Poucos filmes são tão importantes para a história do cinema quanto o clássico musical romântico ‘Cantando na Chuva’.
Estrelado por nomes como Gene Kelly, Debbie Reynolds, Donald O’Connor e Jean Hagen, o longa-metragem não fez um sucesso estrondoso à época de seu lançamento e conquistou apenas uma indicação ao Oscar. Felizmente, a produção conquistou aclame generalizado por parte dos especialistas e é considerado como um dos maiores títulos de todos os tempos, sendo até mesmo selecionado para preservação na Libraria do Congresso dos Estados Unidos.
Na trama, Don Lockwood (Kelly) e Lina Lamont (Hagen) são dois dos astros mais famosos da época do cinema mudo em Hollywood. Seus filmes são um verdadeiro sucesso de público e as revistas inclusive apostam num relacionamento mais íntimo entre os dois, o que não existe na realidade. Mas uma novidade no mundo do cinema chega para mudar totalmente a situação de ambos no mundo da fama: o cinema falado, que logo se torna a nova moda entre os espectadores. Decidido a produzir um filme falado com o casal mais famoso do momento, Don e Lina precisam entretanto superar as dificuldades do novo método de se fazer cinema, para conseguir manter a fama conquistada.
Talvez a maior conquista do filme tenha sido recontar a transição do cinema mudo para o falado com didatismo e humor suficientes para nos conquistar do começo ao fim da jornada, além de eternizar nomes lendários da indústria do entretenimento.
Para celebrá-lo e para comemorar seu iminente aniversário de setenta anos, o CinePOP preparou uma lista com algumas curiosidades de bastidores sobre a obra, que você pode conferir abaixo:
- Reynolds comentou anos depois que fazer o filme e sobreviver ao parto foram as duas coisas mais difíceis que já fez na vida. A experiência fílmica foi particularmente desagradável em virtude do tratamento brusco dado por Kelly, que também era o diretor, e que era extremamente perfeccionista.
- Kelly agia como um carrasco com Reynolds, que nunca havia dançado daquela maneira antes. O lendário Fred Astaire, que trabalhava em um estúdio adjacente, a encontrou chorando embaixo de um piano e garantiu a ela que todo o trabalho duro valeria a pena.
- Décadas depois, Kelly comentou que sentiu remorso em tratar Reynolds como a tratara durante as filmagens: “eu não fui legal com Debbie. É uma surpresa que ela ainda fale comigo”.
- Um microfone ficou escondido na blusa de Reynolds, para que suas falas fossem ouvidas com mais clareza. Durante um dos números de dança, é possível ouvir as batidas de seu coração, espelhando o que acontece a Kathy Selden na narrativa.
- O negativo original do longa-metragem foi destruído em um incêndio.
- O roteiro foi escrito depois que as músicas foram finalizadas e gravadas. Dessa forma, os roteiristas tiveram que construir uma narrativa que fizesse sentido em relação às canções, e não o contrário.
- Os roteiristas compraram uma casa em Hollywood de um ex-astro de cinema que perdeu sua fortuna quando a inovação do cinema falado destruiu sua carreira. Isso foi parte da inspiração para o longa-metragem.
- O filme serviu como trunfo para que Kelly terminasse seu contrato com a MGM. Ele depois comentou que ele estava irritado com o fato da companhia repetidamente o impedir de aceita papéis em outros filmes, como ‘Eles e Elas’, de 1955. A atitude extremamente hostil do ator e diretor durante as gravações resultou no término de contrato entre ele e a MGM.
- A sequência “Broadway Ballet” levou um mês inteiro para ser ensaiada, duas semanas de gravação e nada menos que US$600 mil de custo – quase um quinto do orçamento total.
- Com a morte e Reynolds em dezembro de 2016, Rita Moreno, que interpretou Zelda na produção, é a única sobrevivente do elenco.