quinta-feira , 21 novembro , 2024

Dica de Filme #TBT | Minha Obra Prima – Sátira Argentina Reúne Elenco Afiado em Nervosa Comédia da Netflix

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Muitas vezes a realidade é tão dura e tão inacreditável, que só mesmo rindo para uma pessoa conseguir seguir com sua rotina. Desemprego, inflação, governo corrupto, sonhos interrompidos e falta de reconhecimento são alguns dos temas que amargam o dia a dia das pessoas – comuns à maioria dos países da América Latina. Talvez por isso um filme produzido em um país vizinho ao Brasil geralmente tenha grande aceitação do público brasileiro, pois tivemos histórias parecidas e sofremos consequências semelhantes. Razão pela qual nossa dica de filme #TBT de hoje é a comédia ácida argentina ‘Minha Obra Prima’.



A economia argentina vai mal. Mas, mesmo na crise, há aqueles que conseguem seguir em frente. Arturo (Guillermo Francella) é dono de uma galeria de arte que, mesmo na economia incerta, consegue se manter de portas abertas, revelando novos artistas e vendendo obras de arte para a classe rica portenha. Apesar disso, um dos maiores entraves de seu estabelecimento é Renzo Nervi (Luis Brandoni), um artista super talentoso, mas extremamente crítico, cujas obras são difíceis de vender por ser o artista uma pessoa difícil. O problema é que Arturo é amigo de longa data de Renzo, e sempre fica tentando ajudá-lo, pois reconhece seu talento apesar de seu jeitão rebelde. Quando surge uma oportunidade de Renzo pintar um quadro sob encomenda, Arturo tem que convencê-lo a fazê-lo, mas, quando a obra final não sai conforme o planejado, os dois bolarão um plano mirabolante para sobreviver.

Para quem gostou da série ‘Meu Querido Zelador’ (da Star+), ‘Minha Obra Prima’ é um filme obrigatório, pois nele vemos os primórdios do que mais tarde tomaria corpo no embate condominial da série de sucesso, além de trazer o mesmo par de atores. Acima de tudo, o filme de Gastón Duprat faz uso da sátira para criticar não só o sistema econômico daquele país, como também a futilidade com que se confere valor à arte a partir daquilo que se mede como sucesso, sendo esta uma medida subjetiva.

É justamente aí onde reside a genialidade do roteiro de Gastón Duprat e Andrés Duprat. Ao construir personagens ideologicamente opostos, mas ligados por um passado onde a amizade entre eles fora forte, o embate entre ideologia e moral ganha espaço em uma comédia de ficção lançada em 2018 que permanece atual tanto em sua crítica social quanto na permanência de seu tema. Mas nada disso faria sentido não fosse a afinidade da dupla de atores principais, Guillermo Francella e Luis Brandoni, que conseguem, juntos, dosar as emoções do longa conduzindo o espectador através da comicidade, envergando para o drama, mergulhando no suspense para, enfim, voltar ao humor. Experientes, ambos os atores entregam exatamente a porção ideal de revelação de seus personagens, deixando uma camada obscura para o espectador para que a gente nunca tenha a certeza da confiabilidade deles.

Minha Obra Prima’ é uma deliciosa comédia ácida recheada de crítica que se passa na Buenos Aires contemporânea e com cenas gravadas em Niterói, o que demonstra que é uma história que poderia pertencer a qualquer um dos países do hemisfério sul. Com muita inteligência, conduz o espectador ao riso com crítica, instigando-nos a julgar os personagens a partir de nossos próprios valores morais. Uma comédia genial para rir com inteligência escondida na Netflix.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A economia argentina vai mal. Mas, mesmo na crise, há aqueles que conseguem seguir em frente. Arturo (Guillermo Francella) é dono de uma galeria de arte que, mesmo na economia incerta, consegue se manter de portas abertas, revelando novos artistas e vendendo obras de arte para a classe rica portenha. Apesar disso, um dos maiores entraves de seu estabelecimento é Renzo Nervi (Luis Brandoni), um artista super talentoso, mas extremamente crítico, cujas obras são difíceis de vender por ser o artista uma pessoa difícil. O problema é que Arturo é amigo de longa data de Renzo, e sempre fica tentando ajudá-lo, pois reconhece seu talento apesar de seu jeitão rebelde. Quando surge uma oportunidade de Renzo pintar um quadro sob encomenda, Arturo tem que convencê-lo a fazê-lo, mas, quando a obra final não sai conforme o planejado, os dois bolarão um plano mirabolante para sobreviver.

Para quem gostou da série ‘Meu Querido Zelador’ (da Star+), ‘Minha Obra Prima’ é um filme obrigatório, pois nele vemos os primórdios do que mais tarde tomaria corpo no embate condominial da série de sucesso, além de trazer o mesmo par de atores. Acima de tudo, o filme de Gastón Duprat faz uso da sátira para criticar não só o sistema econômico daquele país, como também a futilidade com que se confere valor à arte a partir daquilo que se mede como sucesso, sendo esta uma medida subjetiva.

É justamente aí onde reside a genialidade do roteiro de Gastón Duprat e Andrés Duprat. Ao construir personagens ideologicamente opostos, mas ligados por um passado onde a amizade entre eles fora forte, o embate entre ideologia e moral ganha espaço em uma comédia de ficção lançada em 2018 que permanece atual tanto em sua crítica social quanto na permanência de seu tema. Mas nada disso faria sentido não fosse a afinidade da dupla de atores principais, Guillermo Francella e Luis Brandoni, que conseguem, juntos, dosar as emoções do longa conduzindo o espectador através da comicidade, envergando para o drama, mergulhando no suspense para, enfim, voltar ao humor. Experientes, ambos os atores entregam exatamente a porção ideal de revelação de seus personagens, deixando uma camada obscura para o espectador para que a gente nunca tenha a certeza da confiabilidade deles.

Minha Obra Prima’ é uma deliciosa comédia ácida recheada de crítica que se passa na Buenos Aires contemporânea e com cenas gravadas em Niterói, o que demonstra que é uma história que poderia pertencer a qualquer um dos países do hemisfério sul. Com muita inteligência, conduz o espectador ao riso com crítica, instigando-nos a julgar os personagens a partir de nossos próprios valores morais. Uma comédia genial para rir com inteligência escondida na Netflix.

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