quarta-feira , 20 novembro , 2024

Diretor de ‘A Cidade dos Piratas’, Otto Guerra fala da dificuldade de adaptar a obra da Laerte [EXCLUSIVO]

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Em cartaz nos cinemas com o longa de animaçãoA Cidade dos Piratas’, baseado nas tirinhas da cartunista Laerte Coutinho, o diretor Otto Guerra conversou com exclusividade com o CinePOP sobre como ele conseguiu perlaborar os personagens ultrapassados dos anos 80 e fazê-los dialogar com a contemporaneidade.



Diante da dificuldade de fazer esses personagens atravessarem quase quarenta anos no tempo, o diretor comenta que “houve uma grande evolução nesse período, dos anos 80 pra cá. Muita coisa melhorou, muita coisa piorou. Mas o trabalho da Laerte também. Por exemplo, o trabalho mais recente dela tem essa coisa existencialista, ela deu um upgrade, digamos, no universo dos quadrinhos. Ela passou a fazer um trabalho mais complexo né, bem mais complexo. Às vezes até bem hermético também, mais fechado. Mas eu adoro os quadrinhos da Laerte da época dos Piratas, Chiclete com Banana, Piratas do Tietê. O Glauco era um dos amigos, um dos geniais. Eu acho que o trabalho da Laerte evoluiu muito, e eu acabei preferindo colocar os Piratas junto com essa nova Laerte que surgiu. E foi bem difícil, com o processo do filme em andamento, a gente conseguir trazer esse universo novo depois de escrever o roteiro durante muitos anos. E ainda por cima sobre os Piratas né. Misturar o universo antigo com os Piratas. Eu gostei muito do resultado.”

Mas nem tudo foram flores durante a elaboração do projeto, e, com tantas mudanças na sociedade, vieram as dificuldades. Mesmo assim, Otto reflete: “É, a Laerte é uma visionária. Tem várias coisas ali. Não só essa coisa do “politicamente correto”. Mas o que mais me impressionou nessa história toda da Laerte, e nesse filme, foi o ódio. O político armazenar esse excesso de ódio… isso em 2007. Como é que a gente podia imaginar que o ódio ia ser uma coisa tão grande no Brasil, assim como está, o ódio uns pelos outros, as famílias. Então, é uma coisa incrível a Laerte. Parece que ela tem um radar ligado, assim, no que ia acontecer né.”

Em entrevista aqui no CinePop, Laerte comentou que não tinha planos de participar diretamente do filme, a princípio, mas acabou aparecendo. Sobre essa mudança, Otto comenta que “ela é muito generosa. E profissional também. Ela não queria, dizia que era uma pessoa desinteressante… Só não é interessante quem é interessante né, pelo amor de Deus. Então, ela colaborou de forma espontânea, muito solícita, generosa. Ela confiou na gente. E mesmo não querendo aparecer, ela gravou as cenas bem, não tava de má vontade. E acabou colaborando mesmo. Na real, eu tava até com medo de ela acabar não gostando. Ela viu o filme depois, me beijou lá. Ela viu a primeira vez lá na Mostra de cinema, no ano passado. E aí eu fiquei muito aliviado que ela gostou. E, nossa! Tirei uma tonelada das minhas costas. Os personagens são como filhos né, então…”

Depois de finalmente estrear com a adaptação ‘A Cidade dos Piratas’ nos cinemas e enfrentar tantas e inúmeras dificuldades, Otto Guerra promete que não vai parar tão cedo e, em breve, os fãs de quadrinhos poderão conferir mais novidades tanto no cinema quanto na tv aberta. O diretor conta, com exclusividade ao CinePop, que “está fazendo uma série, também, pro canal Brasil, chamada ‘Rock e Hudson e os Cowboys Gays’, do Adão. Estamos terminando a série agora. São 13 episódios. Nós vamos entregar agora, era para ser esse mês, atrasou um mês, acho que só estreia no ano que vem, eu acho. Não sei. Mas já tá pronto. Falta só terminar o último episódio e vamos entregar esse mês de novembro agora a série. E estamos produzindo o ‘Filho da Puta’, que é um longa que a gente já aprovou antes dessa entrada da Ancine aí de censura prévia né. O ‘Filho da Puta’ é a história de um menino que é um filho em um bordel lá no interior do sertão, que quer conhecer o pai. É uma história muito legal, muito… É o roteiro de uma baiana que mora em Madri chamada Carla Guimarães. É o clássico jornada do herói. Um roteiro muito bom. E vamos partir para o mundo infantil, finalmente. A Otto [Desenhos Animados, produtora dele] queria que eu fizesse filmes para crianças. Estamos fazendo um longa chamado ‘Joe e o Capitão da Guarda’, que é uma princesa que quer ser o capitão da guarda né. Também tem esse mote aí da questão de gênero né, mas infantil, uma história para criança. Estou pensando. Minha vida tem tantas coisas acontecendo… Agora mesmo eu fechei com a produção de um piloto de uma série, estamos fazendo também quatro, cinco núcleos criativos, que é uma… Que são um longa mais quatro séries, para desenvolver os roteiros né.”

Pelo o que podemos ver, ainda teremos muita adaptação de quadrinhos e de animação brasileira pelos próximos meses, então, fiquem ligados aqui no CinePop para mais novidades!

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Diante da dificuldade de fazer esses personagens atravessarem quase quarenta anos no tempo, o diretor comenta que “houve uma grande evolução nesse período, dos anos 80 pra cá. Muita coisa melhorou, muita coisa piorou. Mas o trabalho da Laerte também. Por exemplo, o trabalho mais recente dela tem essa coisa existencialista, ela deu um upgrade, digamos, no universo dos quadrinhos. Ela passou a fazer um trabalho mais complexo né, bem mais complexo. Às vezes até bem hermético também, mais fechado. Mas eu adoro os quadrinhos da Laerte da época dos Piratas, Chiclete com Banana, Piratas do Tietê. O Glauco era um dos amigos, um dos geniais. Eu acho que o trabalho da Laerte evoluiu muito, e eu acabei preferindo colocar os Piratas junto com essa nova Laerte que surgiu. E foi bem difícil, com o processo do filme em andamento, a gente conseguir trazer esse universo novo depois de escrever o roteiro durante muitos anos. E ainda por cima sobre os Piratas né. Misturar o universo antigo com os Piratas. Eu gostei muito do resultado.”

Mas nem tudo foram flores durante a elaboração do projeto, e, com tantas mudanças na sociedade, vieram as dificuldades. Mesmo assim, Otto reflete: “É, a Laerte é uma visionária. Tem várias coisas ali. Não só essa coisa do “politicamente correto”. Mas o que mais me impressionou nessa história toda da Laerte, e nesse filme, foi o ódio. O político armazenar esse excesso de ódio… isso em 2007. Como é que a gente podia imaginar que o ódio ia ser uma coisa tão grande no Brasil, assim como está, o ódio uns pelos outros, as famílias. Então, é uma coisa incrível a Laerte. Parece que ela tem um radar ligado, assim, no que ia acontecer né.”

Em entrevista aqui no CinePop, Laerte comentou que não tinha planos de participar diretamente do filme, a princípio, mas acabou aparecendo. Sobre essa mudança, Otto comenta que “ela é muito generosa. E profissional também. Ela não queria, dizia que era uma pessoa desinteressante… Só não é interessante quem é interessante né, pelo amor de Deus. Então, ela colaborou de forma espontânea, muito solícita, generosa. Ela confiou na gente. E mesmo não querendo aparecer, ela gravou as cenas bem, não tava de má vontade. E acabou colaborando mesmo. Na real, eu tava até com medo de ela acabar não gostando. Ela viu o filme depois, me beijou lá. Ela viu a primeira vez lá na Mostra de cinema, no ano passado. E aí eu fiquei muito aliviado que ela gostou. E, nossa! Tirei uma tonelada das minhas costas. Os personagens são como filhos né, então…”

Depois de finalmente estrear com a adaptação ‘A Cidade dos Piratas’ nos cinemas e enfrentar tantas e inúmeras dificuldades, Otto Guerra promete que não vai parar tão cedo e, em breve, os fãs de quadrinhos poderão conferir mais novidades tanto no cinema quanto na tv aberta. O diretor conta, com exclusividade ao CinePop, que “está fazendo uma série, também, pro canal Brasil, chamada ‘Rock e Hudson e os Cowboys Gays’, do Adão. Estamos terminando a série agora. São 13 episódios. Nós vamos entregar agora, era para ser esse mês, atrasou um mês, acho que só estreia no ano que vem, eu acho. Não sei. Mas já tá pronto. Falta só terminar o último episódio e vamos entregar esse mês de novembro agora a série. E estamos produzindo o ‘Filho da Puta’, que é um longa que a gente já aprovou antes dessa entrada da Ancine aí de censura prévia né. O ‘Filho da Puta’ é a história de um menino que é um filho em um bordel lá no interior do sertão, que quer conhecer o pai. É uma história muito legal, muito… É o roteiro de uma baiana que mora em Madri chamada Carla Guimarães. É o clássico jornada do herói. Um roteiro muito bom. E vamos partir para o mundo infantil, finalmente. A Otto [Desenhos Animados, produtora dele] queria que eu fizesse filmes para crianças. Estamos fazendo um longa chamado ‘Joe e o Capitão da Guarda’, que é uma princesa que quer ser o capitão da guarda né. Também tem esse mote aí da questão de gênero né, mas infantil, uma história para criança. Estou pensando. Minha vida tem tantas coisas acontecendo… Agora mesmo eu fechei com a produção de um piloto de uma série, estamos fazendo também quatro, cinco núcleos criativos, que é uma… Que são um longa mais quatro séries, para desenvolver os roteiros né.”

Pelo o que podemos ver, ainda teremos muita adaptação de quadrinhos e de animação brasileira pelos próximos meses, então, fiquem ligados aqui no CinePop para mais novidades!

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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