domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Yes, God, Yes – Dramédia com Natalia Dyer, de ‘Stranger Things’, questiona sexualidade e religião

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Independentemente de onde se esteja, o período de transição entre a juventude e o mundo adulto é bastante conturbado, acompanhado de dúvidas, incertezas, medos, sonhos e… segredos. Parece que muita coisa não pode ou não deve ser contada aos jovens, fazendo com que muitos adolescentes corram atrás de respostas por conta própria – muitas vezes, tropeçando no caminho. É o que podemos ver em ‘Yes, God, Yes’, nova comédia dramática que estreia nas plataformas de aluguel sob demanda essa semana.



Alice (Natalia Dyer) tem cerca de quinze anos e está completamente confusa com tudo que está sentindo. Filha única de uma família extremamente católica e estudante de uma escola dessa religião, Alice não sabe o que fazer com os hormônios da adolescência, até que um dia cai em um bate-papo na internet, no qual uma pessoa anônima lhe manda fotos provocadoras e diz coisas que ela nunca pensou em ouvir. Desde então, fica pensando nessas coisas mais picantes, brincando de se tocar para ver o que acontece. E toda essa ebulição piora quando Alice viaja com os amigos da escola para um retiro espiritual, onde vê e sente coisas que devem ser escondidas dos outros.

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Escrito e dirigido por Karen Maine, ‘Yes, God, Yes’ é uma comédia leve que propõe reflexão. O argumento traz o velho conceito dos jovens do interior cujo universo ainda não se expandiu e que, portanto, seguem sem questionar as orientações da trinca família-escola- sem questionar. Porém, a chegada da internet aos lares, lá no meio dos anos 1990, fez com que as distâncias entre os territórios fossem drasticamente reduzidas, e, através dos bate-papos anônimos, surgiram muitos relacionamentos (e frustração) on-line e muito compartilhamento de fotos, áudios, vídeos e conversas sobre sexo.

O espectador com mais de trinta anos facilmente identifica as questões levantadas no argumento, porém talvez os mais jovens não alcancem a profundidade da expectativa que era, de repente, ter um desconhecido falando de sexo em um universo em quase ninguém tinha internet e nem sabia direito como funcionava. Através do humor e de maneira muito leve, ‘Yes, God, Yes’ aborda temas que ainda hoje são tabus impronunciáveis, não só nos meios católicos e seus impedimentos em falar abertamente sobre sexo (e a doutrina da punição e culpa àqueles que se manifestem interessados pelo assunto) como também a opressão que ocorre especificamente com relação às meninas, cuja sexualidade e a educação sexual são negadas desde muito pequenas.

Natalia Dyer convence como uma adolescente tímida e quieta em busca de entendimento, mostrando-se perfeitamente capaz de ocupar o protagonismo de qualquer trama. A direção de Karen Maine propõe um debate provocador com seu enredo, cuja edição e montagem são um pouco prejudicadas com a falta de algumas cenas de ligação. Ainda assim, ‘Yes, God, Yes’ é um divertido e incômodo filme que joga luz sobre os tabus impostos pelos meios sociais nos quais estamos inseridos e como esses tabus pesam ainda mais nas mulheres.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Alice (Natalia Dyer) tem cerca de quinze anos e está completamente confusa com tudo que está sentindo. Filha única de uma família extremamente católica e estudante de uma escola dessa religião, Alice não sabe o que fazer com os hormônios da adolescência, até que um dia cai em um bate-papo na internet, no qual uma pessoa anônima lhe manda fotos provocadoras e diz coisas que ela nunca pensou em ouvir. Desde então, fica pensando nessas coisas mais picantes, brincando de se tocar para ver o que acontece. E toda essa ebulição piora quando Alice viaja com os amigos da escola para um retiro espiritual, onde vê e sente coisas que devem ser escondidas dos outros.

Escrito e dirigido por Karen Maine, ‘Yes, God, Yes’ é uma comédia leve que propõe reflexão. O argumento traz o velho conceito dos jovens do interior cujo universo ainda não se expandiu e que, portanto, seguem sem questionar as orientações da trinca família-escola- sem questionar. Porém, a chegada da internet aos lares, lá no meio dos anos 1990, fez com que as distâncias entre os territórios fossem drasticamente reduzidas, e, através dos bate-papos anônimos, surgiram muitos relacionamentos (e frustração) on-line e muito compartilhamento de fotos, áudios, vídeos e conversas sobre sexo.

O espectador com mais de trinta anos facilmente identifica as questões levantadas no argumento, porém talvez os mais jovens não alcancem a profundidade da expectativa que era, de repente, ter um desconhecido falando de sexo em um universo em quase ninguém tinha internet e nem sabia direito como funcionava. Através do humor e de maneira muito leve, ‘Yes, God, Yes’ aborda temas que ainda hoje são tabus impronunciáveis, não só nos meios católicos e seus impedimentos em falar abertamente sobre sexo (e a doutrina da punição e culpa àqueles que se manifestem interessados pelo assunto) como também a opressão que ocorre especificamente com relação às meninas, cuja sexualidade e a educação sexual são negadas desde muito pequenas.

Natalia Dyer convence como uma adolescente tímida e quieta em busca de entendimento, mostrando-se perfeitamente capaz de ocupar o protagonismo de qualquer trama. A direção de Karen Maine propõe um debate provocador com seu enredo, cuja edição e montagem são um pouco prejudicadas com a falta de algumas cenas de ligação. Ainda assim, ‘Yes, God, Yes’ é um divertido e incômodo filme que joga luz sobre os tabus impostos pelos meios sociais nos quais estamos inseridos e como esses tabus pesam ainda mais nas mulheres.

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