Crítica | Wynonna Earp – série é a herdeira de ‘Buffy: A Caça-Vampiros’

Vocês acreditariam em mim se eu contasse que comecei a assistir Wynonna Earp por causa da música de abertura? Pois bem, esta foi a verdadeira razão. Não sabia absolutamente nada da série a não ser que gostava muito de “Tell That Devil”, a qual escutei pela primeira vez em Nashville. Assim começou uma jornada de três dias – o tempo que levei para completar a primeira temporada de 13 episódios.

A série, que é criação da admirável mente de Emily Andras (Lost Girl), é baseada no quadrinho de Beau Smith que leva o mesmo nome. A história acompanha as aventuras da descendente de Wyatt Earp (Ryan Northcott), Wynonna Earp (Melanie Scrofano), que ao retornar à cidade natal no dia que completa 27 anos, descobre ser a herdeira da maldição da família. Com habilidades místicas, a jovem se junta a Black Badge Division (BBD) para combater seres sobrenaturais, como demônios, vampiros, entre outros, ou melhor, os velhos inimigos de Wyatt que voltaram do inferno na tentativa de destruir a maldição.

Wynonna Earp se passa numa cidadezinha fictícia chamada Purgatory, dentro do que eles chamam de Ghost River Triangle, bem estilo interior. Ou seja, podem esperar cowboys, jargões à la velho oeste, muitas armas, bebidas e uma caça aos “monstros” digna de Buffy. Inclusive, costumam dizer que a produção televisa é uma mistura de Justified e Buffy.

A série conta com um roteiro muito bem direcionado e escrito. Em uma época que debatemos tanto sobre feminismo, Andras nos entrega de presente três personagens fortes e peculiares. De um lado, a protagonista / heroína mais humana que você verá na TV atualmente: ela bebe, ela comete erros, ela xinga, ela nem queria estar ali em primeiro lugar, mas ainda assim, ela não foge da obrigação que possui. Do outro, Waverly Earp (Dominique Provost-Chalkley), irmã mais nova da herdeira, que se torna consultora da BBD devido ao conhecimento que possui sobre Purgatory e sobre a maldição que a família carrega. Por fim, mas não menos importante, o público conhece Nicole Haught (Katherine Barrell), uma Oficial da polícia local que conquistou o coração dos fãs (se tornando regular na segunda temporada) devido à personalidade e por ser o interesse amoroso da mais nova dos Earp.

Além disso, o elenco também conta com a presença de Tim Rozon, que interpreta o misterioso Henry (se eu falar mais dou spoilers), um cowboy intrigante que irá deixar qualquer telespectador perplexo com as habilidades que possui. E Shamier Anderson como agente Xavier Dolls, que comanda a divisão da BBD, em Purgatory, e também possui alguns segredos a serem revelados.

Embora possua alguns efeitos de baixa qualidade, a série não peca na direção cinematográfica, na trilha sonora escolhida e muito menos no quesito direção de arte. É impressionante como o público começa a considerar a possibilidade de viver naquela cidade repleta de monstros de tão interessante, que todos os elementos que compõem uma produção televisiva a transformam.

Apesar da aparente, não tão aparente assim, temática obscura que ronda Wynonna Earp, os episódios conseguem trazer um misto de drama com comédia. É como estar dentro de um quadrinho: num momento você está roendo as unhas de nervoso sobre o que vai acontecer em seguida, no outro está rindo com algum comentário sarcástico de um dos personagens ou alguma situação inusitada que só poderia acontecer na TV.

SPOILERS (Continue por sua própria conta e risco)

Existem alguns momentos desta primeira etapa que merecem destaque. Primeiro, “The Blade”, o quarto capítulo, em que um retornado diz a Wynonna que ela tem algumas horas para conseguir o perdão de todos os residentes da cidade. Acredito que ninguém gostaria de ser a jovem naquele momento ao considerar que todos a odeiam. É um dos momentos mais divertidos apesar de toda a carga dramática quando Waverly confessa que acreditava que ela seria a herdeira. Ao considerarmos este acontecimento ao ponto em que Bobo Del Rey (Michael Eklund), na season finale, diz que ela não é uma Earp, o que se pode esperar da segunda temporada, não?

Outro a destacar é o “Bury Me with My Guns On”, nono episódio, em que o público se depara com uma Wynonna em busca de consolo no álcool e outras atividades após matar o último dos sete retornados. Melanie Scrofano faz uma atuação espetacular ao exibir outro lado da herdeira que ainda não se conhecia.

A série, além de buscar trazer à mesa personagens femininos fortes, algo que Emily Andras tem feito desde Lost Girl, ela também desenvolve uma relação entre dois personagens do mesmo sexo sem que o fato de que a sexualidades deles seja o mais importante. A criadora merece palmas por não fazer parte do Bury Your Gays*.

É praticamente impossível finalizar esta resenha sem falar dos cliffhangers deixados ao final da primeira temporada: o que acontecerá com Xavier Dolls? Waverly possuída ou não? Waverly possuída atirou ou não em Wynonna e Doc? Waverly, uma Earp, ou sabe o Cosmo o que? Wynonna e Doc ou Wynonna e Dolls (brincadeira, hein)? Quem é Juan Carlos (Shaun Johnston)? Tem como alguém atirar na Agente Lucado (Kate Drummond), por favor? Que história é essa de que tem seres querendo entrar no Ghost River Triangle? Quem assiste a série e não gosta da Nicole Haught, gosta de gente? Quão ferrada será a vida da Wynonna na próxima temporada?

Bom, meus caros, isso é tudo por agora. Vemos-nos ao final da segunda temporada!

*Bury Your Gays é um movimento iniciado após a morte da personagem Lexa (Alycia Debnam-Carey), da série The 100, da emissora CW. Refere-se ao alto índice de personagens, que são partes da comunidade LGBTQ, especialmente femininos, que são mortos ao longo das produções televisivas. Após tal acontecimento, a comunidade respondeu ao aumentar a conscientização sobre o dano infligido à mesma.

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