Você já se sentiu estranho ou desconfortável em um contexto onde não sabia o que de fato estava acontecendo? Como se estivesse perdido, aquém ao que te rodeia?
No dia 25 de maio, anualmente, aqueles que passaram a vida inteira se sentindo assim encontram na cultura POP e nos elementos mais emblemáticos do universo nerd, a mutualidade acalentadora de um nicho que foi do extremo mais rejeitado, ao mais cobiçado. Em outras palavras, os incompreendidos saem da ponta e vão para o centro das atenções com suas toalhas e incansáveis referências a ‘Star Wars’, para celebrar o marco da reviravolta de uma geração até então sem voz.
25 de maio não é uma data qualquer. Com dois símbolos específicos fortíssimos, que carregam uma extensa simbologia repleta de referências das mais distintas, o dia em questão é o marco zero de ‘Star Wars’. Uma Nova Esperança surgia, tanto literal como figurativamente, tirando das sombras uma geração do final dos anos 70, que não sabia o poder da ficção científica até George Lucas apresentá-la em uma bandeja de prata.
Mal sabia o mundo o que ‘Star Wars’ faria. Mal sabiam nossos conterrâneos de outros tempos o que eles fariam em nós. 25 de maio de 1977 apresentou às futuras gerações – algumas ainda no ventre, outras nem sequer planejadas – um leque de infinitas possibilidades.
O silêncio do espaço, onde o som não se propaga, se tornou uma mera questão de imaginação. Outros universos inimagináveis ganharam cor. Mocinhos e vilões nasceram, nomes foram talhados na eternidade cultural. Nascia o âmago do que eu, você e todos aqueles que podem até não gostar da saga, estamos falando até hoje. Nascia o instrumento mais emblemático da indústria do entretenimento.
Ao lado de ‘Star Wars’, surge a toalha. Imaculada, versátil, totalmente irreverente, muito mais que um item essencial de higiene. Foco de uma página inteira no terceiro capítulo do primeiro volume da trilogia de cinco livros de Douglas Adams – ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias’ –, ela é o elemento que todo mochileiro que se prese, aqueles de respeito e dignidade, possuem. Partindo de um objeto para enxugar o rosto a um protetor implacável contra a Terrível Besta Voraz de Traal, a toalha é uma das referências mais irreverentes da cultura POP. Ela é o elo entre o seu criador, Adams, e seu público. Ela é a homenagem eterna dos nerds que se encontraram em seus livros, a um ícone sem precedentes, falecido em 2001.
Diferentes, mas iguais. ‘Star Wars’ e ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias’ possuem dois – dentre vários – aspectos muito em comum. Em universos que deixam a Terra à deriva, ambas as sagas exploram a diversidade. Cultural. Racial. De gênero. De personalidade. Em planetas que se distanciam dos vícios inerentes e vulgares deste em que vivemos, as distintas galáxias convivem bem entre si e quando se digladiam, não é por questões sociais e sim ideológicas. O diferente é aceito, celebrado e amado. E para os nerds, os sempre diferentões, é ali que tudo funciona harmonicamente.
E a crescente e massificada quantidade de nerds ao longo dos anos contribuiu para que os antes rejeitados, se tornassem realmente cobiçados – como já dito.
Em terra onde ‘Star Wars: O Despertar da Força’ é a terceira maior bilheteria do mundo, papéis se invertem, e os desajustados passam a ser aqueles que ditam o que o público em geral vai consumir, seja nos cinemas, nas televisões, na literatura e até mesmo na moda. As toalhas, que estampam fotos nas inúmeras timelines da vida e representam o discurso de aceitação e emponderamento, são também o símbolo de uma geração que da margem da sociedade, hoje dita a próxima série de TV que você e todo mundo estará desejando daqui a alguns meses. Isso sim é uma vida longa e próspera.