A dublagem de famosos sempre foi um tema que gerou muita discussão no Brasil. O país é notoriamente conhecido por sua dublagem de qualidade, com nomes memoráveis como Marco Ribeiro, Mauro Ramos, Selma Lopes, Orlando Drummond, Garcia Júnior, Wendel Bezerra, Guilherme Briggs, Vera Miranda, Marisa Leal, dentre outros. Dos anos 90 pra cá, tais profissionais começaram a perder espaço para celebridades em alguns filmes, principalmente quando falamos de animações.
Quem defende a dublagem de famosos, geralmente vai apontar que muitos atores consagrados emprestam suas vozes para animações lá fora, mas é importante destacar que é um processo muito diferente. Um ator escalado para a voz original de um personagem passa muito tempo se preparando e muito tempo gravando e ajudando na produção. O dublador nacional acaba tendo sessões de poucas horas de gravação. Assim, é inevitável que acabe fazendo diferença se o profissional tem experiência em dublagem.
Recentemente, os fãs iniciaram uma campanha para que a Universal Pictures não contratesse famosos para dublar o filme do ‘Super Mario Bros‘, e a hashtag #MarioSemStarTalent viralizou nas redes sociais. E deu certo.
É claro que existem exemplos de dublagens boas de famosos, mas isso é assunto para outra matéria. Aqui, vamos apontar aqueles casos trágicos, que prejudicaram o filme.
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10) Ivete Sangalo (Aviões)
São vários os exemplos de estúdios que escolhem personagens minúsculos e dão para alguma famoso dublar com o simples objetivo de poder colocar o nome daquela pessoa no cartaz do filme. E é isso o que acontece com Ivete Sangalo em Aviões, spin-off de Carros lançado pela Disney em 2013. A cantora empresta sua voz para Carolina Santos Duavião, uma “aviã” que participa de uma competição nas alturas. O trabalho de Ivete é bem básico. Claramente alguém que está lendo um roteiro com sua voz normal, sem o menor interesse em desenvolver uma personagem. Só não está pior colocada na lista porque é uma participação quase insignificante.
9) Isabelle Drummond (A Origem dos Guardiões)
Diferentemente de Ivete, Isabelle Drummond é atriz e ao menos tentou algo diferente, tentou dar uma voz a sua personagem. Ela dublou a Fada do Dente na animação A Origem dos Guardiões. O problema aqui foi a falta de experiência da atriz com dublagem. À época, Isabelle tinha apenas 18 anos e acabou optando por algumas escolhas ruins na execução. Há o claro objetivo que construir uma Fada do Dente elétrica e falante, mas a jovem acabou criando uma personagem praticamente sem respiro, uma falha mortal na dublagem.
8) Bussunda (Shrek)
A escolha da discórdia… Sabemos que a presença de Bussunda na lista vai gerar polêmica, afinal muita gente é fã do trabalho do saudoso comediante como Shrek. Mas trata-se sim de uma escolha ruim de celebridade para a dublagem, ainda mais que foi feita após o dublador Mauro Ramos ser escolhido e dispensado pela animação. Ramos, inclusive, substitui Bussunda como Shrek após a morte do comediante. Não entende a diferença que faz ter um famoso ou um dublador? Basta ouvir a dublagem de Bussunda nos dois primeiros filmes e depois ouvir a de Ramos nos dois últimos. Bussunda foi uma verdadeira lenda da comédia nacional, mas nunca foi um ator. E isso pode ser percebido na dublagem sem emoção do ogro. Gritando, fazendo piada, sendo romântico… em qualquer situação, Shrek tinha o mesmo tom de voz.
7) Ícaro Silva (O Rei Leão)
O caso mais recente da nossa lista. A dublagem da nova versão de O Rei Leão revoltou muitos fãs da clássica animação, que viram algumas de suas músicas favoritas serem destruídas pelas novas vozes. Ainda que a escolha de Ícaro Silva e Iza tenham sido perfeitas na teoria, a prática foi um pouco diferente, principalmente no que diz respeito ao ator. Talvez tentando se aproximar do tom vocal de Donald Glover, voz original do Simba, Ícaro optou por usar uma voz bem aguda e o resultado não foi nada bom. Na verdade, sua primeira entrada em Hakuna Matata é quase traumática.
6) Preta Gil (Os Sem-Floresta)
Assim como no caso de Ivete, Preta Gil teve uma participação bem pequena em Os Sem-Florestas. Mas é bem verdade que já foi espaço suficiente para incomodar bastante. É mais um caso de famoso lendo roteiro e não interpretando. E, pior, a atriz e cantora tratou de deixar sua personagem, a gambá Stella, com um sotaque carioca que surge completamente deslocado na divertida animação. Um triste desfecho pra uma personagem que originalmente era dublada por Wanda Sykes, grande nome da comédia americana, com uma voz e um ritmo vocal bem particular.
5) Reynaldo Gianecchini (Robôs)
Vai parecer um trocadilho idiota. Ou um golpe genial do filme. Mas a verdade é que Reynaldo Gianecchini entrega uma voz pra lá de robótica na animação Robôs. Sim, talvez fosse perfeito para um personagem que de fato era um robô. Mas, não, o lado automático e padrão da voz do ator está mais ligado ao fato de que trata-se de uma trabalho pobre de dublagem do que uma verdadeira construção de personagem. A verdade é que Gianecchini soa pouco natural o tempo inteiro. Em momento algum o espectador se acostuma com a voz do protagonista. E não tem coisa pior para uma animação do que ficar sendo jogado para fora do filme a todo momento.
4) Paulo Vilhena (O Espanta Tubarões)
– Quem podemos chamar para dublar o personagem feito pelo Will Smith?
– Não sei, que tal o Paulinho Vilhena!
É difícil imaginar, mas esse diálogo aconteceu de verdade no Brasil. Até então conhecido pelo trabalho em Sandy & Junior e Coração de Estudante, o ator foi o escolhido para a voz principal da animação O Espanta Tubarões. O resultado, como não poderia deixar de ser, foi bem decepcionante. Sem ritmo, sem vida, Vilhena criou um peixe que era tudo, menos cativante. Não fosse sofrimento o bastante, ainda tivemos que lidar com uma cena dele fazendo um rap.
3) Felipe Dylon (O Mar Não Está Pra Peixe)
Tem escalações para dublagens que são difíceis de entender. Aqui, estamos diante de uma que é impossível de compreender. Primo pobre de Espanta Tubarões e Procurando Nemo, O Mar Não Está Pra Peixe chegou aos cinemas em 2006, sem um grande estúdio por trás. Sem grande verba, acabaram optando por subcelebridades no elenco de vozes. No caso, Felipe Dylon e Grazi Massafera (que tinha acabado de sair do BBB). Grazi nem compromete tanto, mas o mesmo não dá pra falar do músico conhecido por “A Musa do Verão”. A animação já é fraquíssima. A dublagem a torna insuportável.
2) Sabrina, Vesgo, Ceará e Mendigo (Asterix e os Vikings)
Não tem como defender os responsáveis por escolher os dubladores de Asterix e os Vikings. A escolha da equipe do Pânico na TV para uma dublagem é algo ruim só de imaginar. Pior aqui quando se trata de uma reincidência. Sim, Sabrina, Vesgo, Ceará e Mendigo já haviam dublado Terra Encantada de Gaya, e o resultado foi péssimo. O fato de terem sido convidados para novo projeto faz tudo ficar mais bizarro. A situação fica ainda pior com Vesgo e Ceará assumindo as vozes de Asterix e Obelix, dois personagens super queridos pelos fãs. E ainda temos Sabrina soltando bordões a todo momento. Realmente doloroso.
1) Luciano Huck (Enrolados)
Mas como que alguém conseguiu ser pior que a turma do Pânico?! Pois bem, não podemos esquecer do homem por trás do Caldeirão do Huck. Sim, Luciano Huck é o responsável pela dublagem mais trágica da história. Sem exagero. São inúmeros os casos de pessoas que odiaram Enrolados quando viram pela primeira vez e que descobriram mais pra frente, ao ver com a dublagem original, que se tratava de um ótimo filme. Sem nenhuma experiência em dublagem, Luciano recebeu logo de cara um dos protagonistas de uma animação da Disney. E o resultado é pavoroso.
Dublar não é apenas repetir falas. É uma forma de atuação. Luciano Huck, como bem prova suas participações no cinema (Um Show de Verão, Xuxa e os Duendes…), não é ator. Sua participação em Enrolados torna o filme pior.