quinta-feira, março 28, 2024

Crítica | Hush – A Morte Ouve

Depois de ser reconhecida pelas suas séries de sucesso, a Netflix tem investido em filmes originais. Ano passado ela lançou o impactante Beasts of No Nation – injustamente ignorado pelo Oscar –, e tem o objetivo claro que expandir o seu catálogo de longas originais. Tendo estreado inicialmente no SXSW Film FestivalHush teve os seus direitos comprados pela gigante do serviço de streaming para ser lançado ao redor do mundo. Com a estreia oficial no dia 8 de abril de 2016, os assinantes finalmente tiveram a chance de conferir o longa, que foca sua trama em torno de uma invasão domiciliar. Mas, considerando o quanto este subgênero foi explorado nos últimos anos, Hush conseguiria se destacar o suficiente para fazer algum barulho?

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Na trama, Maddie é uma escritora que vive sozinha em uma casa isolada. A única pessoa nos arredores é a sua amiga Sarah, sua vizinha. A situação fica desesperadora quando um homem mascarado aparece na porta de Maddie, com o objetivo de jogar um jogo de rato e gato com ela. Sendo surda desde a adolescência – por causa de uma meningite –, Maddie terá que contar com seus próprios instintos e não poderá fazer nenhum barulho, porque, ao contrário dela, o assassino pode escutá-la. Conforme a noite vai ficando mais intensa, cada decisão pode levar a um final diferente, e são as escolhas da vítima que irão determinar o desfecho de sua própria história.

São poucos os filmes envolvendo invasão domiciliar que conseguem chamar minha atenção. Existe uma questão muito aterrorizante em torno de um estranho entrar no conforto de nossa casa para nos machucar, mas poucos enredos conseguem de fato captar esta tensão. Hush – A Morte Ouve, no entanto, faz um excelente trabalho ao nos deixar apreensivos com o destino de sua protagonista. Ao contrário da tendência dos filmes contemporâneos – com trilhas sonoras barulhentas e os amadores sustos por causa do volume –, o diretor constrói o suspense se beneficiando do silêncio, muitas vezes colocando os seus espectadores com a mesma falta de percepção que a protagonista, o que torna a ação acontecendo na tela muito mais imprevista e tensa.

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Aliás, a protagonista merece muito destaque, porque é o seu carisma que carrega a produção nas costas (considerando que o filme só tem quatro personagens relevantes). Kate Kiegel dá vida a uma excelente final girl, que apesar de estar em desvantagem, mostra que é capaz de tomar decisões inteligentes. Mesmo sem falas, a atriz consegue preencher a tela com sua forte presença. Gostei muito de suas interações com o assassino, e principalmente pelo fato do roteiro mantê-lo como um mistério. Às vezes o desconhecido é muito mais assustador que alguma explicação boba (como aconteceu com o recente Emilie). O enredo surpreende ao ir além do clichê de “assassino mascarado”, mas não falarei muito a respeito para não entregar nada. Só destaco que o roteiro irá surpreender o público com algumas decisões criativas inconvencionais.

Apesar das inúmeras qualidades, não é um filme perfeito. Há alguns momentos que podem soar cansativos ou repetitivos, principalmente as várias vezes que a protagonista tenta sair da casa. O roteiro também falha ao acrescentar algumas saídas fáceis, que contrastam com a evolução inteligente da condução da protagonista. Essas partes parecem ter sido acrescentadas para garantir ao longa uma duração maior, afinal de contas, poderiam facilmente terem sido removidas sem afetar a lógica da trama. De qualquer maneira, nenhum desses pontos negativos conseguem ofuscar os bons momentos da produção.

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O terceiro ato é um show à parte! É quando o confronto épico entre a mocinha e o vilão chega ao seu ápice. Ao contrário de filmes se contêm com o objetivo de garantir um gancho para uma sequência (como o recente Boneco do Mal), Hush – A Morte Ouve aposta todas as suas fichas e nos conduz em uma batalha final agonizante. Ambas as partes são levadas ao limite, assim como os espectadores, que ficam na expectativa do desfecho até o minuto do confronto. Não só é um ótimo filme, como também é um enorme exercício de suspense. Maddie certamente mostrou ser um desafio à altura, e já figura na lista das melhores final girls dos últimos anos. Hush apresenta uma premissa simples, mas nos conquista ao conduzi-la de uma forma inteligente.

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