar que essa não foi a primeira empreitada da Marvel nas TVs e Streaming em tempos de MCU. Eles já tiveram sua primeira série ambientada no universo estendido iniciada lá em 2013, que foi Agentes da Shield, e teve também muitos acertos e erros com os heróis urbanos feitos em parceria com a Netflix, como Demolidor e Jessica Jones. Sem contar o fracasso retumbante que foi a trágica série dos Inumanos. Ou seja, eles testaram bastante até onde poderiam ir antes de começar esse universo integrado do Disney+.

Havia uma expectativa de que o Demolidor e os personagens da Netflix participassem dos filmes, mas bastou Punho de Ferro desandar que a possibilidade foi descartada.

Enfim, com um roteiro criativo, mas com algumas “barrigas” criadas pelas próprias expectativas da equipe de criação, WandaVision chegou ao final com muito mérito, entregando uma produção muito acima da média. Com esse sarrafo mais alto, a Disney vai precisar manter ou superar essa qualidade daqui pra frente. E nessa hora a experiência inconstante com as séries da Netflix deve pesar para manter essa vontade de querer se superar. Com atuações muito boas em personagens excelentes, o saldo da primeira produção original da Marvel no Disney+ é bem positivo. Revolucionaram o mercado? Não acredito, mas nem sempre queremos ver alguém inventando a roda, basta nos entregar uma boa história e bom desenvolvimento de personagens que já ficamos mais que satisfeitos. E isso WandaVision faz muito bem. Fica difícil de controlar a ansiedade para ver o que a Marvel fará daqui pra frente, porque seus primeiros passos no Disney+ foram muito promissores.

 

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