Mais de 15 anos após o lançamento de ‘Quem Quer Ser um Milionário?‘, o diretor Danny Boyle afirmou, em entrevista ao The Guardian, que não faria o filme nos dias atuais — não por arrependimento, mas por consciência das mudanças no debate cultural.
“Nós não conseguiríamos fazer aquele filme agora”, disse Boyle. “E é assim que deve ser. É hora de refletir sobre tudo isso. Precisamos olhar para a bagagem cultural que carregamos e a marca que deixamos no mundo.”
Vencedor de oito Oscars em 2009, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, ‘Quem Quer Ser um Milionário?‘ conta a história de Jamal, um jovem da periferia de Mumbai que transforma sua dura realidade em vantagem ao participar de um programa de perguntas e respostas no estilo Quem Quer Ser Um Milionário?.
Questionado sobre se o projeto seria um caso de colonialismo cinematográfico, Boyle respondeu com honestidade desconfortável:
“Não, não… Bom, só no sentido em que tudo é. Na época, parecia algo radical. Levamos apenas algumas pessoas da equipe para Mumbai, trabalhamos com uma grande equipe indiana e tentamos fazer o filme dentro da cultura local. Mas, no fim das contas, ainda éramos estrangeiros. É um método falho.”
O diretor reconhece que, mesmo com boas intenções, hoje a abordagem seria considerada inadequada.
“Esse tipo de apropriação cultural pode ser aceito em certos momentos. Em outros, não. Tenho orgulho do filme, mas hoje não cogitaria fazer algo assim. Nem conseguiríamos financiamento. Mesmo que eu estivesse envolvido, procuraria um jovem cineasta indiano para dirigir.”
As declarações de Boyle surgem em meio a rumores sobre uma possível continuação ou adaptação televisiva de ‘Quem Quer Ser um Milionário?‘, encabeçada pela produtora Bridge7, fundada pela ex-executiva da Netflix Swati Shetty e o ex-agente da CAA Grant Kessman. Diante do tom de suas falas, é pouco provável que Boyle esteja diretamente envolvido nesses projetos.
‘Quem Quer Ser um Milionário?‘, baseado no romance Q&A de Vikas Swarup e roteirizado por Simon Beaufoy, tornou-se um fenômeno global em 2008, tanto por sua linguagem visual quanto pela mistura entre drama social, romance e fábula moderna. Hoje, seu próprio criador reconhece: o que antes parecia inovador, agora exige outra lente — e outras vozes — para ser contado.
Vale lembrar que Boyle está de volta aos cinemas com a sequência ‘Extermínio: A Evolução‘.
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Além de Jodie Comer, o elenco conta com Jack O’Connell (‘Invencível’), Aaron Taylor-Johnson (‘Vingadores: A Era de Ultron’), Ralph Fiennes (‘O Menu’) e Erin Kellyman (‘Falcão e o Soldado Invernal’).
‘Extermínio: A Evolução’ foi escrito por Alex Garland e conta, mais uma vez, com a direção de Danny Boyle.
Uma das franquias de horror mais aclamadas dos últimos anos, ‘Extermínio’ arrecadou quase US$ 150 milhões com seus dois primeiros filmes, lançados em 2002 e em 2007.